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Foto: Divulgação |
"Algumas das minhas melodias são muito difíceis para que outras pessoas possam cantar, mesmo que não envolvam técnicas específicas. Essa talvez é a única das minhas músicas que escapa desse 'padrão'.
Me lembro de que, quando a escrevi, tentei ter um certo distanciamento. Meu
irmão mais novo estava passando por um período de loucura naquela época, então
compus tudo isso para ele, como uma irmã mais velha dando conselho para seu
irmãozinho. A letra é sobre pessoas que sentem pena de si mesmas o tempo todo
e não se resolvem, ao ponto de quem lida com elas já ter feito tudo o que se
podia fazer, e a única alternativa é deixar que se virem por si mesmos.
Eu já tinha escrito duas faixas com Graham Massey antes de
fazer o Debut, essa e The Modern Things. Daí bem
depois conheci Nellee Hooper e acabamos fazendo um álbum
inteiro juntos, então decidi mantê-las guardadas para um próximo trabalho. Fiz
alguns dos barulhos do refrão de Army of Me com uma moeda
pendurada em uma corda, que o Graham sampleou para mim.
Eu acho que Debut foi um álbum tão educado e tímido. Fiquei
muito lisonjeada quando percebi que todos o amavam, mas também um pouco
confusa, porque aquilo não era realmente 100% eu no momento. Talvez Army Of Me fosse uma tentativa de equilibrar isso.
No clipe, pensei que deveria estar dirigindo um caminhão muito grande pela
cidade para tentar acordar essa pessoa que parecia estar dormindo. E eu
estando tão louca de raiva dela que teria que ter dentes metálicos.
Quando Michel Gondry em sua genialidade sugere que o dentista
deveria ser um gorila encontrando um diamante na minha boca, algumas pessoas
classificaram isso como um absurdo. Mas é provavelmente a maneira mais
realista de expressar em que situação eu estava, com todas essas pessoas
tentando tirar coisas de mim, como quando ele encontra e rouba algo que eu não
sabia que tinha. Em Army of Me, aprendi que tenho que me defender,
me levantar e lutar contra a porra do gorila. Uma vez que faço isso ao correr
com o diamante, ele se torna maior porque é meu" (Entrevistas ao Les
Inrockuptibles, Stereogum, Interview Magazine e Pulse).
Em bate-papo com a imprensa, Michel Gondry explicou a sequência do museu no
videoclipe: Antes de Björk bombardeá-lo, há muitas obras de arte nas paredes.
É como se cada peça refletisse a aparente banalidade daquele lugar. Após a
explosão, tudo ali é dilacerado: "Nós dois sempre temos longas discussões.
Muitas das minhas ideias vem dos meus sonhos. Há muitas bem loucas e inúteis
nesse vídeo, como quando ela abre o capô do caminhão. Podemos ver uma boca
enorme e um cowboy saindo dela. Era a minha maneira de dizer
que o motor estava fedendo no nível do fôlego de um cowboy. Eu
bebi demais no dia anterior, e essa ideia me fez rir muito".