Bachelorette serviu como o desfecho de uma trilogia envolvendo
Isobel, relatando agora sua descoberta no mundo civilizado. Seu contato
com a cidade acaba não dando muito certo, até que ela decide voltar para a
natureza para seguir o seu instinto: "Eu queria que a letra dessa música fosse
algo épico, então pedi ajuda ao meu amigo Sjón. Ficamos sentados juntos
na mesa da cozinha bebendo vinho. Eu lhe contei toda a história [que estava na
minha cabeça] durante longas horas e ele me ajudou a compor".
O retorno da jovem do videoclipe: "Um dia, quando eu estava
andando pela floresta, encontrei um grande livro enterrado no chão. "Bom, é um
diário automático", eu pensei. Acho que isso significa que cabe a mim criar a
história enquanto continuo vivendo". No fundo, isso me entristeceu. Quem iria
querer passar de uma página para outra lendo sobre alguém como eu? Minha vida
era tão simples que nunca que isso seria interessante. Logo depois percebi que
o livro não estava apenas contando o que eu faria, mas que estava me dizendo o
que eu deveria fazer. Era hora de sair de casa e começar a explorar o mundo.
Estranhamente, a cidade não me assustou. Os edifícios me lembravam os altos
pinheiros da floresta, a luz nas janelas brilhava como a neve nos galhos, os
carros corriam pelas ruas como pequenos animais se preparando para o inverno.
Os dias passaram e as páginas continuaram a serem preenchidas com palavras. Eu
segui tudo o que o livro dizia como uma receita para a vida. Tinha prometido a
mim mesma que essa era a condição e que, se eu não respeitasse a regra, minha
linda aventura desapareceria como um sonho. Era uma regra fácil de obedecer. O
livro estava me levando a lugares além da minha imaginação.
Eu fiz o que ele pediu de mim, mas uma coisa começou a me perturbar. As
páginas em branco estavam se tornando assustadoramente cada vez em menor
quantidade. Eu não podia deixar de me perguntar como minha história
terminaria. Eu temia pelo pior e comecei a pensar nisso dia e noite. Eu
desapareceria? Ou morreria? Eu estava pensando seriamente em romper meu
relacionamento com o livro, mas ele soletrou para mim, palavra por palavra.
Acabava de fazer o que todos os bons livros fazem: criar suspense em suas
últimas páginas. Ele me disse para levar minha história para uma editoria de
livros. Uma vez que estive no humilde escritório deles, lhes entreguei o meu
livro. O editor me ofereceu um assento em uma cadeira confortável em sua mesa
e eu o vi ler minha história. Eu podia ver como as palavras o moviam, como ele
respondia aos eventos como se ele mesmo estivesse passando por tudo aquilo".
Os dois se apaixonam e o livro se torna incrivelmente popular e é transformado
em um musical. O editor, que está na plateia, fica enojado ao ver tantas
versões de si mesmo e rompe o relacionamento com ela. O mesmo acontece na
história agora representada nos palcos. O livro sofre rejeição de todos a
partir do momento em que a cópia original deixa de ser escrita. E assim, cada
pessoa presente na plateia do teatro é revertida para a forma da natureza, com
toda a cidade se transformando no ambiente que aparece no início do vídeo. O
livro agora em branco, encontra seu lugar de descanso sendo enterrado no chão
mais uma vez. Deixando a floresta, a personagem acreditava que ao ir para a
cidade teria uma vida normal. Mesmo dando o seu melhor, suas expectativas não
são atendidas: Isobel decidiu voltar para a cidade e pegou um
trem, como nos anos 30, em algum lugar na América do Sul. Ela decide
confrontar todos os covardes que não têm coragem de se apaixonar pelo o que é
o amor. No final ela percebe que estaria melhor onde tudo começou: no bosque,
sozinha". [como em Human Behaviour].
Fontes: Record Collector, Paper Magazine, Les Inrockuptibles, Telegraph
03, site oficial.