"Sim, erupção! Nós na Islândia estamos tão animados. Ainda conseguimos! É uma sensação de alívio quando a natureza se expressa. Aproveitem.
Estou tão impressionada!!! Não consigo nem acreditar que é PRECISAMENTE onde gravamos o vídeo de Black Lake, uma canção de catarse e cura. Fica a 30 minutos da minha casa.
O diretor Andrew Thomas Huang até acrescentou uma erupção (na edição), e aqui está a real!!! Parece tão estranhamente profético me assistir ali na ponta dos pés, descalça, usando meu "vestido de lava" da Iris van Herpen, ferida e vulnerável em busca de redenção.
Isso que está acontecendo, só mostra que tudo se cura com o tempo. As feridas são cobertas, pode até haver cicatrizes, mas sempre há uma capacidade enorme na natureza de criar novas montanhas, de seguir em frente.
O lugar no qual filmamos, Geldingardalur, está desaparecendo lentamente, está sendo coberto por lava. Em breve, talvez ganhe um novo nome: Fagrahraun, que significa: "Bela Lava", o que realmente é!
Nós, islandeses, somos pais orgulhosos de novas montanhas e colinas de lava".
- Calorosamente, Björk.
O fenômeno, que aconteceu nesta sexta-feira (19/03), já era esperado, devido a uma série de novas atividades sísmicas na região. Mais de 40 mil tremores aconteceram por lá apenas nas quatro últimas semanas.
É muito mais do que a média de até 3 mil terremotos por ano na Islândia, que está entre as placas tectônicas da Eurásia e da América do Norte, que se movem em direções opostas.
Esse vulcão está localizado no meio da península de Reykjanes, que liga a capital Reykjavík ao Aeroporto Internacional de Keflavik. A área também fica perto do famoso resort de fontes termais da Lagoa Azul. Segundo o Escritório Meteorológico da Islândia, não há risco imediato para os moradores da capital e de outros vilarejos nas proximidades da erupção. Porém, as autoridades pedem que as pessoas não se aproximem do vulcão, em hipótese alguma. A alerta de voos do país foi alterada para vermelho.
O sistema vulcânico Krysuvik estava inativo nos últimos 900 anos, de acordo com a instituição meteorológica local. Já a última erupção na península de Reykjanes, foi por volta de 800 a 1240 anos atrás.
Fonte: G1; The Guardian.
Foto: Icelandic Meteorological Office (IMO).
A relação de Björk com a natureza:
"Canto melhor quando estou no topo de uma montanha. É lá que costumo ter as minhas melhores ideias para canções. Geralmente, tento imitar essa experiência quando estou de volta ao meu estúdio. Eu gostaria de tentar um recurso de gravação que pudesse levar comigo nas minhas caminhadas. Cantar na natureza é bom para o corpo. A ideia de fazer isso ao ar livre me lembra o som da música. Quando estou em uma cabine [de gravação], sinto que prendo a respiração.
Isso também pode ter alguma relação com a minha infância. Caminhar 40 minutos para a escola todos dias, em qualquer tipo de clima, era normal para mim. Fazia isso para passar o tempo, para me tranquilizar. Acredito que estimula o processo do pensamento. Tento começar cada dia assim, e geralmente depois sinto um alívio extremo! De repente, todos os problemas não importam mais.
A natureza na Islândia é hardcore, não há nada romântico sobre ela. Nós não temos muitos animais. Também não temos muitas árvores. É brutal! Esse vazio é particularmente inspirador. Existe uma grande tradição animista na Islândia, a crença de que cada objeto tem alma. Assim, os penhascos e as rochas, todos eles têm histórias. O vazio na Islândia alimenta a criatividade. É como uma tela em branco para a imaginação.
Acho essa ideia de natureza como algo do passado, e a tecnologia sendo o futuro um completo absurdo. Teremos que focar ainda mais na conexão entre as duas. Com o que temos disponível, podemos facilmente limpar os oceanos".
- Entrevista ao Music-News, 2017.
Curiosidade: O clipe de Violently Happy, dirigido por Jean-Baptiste Mondino, foi filmado em janeiro de 1994. A artista voou até Los Angeles para as gravações. A viagem aconteceu durante o terremoto de Northridge, que causou a morte de 57 pessoas, e que deixou 8.700 feridos.
A tragédia fez com que as filmagens fossem adiadas para o dia seguinte. Nettie Walker, co-empresária da cantora na época, relembrou a ocasião em entrevista: "Ela estava lá no meio do terremoto, mas achou aquilo uma experiência brilhante e não assustadora como todos nós, que estávamos tentando ver se ela estava bem. Simplesmente já tinha ido para o lugar da gravação, pronta para começar! É sempre muito comprometida quando se dispõe a fazer algo".
O diretor confirmou a história: "Björk me disse que estava tão feliz por ter presenciado um terremoto, ainda mais porque o filho dela não estava lá, o que a fez se sentir livre para enfrentar sem medo. Para mim, ela é como um iceberg, que só vemos uma pequena parte".
Fontes: I-D Magazine 96, site oficial, select magazine 94.