
13 de junho de 1995: Há exatos 25 anos, era lançado Post,
um dos trabalhos mais marcantes da carreira de Björk. Em comemoração a essa data especial, preparamos uma super matéria honrando a importância desse disco repleto de clássicos.
Para começar, conheça a história do álbum no documentário dividido em dois episódios na Websérie Björk. Os vídeos incluem imagens de bastidores, shows e diversas entrevistas detalhando a produção de Post e os acontecimentos daquela era. Tudo legendado em português!
Além disso, separamos vários depoimentos sobre as inspirações por trás das canções e videoclipes do álbum:
1. Army of Me: "Algumas das minhas melodias são muito difíceis para
que outras pessoas possam cantar, mesmo que não envolvam técnicas
específicas. Essa talvez é a única das minhas músicas que escapa desse
'padrão'. Me lembro de que, quando a escrevi, tentei ter um certo
distanciamento. Meu irmão mais novo estava passando por um período de
loucura naquela época, então compus tudo isso para ele, como uma irmã mais
velha dando conselho para seu irmãozinho. A letra é sobre pessoas que sentem
pena de si mesmas o tempo todo e não se resolvem, ao ponto de quem lida com
elas já ter feito tudo o que se podia fazer, e a única alternativa é deixar
que se virem por si mesmos. Eu já tinha escrito duas faixas com
Graham Massey antes de fazer o Debut, essa e
The Modern Things. Daí bem depois conheci Nellee Hooper e
acabamos fazendo um álbum inteiro juntos, então decidi mantê-las guardadas
para um próximo trabalho. Fiz alguns dos barulhos do refrão de
Army of Me com uma moeda pendurada em uma corda, que o Graham
sampleou para mim. Eu acho que Debut foi um álbum tão educado e
tímido. Fiquei muito lisonjeada quando percebi que todos o amavam, mas
também um pouco confusa, porque aquilo não era realmente 100% eu no momento.
Talvez Army Of Me fosse uma tentativa de equilibrar isso. No clipe,
pensei que deveria estar dirigindo um caminhão muito grande pela cidade para
tentar acordar essa pessoa que parecia estar dormindo. E eu estando tão
louca de raiva dela que teria que ter dentes metálicos. Quando
Michel Gondry em sua genialidade sugere que o dentista deveria ser um
gorila encontrando um diamante na minha boca, algumas pessoas classificaram
isso como um absurdo. Mas é provavelmente a maneira mais realista de
expressar em que situação eu estava, com todas essas pessoas tentando tirar
coisas de mim, como quando ele encontra e rouba algo que eu não sabia que
tinha. Em Army of Me, aprendi que tenho que me defender, me levantar
e lutar contra a porra do gorila. Uma vez que faço isso ao correr com o
diamante, ele se torna maior porque é meu" (Entrevistas ao Les
Inrockuptibles, Stereogum, Interview Magazine e Pulse).
Em bate-papo com a imprensa, Michel Gondry explicou a sequência do museu no
videoclipe: Antes de Björk bombardeá-lo, há muitas obras de arte nas
paredes. É como se cada peça refletisse a aparente banalidade daquele lugar.
Após a explosão, tudo ali é dilacerado: "Nós dois sempre temos longas
discussões. Muitas das minhas ideias vem dos meus sonhos. Há muitas bem
loucas e inúteis nesse vídeo, como quando ela abre o capô do caminhão.
Podemos ver uma boca enorme e um cowboy saindo dela. Era a minha
maneira de dizer que o motor estava fedendo no nível do fôlego de um
cowboy. Eu bebi demais no dia anterior, e essa ideia me fez rir
muito".
2. Hyperballad: "Eu acho que essa música é sobre quando alguém se apaixona e entra em um
relacionamento, e tudo está indo muito bem. A pessoa fica realmente feliz
e talvez até tenha desistido de partes de si porque a relação acaba se
tornando mais importante do que ela mesma como indivíduo. É um equilíbrio
difícil. Acredito que em uma situação como essa precisamos saber como não
esquecer de nós mesmos. Daí nos apaixonamos por uma pessoa, e achamos que
pode ser a última vez, que talvez nunca mais iremos nos sentir assim de
novo, por isso se torna algo ainda mais precioso. Então começamos a
esconder todas as nossas partes ruins em um saco atrás das costas. Eu
sinto que as palavras podem ter um misticismo ou um significado oculto. Em
Hyperballad, a ideia de que eu estou jogando peças de carros e
todas aquelas coisas de cima de um penhasco sou eu saindo das minhas
frustrações. Também foi inspirada por algo que vi muitos dos meus amigos
passarem. Eu realmente gosto de ler revistas sobre ciência, e quando as
pessoas se apaixonam, é como se consumissem um tipo de droga ao se
tornarem dependentes fisicamente umas das outras. A natureza cuida para
que essa droga dure por anos, como se só quando elas estão juntas
alcançassem o estado natural. É como se a ciência garantisse que em, por
exemplo, três anos, se pudesse resolver se elas querem ou não ficar juntas
pelo resto da vida, um tempo de experimentação. E então um dia, acordam e
pensam: "Wow, o que estou fazendo aqui?" e são forçadas a resolverem
imediatamente se amam verdadeiramente ou não a pessoa, ou se tudo foi
apenas um truque. Lendo um artigo sobre isso finalmente consegui entender.
A gente acha que nunca vimos antes pessoas tão apaixonadas, e daí do nada
elas se separam. Então, neste ponto, eu realmente posso dizer: é a
ciência". Basicamente, Hyperballad é sobre esse tempo que passou,
quando é preciso fazer um esforço e a natureza não está mais ajudando. E
então, em uma manhã, bem cedo, a pessoa sai por aí pensando em fazer algo
horrível e destrutivo. Obviamente, a letra é algo imaginado e não chegou a acontecer. Talvez,
exista um lado nosso que realmente não possa caber em um relacionamento"
(Entrevistas ao director-file, Q Magazine, Record Collector e
ShowBizz).
O vídeo dirigido por Michel Gondry foi filmado usando um sistema de controle
de movimento, com efeitos reproduzidos "ao vivo" no rosto da cantora. Seria
o cadáver de Björk no chão depois dela se jogar do penhasco, e a imagem que
aparece é a alma dela cantando? Ela é uma parte da paisagem? Como essas
imagens foram transferidas pela lente da câmera? Será que ela irá abrir os
olhos? Bom, cada um desses questionamentos parecem ter sido criados
especialmente para deixar a interpretação livre. No vídeo, a islandesa
aparece como uma espécie de personagem de videogame, atravessando uma
paisagem obscura e bidimensional. Aliás, ela cantou ao vivo durante a
gravação do clipe. Este novo 'take vocal' foi até incluído em um dos
CD's-Single de
Hyperballad e na edição 5.1 do boxset Surrounded.
A obra se destaca por sua 'simplicidade' e sincronia com as batidas da
canção. Por insistência de Gondry, nenhuma grande edição foi feita depois
que tudo estava pronto; exceto na correção de cores. Uma bela curiosidade é
que foi ouvindo Travessia de Milton Nascimento e encantada com
a orquestração do álbum do brasileiro, que Björk decidiu procurar
Eumir Deodato para trabalhar em Post: "Eu estava no Japão e
ela me ligou de um estúdio nas Bahamas", disse o produtor e arranjador
musical. Eles se encontraram alguns dias depois em Londres e os resultados
podem ser ouvidos nas faixas Hyperballad, Isobel e
You've Been Flirting Again. Eles ainda trabalharam juntos em algumas
canções de Homogenic.
3. The Modern Things: "Existe sempre o medo das ferramentas
tecnológicas assumirem tudo. Mas, a gente tem que pensar se vamos nos deixar
destruir ou se vamos ser criativos a partir disso. É uma escolha.
Definitivamente, não estou dizendo que toda vez será um sucesso, mas é
preciso tentar" (Entrevista para a Fast Company, fevereiro de 2015). Essa
canção nasceu por volta de 1992. Segundo a cantora, a letra teria apareceu
em uma viagem de trem de Londres a Manchester.
4. It's Oh So Quiet: "É um cover de Betty Hutton. Foi a última
faixa registrada para o álbum, pois eu queria ter certeza que o disco
estaria o mais sincronizado possível. Na verdade, era também uma espécie de
piada interna. O Guy Sigsworth comprou um CD com essa música em uma
das paradas do ônibus da nossa turnê. Acabou se tornando o hino que deixava
todos da equipe animados antes dos shows, e o resto é história. É uma canção
que descreve muito bem a sensação de estar apaixonada. Quase me arrependi
por fazê-la, porque queria mesmo era focar em algo inédito, seguir em
frente. Foi meio que contra os meus princípios, pois sou tão "anti-retro".
Então, é irônico que tenha se tornado minha música de maior sucesso. A
melhor parte mesmo foi o videoclipe. Tão maravilhoso! Eu, meus amigos,
Spike Jonze e a galera dele, no verão de Los Angeles. Toda a
atmosfera do lugar era divertida. Ainda não sei como escrever esse tipo de
música, e quero muito aprender. Compor algo com esse desejo pela vida. Essa
faixa tem essa dor e alegria feroz, uma narrativa com começo, meio e fim.
Várias músicas pop, especialmente aquelas em inglês, são apenas 900 maneiras
diferentes de dizer a mesma coisa. O que amo em It's Oh So Quiet é
que é uma ideia muito simples, mas isso não significa que tenha de ser
executada de forma fraca. É aí que consigo me identificar, pois penso que
pertenço a esse grupo de histórias" (Entrevistas ao AOL, Sky, Record
Collector, Raw, i-D Magazine, Stereogum).
Björk não canta It's Oh So Quiet em turnê desde o último show de
Post, em 1997, mas chegou a inclui-la novamente em apresentações
especiais; em 1998, 1999 e 2008. Em maio de 2018, em bate-papo com o site
DeMorgen, ela falou de sua relação com antigos sucessos da carreira: "Nos
palcos, eu me sinto mais em casa do que nunca! Houve momentos em que eu
odiava voltar a tocar os mesmos hits, me sentia como um jukebox, mas
agora estou em paz com todas as minhas músicas. Elas pertencem a mim, mas
nem sempre tenho que carregá-las comigo. Ocasionalmente, escolho alguma que
se adapte ao meu humor". Sobre o videoclipe, ela disse para a UHF Magazine,
em 1995: "Eu admiro artistas multitalentosos como Janet Jackson, mas
não entendo como ela tem tempo para fazer tudo aquilo. É o antigo "estilo
americano", que é definitivamente uma cultura da qual não vim. É possível
perceber isso na MTV com vários outros artistas pop dos EUA. Eles
dançam do início ao fim em seus clipes, eu já fico ocupada apenas cantando.
Claro que não é algo que seja certo ou errado, apenas trata-se de coisas
diferentes que fazem indivíduos diferentes pessoas felizes. Para filmar o
meu clipe de It's Oh So Quiet, tive que aprender a sapatear. Fiquei
realmente encantada, tipo: "'Wow! Que desafio!!!'". O desempenho da
islandesa nesse videoclipe chamou a atenção de um diretor dinamarquês que a
convidou para ser protagonista de seu próximo filme,
Dançando no Escuro.
5. Enjoy: No Natal de 1994, Tricky passou alguns dias em
Reykjavik com Björk. Esta curta estadia na Islândia foi o suficiente
para a dupla compor duas músicas que fariam parte de Post. Em
entrevista ao The Guardian e Stereogum, a cantora foi perguntada sobre o
que/quem inspirou a temática de uma delas, chamada Enjoy, e
respondeu: "Hmmm, havia muita paquera acontecendo. Acho que foi o humor do
álbum, sobre ser gananciosa, estar ansiosa para consumir e imergir em um
novo lugar. Uma canção promíscua musicalmente e aliada à ideia de
cidades".
6. You've Been Flirting Again: "O título dessa música meio que me
irrita, pois é difícil identificá-lo. A natureza do flerte, é uma coisa
ambígua e "escorregadia". A letra é uma tentativa de descrever isso"
(Entrevista ao Stereogum, março de 2008).
7. Isobel: "Existe uma continuidade épica entre
Human Behaviour, Isobel e Bachelorette. Não tenho
certeza se isso foi uma espécie de piada ou algo sério - provavelmente um
pouco dos dois. Basicamente, se trata de uma personagem que eu inventei
chamada Isobel, que nasceu de uma faísca em uma floresta sul-americana, não
de mãe e pai. Em Human Behaviour, ela é uma garotinha. Em
Isobel, ela se muda para a cidade grande e age a partir de sua
intuição, percebendo que não é boa para aquele ambiente. Então decide enviar
muitas mariposas, que entram pelas janelas das casas das pessoas, como se
fossem mensageiras da intuição, para guiar todos que não conseguem ter essa
compreensão, para que não continuem a tomar decisões com o cérebro, e essa
criatura sendo a porta-voz da intuição não os permite usar palavras. Em
Bachelorette ela assume o controle e árvores crescem por toda a
cidade, mas então ela percebe que seria melhor estar onde tudo começou: na
floresta, sozinha. Tenho um lado meu muito dramático, outro muito romântico
e outro bastante hardcore. Eu achei que essas músicas deveriam ser como um
romance épico do século 19". Segundo Björk, Isobel nasceu em uma floresta.
Depois que todas as pedras daquele lugar se transformaram em arranha-céus, e
ela já sendo uma mulher adulta, se apaixonou pelas pessoas erradas, algumas
espertas demais, e sentiu muita dor: “Daí ela escapou e se *ISOLOU* de tudo.
É por isso que ela se chama ISObel e não Isabel", explicou em diversas
entrevistas. Os respectivos videoclipes dessas canções, todos dirigidos por
Michel Gondry, representam essas histórias. No de Isobel, a
personagem tece um mundo único, mas também primitivo, que em seguida se
torna como uma teia emaranhada. As formigas que aparecem são como pessoas
andando pela cidade. A água é a principal característica deste mundo dela.
As diferentes realidades de Isobel se confundem, chamando cada uma para um
conflito em questão.
"Parte dessa música é autobiográfica e outra parte uma narrativa. Na maioria
dos meus álbuns, sempre houve uma música baseada em mitos, em literatura. E
eu geralmente peço ao meu amigo poeta Sjón para me ajudar com a letra
porque quero torná-las algo épico. Para mim, Oceania e
Wanderlust também fazem parte dessa continuidade". Fã da música
brasileira, Björk já afirmou em entrevistas que escreveu
Isobel enquanto ouvia Elis Regina, a quem mais tarde dedicou a
canção: "É difícil explicar. Existem várias outras cantoras que gosto, mas
há alguma coisa em Elis com a qual eu me identifico. Então escrevi uma
canção, Isobel, sobre ela. Na verdade, é mais uma fantasia, porque
sei pouco a respeito dela". Quando perguntada se já viu algum vídeo com
imagens de Elis, ela respondeu: "Somente um.
É um concerto gravado no Brasil, em um circo, com uma grande orquestra. Acho que tem algo com a energia com a qual ela cantava. O que eu gosto em
Elis é que ela cobre todo um espectro de emoções. Em um momento, ela está
muito feliz, parece estar no céu. Em outro, pode estar muito triste e se
transforma em uma suicida".
O vídeo de Isobel (também dirigido por Michel Gondry) foi
filmado durante dois dias numa floresta no norte do País de Gales, em maio
de 1995. De acordo com François Nemetä, que trabalhou na produção,
Björk não poderia ter sido mais amável durante a criação desta obra
cinematográfica: "Estava chovendo. O local ficou lamacento e escorregadio.
Björk é uma pessoa tão legal! Como via que todo mundo estava trabalhando
duro para seu vídeo, ficava conosco mesmo quando não era preciso, apenas
tocando várias músicas para gente. As acomodações para ela foram planejadas
para que ela ficasse em um hotel antigo muito bonito, mas ela trouxe sua
barraca de acampamento, colocou no jardim do hotel e preferiu dormir lá!
Quando o vídeo ficou pronto, nós fizemos uma exibição para toda a equipe em
um cinema em Londres.
Isso significa que uma cópia em 35 mm foi desenvolvida, diferente do
que fazem com 99,9% dos videoclipes" (Fontes: Rolling Stone Magazine,
Stereogum, Record Collector, Paper Magazine, Folha de São Paulo, Les
Inrockuptibles e Director-File).
8. Possibly Maybe: "Essa foi a primeira música infeliz que escrevi e
foi muito difícil para mim. Normalmente componho o tempo todo, mas foi como
se nada tivesse acontecendo durante meses. Então finalmente saiu! Nesta
faixa, também posso realmente fazer passeios de 'montanha-russa' vocalmente.
É como se cada vez que eu a canto ao vivo, pudesse usar minha voz como
instrumento. Nos primeiros anos da minha carreira solo, eu não conseguia
gravar uma música triste. Eu estava com vergonha de escrever uma canção que
não dá esperança. Fui criada em um ambiente hardcore, mas feliz, algo
tipicamente islandês: se sentir bem, ver tudo do lado positivo. O povo
islandês é tão otimista que chega a ser agressivo. Então, para mim, escrever
músicas que não são felizes é um pouco abominável, algo para se sentir
vergonha. Por isso, precisei de muita coragem para experimentar algo
mal-humorado. Eu sempre vinha mantendo minha roupa suja para mim mesma. Eu
queria que cada verso fosse como um mês. Há talvez 30 segundos para cada um.
Tudo para mostrar como nos sentimos diferentes a cada mês quando estamos em
um relacionamento. Por isso decidi manter todos os refrões iguais, mas com
uma melodia diferente a cada verso" (Entrevistas ao Raygun, Record
Collector, Oor e Life Through A Lens). O videoclipe de
Possibly Maybe (dirigido por Stéphane Sednaoui) lança
reflexões sobre a própria identidade da cantora: "Coisas muito pessoais são
mostradas nesse vídeo, e elas são realmente minhas, objetos que estão na
minha casa". Em maio de 2017, Marius De Vries disse para a UNCUT
Magazine: "Ela se comunica de uma forma maravilhosa, mas o inglês ainda é
sua segunda língua. Por causa de sua dicção, algumas palavras se tornam
únicas. Em certa ocasião, questionei a forma como ela cantou parte de uma
frase em Possibly Maybe, dizendo: "Não. Nós não falamos assim", e ela
me respondeu: "Bom, eu falo". Ela não quer ser confinada pelas regras da
língua. Existe uma inteligência feroz escondida atrás de sua poesia".
9. I Miss You: "Eu disse ao produtor Howie B que queria uma
música física, energética, latina e moderna, dei liberdade para que ele
fizesse o que tivesse vontade. Essa letra não é sobre uma pessoa em
particular, mas sim alguém que eu ainda não conheci. É sobre ansiar por algo
que ainda não aconteceu (Entrevista ao Record Collector). Segundo o diretor
do videoclipe, John Kricfalusi (conhecido por ser o criador do
desenho Ren & Stimpy), em bate-papo no TORn Tuesday; quando Björk
viu os storyboards, disse que ele havia a desenhado de uma forma
muito fofa. Estava tão feliz que repetia: "É como o dia de Natal!".
10. Cover Me: "Eu e Nellee Hooper fomos para as Bahamas gravar o
Post, e ele me preparou uma surpresa. Em uma manhã foi me buscar de
carro, e me levou para uma caverna imensa que tinha lá na região! Me
entregou um microfone e fones de ouvido, ambos os equipamentos com fios bem
longos. Entrei na caverna, que estava totalmente escura, o instrumental
começou a tocar e eu cantei a letra dessa música, sentada no topo do lugar.
Fiquei lá de cima, com um penhasco abaixo de mim. Tínhamos combinado que se
algo desse errado, eu teria que puxar o fio do microfone, e aí ele entraria
para me buscar. No dia seguinte, quando fomos mixar a faixa no estúdio,
escutando o material que registramos percebi um lindo barulho. Eram milhares
de morcegos que passaram ao meu redor!" (Entrevista ao Channel V,
1995).
11. Headphones: "Fiz essa a música como um agradecimento a um amigo
que sempre me enviava fitas com suas canções favoritas. Eu vejo isso como um
dos presentes mais bonitos e valiosos que alguém pode dar, pois diz muito
sobre a personalidade da pessoa e sobre o que ela quer dizer. Costumava
ouvi-las à noite, depois de finalizar todo o meu trabalho, de um banho e de
me deitar sozinha na minha cama com os meus fones de ouvido, para adormecer
lentamente, escutando-as. Isso é sobre o que se trata essa faixa. Existem
poucos sons para amplificar o efeito do repouso, da solidão e dos sonhos"
(Entrevista ao OOR, 1995).
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“Para a concepção da foto do disco, Björk me mostrou algumas referências dos
anos 50, incluindo uma foto de uma menina que olhava através de uma "cortina
de madeira". Originalmente, durante nossas primeiras conversas, eu sugeri
que Björk estivesse cercada por seus pertences pessoais na capa de
Post, coisas que estivessem na casa dela, mas Paul White, o
diretor de arte, propôs que construíssemos um castelo feito de cartões
postais, um mural gigante com imagens que representassem os diferentes temas
do álbum. Ela gostou da ideia! Minha preocupação era que a estrutura deles
fosse muito rígida, por isso os penduramos (em frente a um fundo rosa) e
deixamos que se movessem com o vento. Eu queria capturar a energia de fazer
as fotos na rua. Registramos tudo em uma localizada no centro comercial em
Londres. Achei que seria melhor do que em um estúdio chato e fechado, traria
uma experiência ainda mais real. Eu gosto muito de tudo do leste asiático,
do mangá, das roupas tradicionais... O que eu tinha em mente era criar uma
sensação de profundidade, representando uma espécie de feira em uma rua
estreita e mágica de Hong Kong, cheia de cores e texturas. Foi por isso que
também preferi fotografar do lado de fora, usar esse guarda-chuva de papel
chinês atrás dela e que sua maquiagem a deixasse com bochechas rosadas.
Naquela época, a Björk tinha um lindo vestido rosa, ao estilo chinês, que
você pode ver no videoclipe de Possibly Maybe. Eu propus que usasse
um quimono na capa, mas ela preferiu a jaqueta. Fiquei decepcionado e, por
mais que tivesse gostado da ideia, pensei que seria difícil fotografar
aquela textura tão branca, mas me acostumei e agora olhando para trás, vejo
como o quimono poderia ter sido demais, já que a foto tem bastante
informação" - Stéphane Sednaoui (fotógrafo), em depoimento em seu perfil no
Instagram, março de 2015.
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Os bastidores da sessão de fotos de Post, 1º de abril de 1995 |
"Entrei para a empresa Me Company apenas alguns meses antes do
lançamento de Post. As fotos da capa foram feitas em 1º de abril de
1995, por Stéphene Sednaoui, em uma rua de Londres. Uma sessão anterior, do
Jean Baptiste-Mondino, que custou 25.000 libras, foi
descartada porque Björk queria algo mais "colorido". Para essa capa,
Craig Hewitt e Paul White produziram grandes "cartões
postais". A roupa que ela usou foi desenhada Hussain Chalayan, e
feita de "papel de carta". Me lembro daquele ano como um borrão todo em
laranja e rosa. Projetamos artes para LP, CD,
Fita Cassete, Singles, além de muitos materiais promocionais,
com anúncios espalhados na imprensa ao redor do mundo. Embora o trabalho
tenha sido desenvolvido digitalmente, naquela época a direção artística era
ainda um processo mecânico e lento" - Ryan Jones (Graphic Designer),
em depoimento ao Covet The Cover, junho de 2020. Segundo Paul White,
os grandes cartões postais usados na capa de Post foram inspirados
pelos designers Charles & Ray Eames, criadores do
Giant House of Cards, de 1953.
Conheça:
-
Post Live
(o álbum ao vivo da turnê).
-
Live at Shepherd's Bush Empire
(DVD do show).
-
Telegram
(compilação de remixes das canções).
- Em 1996, Björk veio ao Brasil pela primeira vez para se
apresentar com a Post Tour, em São Paulo e no
Rio de Janeiro. Clique
AQUI
e saiba todos os detalhes da visita da islandesa ao nosso país.