Pular para o conteúdo principal

Declare Independence

Foto: Reprodução

"Toda vez que essa música começa, eu começo a rir. Acredito que muitas pessoas não aceitam ela assim, o que é até certo. Pareço ter um senso de humor 'distorcido' que só eu e meus três amigos podemos entender. Eu queria que essa letra também fosse como um conselho para, por exemplo, um amigo que está saindo com alguém terrível: "Declare independência! Não deixe que façam isso com você" [risos]. Não é sobre política partidária. E por outro lado é possível levar esse conceito para algo completamente diferente. Nós sempre ouvimos nos jornais da Islândia, que fomos uma colônia dinamarquesa por cerca de 600 anos, e conseguimos a independência há apenas meio século. E ainda há duas outras colônias deles, que estão tentando se libertar sem sucesso. É meio como um hino que escrevi para a Groenlândia e as Ilhas Faroe".

Volta foi acima de tudo um disco com grande foco em incentivar o combate à injustiças. Na China, Björk interpretou a canção pedindo a independência do Tibete, o que desagradou muito as autoridades locais, que baniram a cantora de se apresentar por lá, o que não mudou até hoje: "No final da turnê, eu não aguentava mais tocar Declare Independence todas as noites! Queria encontrar soluções. Talvez eu pensasse que o 'bom' fosse vencer no final, se apenas persistíssemos, mas o clima não está tão bom agora. É a hora de irmos para uma montanha segurando uma bandeira e uma trombeta insistindo e exigindo justiça. Tudo isso é sobre opressores, homens e mulheres e países. Não está tão longe de R.E.S.P.E.C.T. da Aretha". 

O videoclipe: "A ideia dos trajes militares foi do (diretor) Michel Gondry. Na verdade, a intenção não era nem que fosse algo militar, mas apenas tentar fazer com que todos estivessem iguais com uma roupa neutra. Fiquei bastante intrigada sobre usar os looks coloridos do show no vídeo, que são muito alegres. Para Michel, por causa da coisa toda das cordas no cenário, os figurinos não poderiam gritar por atenção. Então pensamos que isso poderia ajudar a misturar todos como imagem de fundo [camuflagem]. Era importante para mim que não houvesse uma hierarquia [com o uso das cordas dentro da narrativa]. Eu nunca me vejo em uma posição de controladora, ou como alguém com autoridade, mesmo que no palco. Eu queria que os outros artistas me dessem tanta energia quanto eu pudesse dar a eles. Acho que estávamos mais animados com as bandeiras que usávamos em nossos braços. Uma é da Groenlândia e a outra das Ilhas Faroe. No meu país, se você for a um bar e perguntar sobre isso, verá que as pessoas ficam de repente muito agressivas, já que apoiam a independência desses territórios".

Fontes: XFM, Telérama, Filter, HARP, Under The Radar Magazine, Pitchfork.

Postagens mais visitadas deste blog

Nos 20 anos de Vespertine, conheça as histórias de todas as canções do álbum lendário de Björk

Vespertine está completando 20 anos ! Para celebrar essa ocasião tão especial, preparamos uma super matéria . Confira detalhes de todas as canções e vídeos de um dos álbuns mais impressionantes da carreira de Björk ! Coloque o disco para tocar em sua plataforma digital favorita, e embarque conosco nessa viagem.  Foto: Inez & Vinoodh.  Premissa:  "Muitas pessoas têm medo de serem abandonadas, têm medo da solidão, entram em depressão, parecem se sentir fortes apenas quando estão inseridas em grupos, mas comigo não funciona assim. A felicidade pode estar em todas as situações, a solidão pode me fazer feliz. Esse álbum é uma maneira de mostrar isso. "Hibernação" foi uma palavra que me ajudou muito durante a criação. Relacionei isso com aquela sensação de algo interno e o som dos cristais no inverno. Eu queria que o álbum soasse dessa maneira. Depois de ficar obcecada com a realidade e a escuridão da vida, de repente parei para pensar que inventar uma espécie de p...

Debut, o primeiro álbum da carreira solo de Björk, completa 30 anos

Há 30 anos , era lançado "Debut", o primeiro álbum da carreira solo de Björk : "Esse disco tem memórias e melodias da minha infância e adolescência. No minuto em que decidi seguir sozinha, tive problemas com a autoindulgência disso. Era a história da garota que deixou a Islândia, que queria lançar sua própria música para o resto do mundo. Comecei a escrever como uma estrutura livre na natureza, por conta própria, na introversão". Foi assim que a islandesa refletiu sobre "Debut" em 2022, durante entrevista ao podcast Sonic Symbolism: "Eu só poderia fazer isso com algum tipo de senso de humor, transformando-o em algo como uma história de mitologia. O álbum tem melodias e coisas que eu escrevi durante anos, então trouxe muitas memórias desse período. Eu funcionava muito pelo impulso e instinto". Foto: Jean-Baptiste Mondino. Para Björk, as palavras que descrevem "Debut" são: Tímido, iniciante, o mensageiro, humildade, prata, mohair (ou ango...

25 anos de Post - Conheça curiosidades sobre o álbum icônico de Björk

13 de junho de 1995: Há exatos 25 anos , era lançado Post , um dos trabalhos mais marcantes da carreira de Björk. Em comemoração a essa data especial, preparamos uma super matéria honrando a importância desse disco repleto de clássicos.  Para começar, conheça a história do álbum no documentário  dividido em dois episódios  na Websérie Björk . Os vídeos incluem imagens de bastidores, shows e diversas entrevistas detalhando a produção de Post e os acontecimentos daquela era. Tudo legendado em português !     Além disso, separamos vários depoimentos sobre as inspirações por trás das canções e videoclipes do álbum:  1. Army of Me: "Algumas das minhas melodias são muito difíceis para que outras pessoas possam cantar, mesmo que não envolvam técnicas específicas. Essa talvez é a única das minhas músicas que escapa desse 'padrão'. Me lembro de que, quando a escrevi, tentei ter um certo distanciamento. Me...

Saiba tudo sobre as visitas de Björk ao Brasil

Relembre todas as passagens de Björk por terras brasileiras! Preparamos uma matéria detalhada e cheia de curiosidades: Foto: Reprodução (1987) Antes de vir nos visitar em turnê, a cantora foi capa de algumas revistas brasileiras sobre música, incluindo a extinta  Bizz,  edição de Dezembro de 1989 . A divulgação do trabalho dela por aqui, começou antes mesmo do grande sucesso e reconhecimento em carreira solo, ainda com o  Sugarcubes . 1996 - Post Tour: Arquivo: João Paulo Corrêa SETLIST:  Army of Me One Day The Modern Things Venus as a Boy You've Been Flirting Again Isobel Possibly Maybe I Go Humble Big Time Sensuality Hyperballad Human Behaviour The Anchor Song I Miss You Crying Violently Happy It's Oh So Quiet.  Em outubro de 1996, Björk finalmente desembarcou no Brasil , com shows marcados em São Paulo (12/10/96) e no Rio de Janeiro (13/10/96) , como parte do Free Jazz Festival . Fotos: ...

Björk e a paixão pelo canto de Elis Regina: "Ela cobre todo um espectro de emoções"

"É difícil explicar. Existem várias outras cantoras, como Ella Fitzgerald , Billie Holiday , Edith Piaf , mas há alguma coisa em Elis Regina com a qual eu me identifico. Então escrevi uma canção, Isobel , sobre ela. Na verdade, é mais uma fantasia, porque sei pouco a respeito dela".  Quando perguntada se já viu algum vídeo com imagens de Elis, Björk respondeu:  "Somente um. É um concerto gravado no Brasil, em um circo, com uma grande orquestra. Apesar de não conhecê-la, trabalhei com ( Eumir ) Deodato e ele me contou várias histórias sobre ela. Acho que tem algo a ver com a energia com a qual ela canta. Ela também tem uma claridade no tom da voz, que é cheia de espírito.  O que eu gosto em Elis é que ela cobre todo um espectro de emoções. Em um momento, ela está muito feliz, parece estar no céu. Em outro, pode estar muito triste e se transforma em uma suicida".  A entrevista foi publicada na Folha de São Paulo , em setembro de 1996. Na ocasião, Björk divulgava o ...