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Making of do clipe (Foto: Reprodução) |
"Esta foi a última música que escrevi para Homogenic, eu a gravei em metade de um dia. Na mitologia islandesa, existe uma história onde os deuses ficam agressivos e o mundo explode e tudo morre, e então o sol aparece e tudo começa de novo. O sentimento e a emoção dela é como derreter tudo, e amar depois de um longo tempo sem saber o que é isso. Sua essência, é na verdade sobre acreditar no amor.
All is Full of Love é a última faixa e vem logo após Pluto, que
representa a morte. É como se os pássaros saíssem para voar após uma grande
tempestade, algo como: "A primavera está aqui!" De certa forma, na minha
cabeça, All Is Full Of Love é a primeira música de Vespertine.
Eu acho que acordar na Espanha por 6 meses (durante as gravações do disco) e
com poucas pessoas ao meu redor era muito solitário. Essa música é também
sobre quando se é muito teimoso ao dar uma direção particular ao amor. O amor
não é apenas sobre duas pessoas. Está em toda parte ao nosso redor. Mesmo que
você não o receba, não significa que ele não exista".
Produzida por Björk, a versão original da música foi substituída no último minuto pela versão de
Howie B no álbum. O videoclipe da canção nos deu finalmente a oportunidade de
ouvi-la quase 2 anos depois: "A versão original foi a usada no videoclipe.
(Depois que ela estava pronta), decidi perguntar a Howie B se ele
poderia fazer uma que capturasse a atmosfera de quando o sol aparece depois de
uma tempestade. Esse videoclipe tem uma história diferente da maioria das
outras coisas que fiz. Eu era uma grande fã do trabalho do diretor
Chris Cunningham. E então quando eu encontrei a música certa fiquei
tipo, "OK, isso é a cara dele. Tem essa melancolia, essa profundidade sensual
e emocional". É como um encontro entre amor e luxúria, o paraíso. É bem
erótico. Mas é como se estivesse no céu, então tudo tinha que ser branco. Eu
dei a ele duas pequenas estátuas que eu havia comprado. Sabe estas estátuas
chinesas de marfim, tão pequenas, que são meio que eróticas? Pois é. Eu
comprei duas e entreguei para ele. Uma ou duas semanas mais tarde, ele me
enviou um tratamento do vídeo, onde ele incluiu todo o trabalho que ele vinha
desenvolvendo com robótica industrial, me dizendo: "Eu acho que essas duas
coisas devem se conhecer". É quase como uma versão moderna daquelas duas
pequenas estátuas".
O vídeo é como se estivéssemos assistindo aos últimos estágios do nascimento
de uma inteligência artificial. Inicialmente, foi planejado que durante o
final dele, os robôs se desdobrariam como uma flor enquanto se acasalavam,
revelando uma forma de vida abstrata feita a partir de duas formas
artificiais. No entanto, a equipe não conseguiu concretizar esse pensamento.
Os robôs foram projetados por Cunningham e construídos em tamanho real por
Paul Catling. O diretor estava insatisfeito com parte do resultado das
gravações e fez muitas mudanças na pós-produção. Na filmagem havia dois braços
robóticos principais. Dois outros foram acrescentados na edição com imagens
geradas por computador. A equipe de produção tentou combinar o rosto de Björk
com o corpo do robô o máximo possível. Apenas os olhos e a boca da cantora
foram usados, com o resto do robô sendo uma animação em 3D. Björk deu
liberdade criativa para Cunningham, e se recusou a ver o produto até que ele
terminasse:
"Quando nos deparamos com alguém tão especial quanto Chris, acabamos nos
tornando humildes. Ele pensou que tudo levaria apenas três meses, mas não
ficou pronto. Acabou levando nove meses com centenas de estagiários
trabalhando de graça, porque não tínhamos orçamento. Eu não sou realmente uma
artista No.1, você sabe. Eu ficava tipo: "eu confio em você". E ele me
entregou tudo em outro nível! Chris só precisa estar em sua bolha para criar".
"Quando ouvi pela primeira vez a faixa, escrevi as palavras: "leite",
"porcelana branca" e "cirurgia"", lembra Chris Cunningham. "Björk é uma das
poucas artistas que pode mudar sua imagem sem que se torne algo chato. Muito
pelo contrário, ela sabe como tirar proveito disso. Eu tinha essa ideia em
mente quando nos conhecemos, para mim era uma oportunidade que eu não poderia
perder. Ela me enviou desenhos do Kama Sutra (como um guia para o que
ela queria), e eu sabia que ela também queria trabalhar em inteligência
artificial. E eu também era fascinado por robôs já fazia muito tempo. É uma
combinação de vários fetiches: robótica industrial, anatomia feminina e luz
fluorescente, nessa ordem. Foi perfeito, eu comecei a brincar com as duas
coisas que eu gostava quando adolescente: robôs e pornografia. Esse clipe foi
uma oportunidade de conceber algo sexy e sugestivo, sem que precisasse ser
censurado, colocando robôs como os personagens, e permitindo que a própria
Björk participasse. No final, vemos um robô que parece estar cantando
suavemente para si mesmo. A música é muito calma e as imagens tentam se
adaptar a ela".
Fontes: Live Box, site oficial, webchat, Record Collector, TIME, The
Work of Director Chris Cunningham, Director-File, Dazed & Confused.