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Foto: Divulgação |
"O material de Vulnicura é muito triste, e traz espaços curtos entre as notas das canções, meio que de forma paralisada. A primeira faixa que escrevi para esse disco é a de abertura, o oposto daquela situação. A melodia é como uma constelação no céu. É quase uma rebelião otimista contra modulações com narrativa "normais". Não há apenas uma. Tem umas cinco e eu realmente amei isso. Adicionei um arranjo de harpa, escrevi um texto e enviei essa música de presente para a Arca. Ela mal podia acreditar, pois sentiu que bati de algum jeito em seu inconsciente! Criei a partir de um trecho de uma mixtape no SoundCloud dela, um trabalho feito uns três anos antes. Vi aquilo como o seu material mais feliz. Nem comentei com ela, apenas reeditei e mandei. Desta vez, estávamos fazendo juntas, de igual para igual, o oposto do álbum anterior. E esse foi o ponto de partida para todo o resto do projeto".
Criticadas por alguns fãs da islandesa, as duas acabaram se manifestando sobre
a recepção da parceria, inclusive eternizada em vídeo: "Recebi tantos
comentários de gente me dizendo que eu deveria ficar longe da Björk, que
arruinei seu clipe... Quando clico em seus perfis, só encontro rostos que
parecem lindos, linguagem corporal fofa e olhos gentis em suas selfies!
Para vocês, envio muitos beijos de volta", disse Arca nas redes
sociais. Indignada com os comentários negativos da participação de sua amiga
na faixa, a islandesa respondeu: "Me sinto tão grata por Arca ter concordado
em aparecer nesse videoclipe. Insisti nisso porque a parte dela na música é
maior do que o habitual nas minhas outras canções. Pelos mesmos motivos, foi
uma coisa que também fiz com Mark Bell, em Declare Independence.
Algo que hoje, fico bem emocionada por ter feito. Estou surpresa que alguns
dos meus fãs tenham dificuldade em aceitar isso. Fico imaginando o motivo e
peço que tenham uma mente mais aberta às complexidades das uniões musicais,
entre gerações diferentes com diferentes orientações sexuais. A música
venceu".
O registro audiovisual de Arisen My Senses foi feito no dia do
aniversário de Björk, em 2017: "Há alguns anos, uma criatura gigante não
identificada apareceu na Indonésia, com esse monte de pele branca, gordura e
carne em uma poça de sangue em uma praia ensolarada. Isso realmente me
emocionou, provocando total admiração. Foi a combinação de algo tão
catastrófico sendo tão bonito ao mesmo tempo, o mistério e a fantasia, a
conexão com o contexto ecológico mais grandioso", explicou o diretor
Jesse Kanda. "Quando Jesse e eu conversamos pela primeira vez sobre o vídeo, eu disse a
ele que meu instinto dizia que teria que ser como se fossem flores florescendo
em cada batida da música, e com a ajuda de James [Merry], nós
discutimos muito sobre orquídeas. Provavelmente, estive realmente nessa
vibe de ser como uma espécie de planta, um mutante metade humano. O
híbrido' otimista após o apocalipse, de um jeito destruído, mas muito feliz. O
diretor levou tudo a outro nível, com essa figura de uma mariposa se
transformando em borboleta. Quando a vida parece esmagadora, me volto para a
música em tudo o que faço. Todas as manhãs, tento colocar para tocar a canção
certa. Quando consigo, sinto que isso eleva o meu dia. Mas para ser bem
honesta, é como viver constantemente em um trapézio", completou Björk.
Fontes: Télérama, Pitchfork, Fact, Radio Beats 1, Reykjavík Grapevine,
i-D, WeTransfer, posts dos artistas nas redes sociais.