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Body Memory

Foto: Santiago Felipe

Segundo Björk, essa canção surgiu quando ela estava sozinha em sua cabana na Islândia, num momento em que se enrolou em um monte de casacos, deitou no chão e ouviu um audiolivro chamado The Tibetan Book of the Dead: "Essa obra é sobre pessoas que são especialistas em morrer, que têm prática física para dar uma ajuda com isso. É como fazer exercícios de ioga, respiração... Literalmente uma aula de morte. Fiquei tão impressionada com isso.

Já essa música foi realmente estranha para mim. Não sabia o que fazer. No começo, tinha 20 minutos de duração, e acabei gravando um coro de 60 'peças' [o Hamrahlid Choir]. Todos vieram para a minha cabana. Eles estão entre os melhores de todos os tempos. Cantei neste coral quando eu tinha 16 anos. Os escutei durante toda a minha vida, para finalmente escrever algo para trabalharmos juntos porque, para mim, era algo realmente assustador e corajoso. Ficamos sentados dentro de uma igreja quando gravamos, foi realmente satisfatório. Parecia que eu havia entrado em um novo lugar. Você pode ouvi-los na versão final juntamente dos sons dos pássaros islandeses, e outros elementos como o vento.

Convidamos também Þorgerður Ingólfsdóttir, essa incrível mulher islandesa que tem 70 anos é que é uma lenda no meu país! Essa canção deve ser vista do ponto de vista de alguém que já está 'morando' em sua utopia. E essa música seria o seu hino nacional. Meu subconsciente dizia que se eu escrevi uma tão triste como Black Lake, eu deveria compor outra servindo de 'irmã otimista' para ela. (...) Um terço disso é quase como uma coisa meio "católica": se você não for bom durante a sua vida, então quando morrer irá para um lugar horrível e queimar por vários anos. O outro lado, que é o meu favorito, é mais em relação à um destino dado a alguém que foi legal durante sua jornada, e que será rodeado por coisas positivas. Então Body Memory termina comigo refletindo: "o que eu estarei pensando na hora da morte?".

Björk escreveu seis versos, para si mesma, sobre destino, amor, sexo, maternidade, meio urbano, e outro sobre natureza rural, que a instruem a não pensar demais sobre as coisas: "É a minha versão de autoajuda, sugerindo que o que precisamos está em nós mesmos. Nós temos as respostas. É como um manifesto pessoal. Estou namorando a vida, tipo: "Oh, essas são minhas novas mãos e tenho novas pernas...". Parece uma nova aventura. Não é mais necessário analisar, nem permitir que nossas neuroses assumam o poder nos fazendo mergulhar em um abismo de ansiedade, mas sim confiar no instinto do corpo para nos reconectar com tudo o que nos une à vida. Se não podemos mais amar, enfrentar o futuro, nosso corpo ainda se lembra como resolver. Apenas precisamos confiar e permitir que ele faça algo".

Fontes: MixMag, Rockdelux, Pitchfork, The Guardian, musikexpress, Télérama. 

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