"Questionada em entrevista, Björk descreveu o próprio canto como algo que surgiu naturalmente, uma forma de expressão aprendida na infância e preservada desde então, tão automática quanto a fala.
E ela cantou com um destemor que muitos leram como infantil, um pouco crua e séria demais para o mundo dos adultos. O som se tornou sinônimo de personalidade.
Seus primeiros anos na imaginação do público a tornaram rara e muito procurada, mas ela estava interessada em mais do que singularidade. Ela queria se conectar! Ao queimar sua própria face de ídolo, Björk traçou seu caminho por meio de um trabalho ambicioso e mutável, cheio de experimentos e colaborações.
Ao longo dos discos, mudou sua aparência tanto quanto seu som, distorcendo sua imagem inconfundível. Uma força que nunca fica parada. Em seu trabalho do Século XXI, fluiu de si mesma até que sua forma original desaparecesse. Com "Fossora", Björk continua escavando as questões que a intrigam desde os primeiros anos da carreira.
Um desvendar lindamente incorporado por sua mais recente obsessão, os fungos, que podem nos nutrir, nos matar e nos carregar por passagens anteriormente inexploradas em nossas próprias mentes. Um cadáver em decomposição alimenta legiões de fungos, que o digerem de volta ao solo rico em nutrientes. Essa transformação macabra talvez seja o ponto de união mais íntimo entre o mamífero e o fungo, e "Fossora" não deixa de surpreender com isso.
O que a música de Björk faz de melhor é entrar no ponto da "fuga do eu" e sair do outro lado, onde todos nós estamos. A infância dela se torna a nossa infância. A dor dela se torna a nossa dor. A voz dela derrete até não pertencer a ninguém, e então pertence a todos, aberta e sem forma".
- Sasha Geffen para NPR, novembro de 2022.