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Hyperballad

Foto: Reprodução

"Eu acho que essa música é sobre quando alguém se apaixona e entra em um relacionamento, e tudo está indo muito bem. A pessoa fica realmente feliz e talvez até tenha desistido de partes de si porque a relação acaba se tornando mais importante do que ela mesma como indivíduo. É um equilíbrio difícil. Acredito que em uma situação como essa precisamos saber como não esquecer de nós mesmos. Daí nos apaixonamos por uma pessoa, e achamos que pode ser a última vez, que talvez nunca mais iremos nos sentir assim de novo, por isso se torna algo ainda mais precioso. Então começamos a esconder todas as nossas partes ruins em um saco atrás das costas. 

Eu sinto que as palavras podem ter um misticismo ou um significado oculto. Em Hyperballad, a ideia de que eu estou jogando peças de carros e todas aquelas coisas de cima de um penhasco sou eu saindo das minhas frustrações. Também foi inspirada por algo que vi muitos dos meus amigos passarem. Eu realmente gosto de ler revistas sobre ciência, e quando as pessoas se apaixonam, é como se consumissem um tipo de droga ao se tornarem dependentes fisicamente umas das outras. A natureza cuida para que essa droga dure por anos, como se só quando elas estão juntas alcançassem o estado natural. É como se a ciência garantisse que em, por exemplo, três anos, se pudesse resolver se elas querem ou não ficar juntas pelo resto da vida, um tempo de experimentação. E então um dia, acordam e pensam: "Wow, o que estou fazendo aqui?" e são forçadas a resolverem imediatamente se amam verdadeiramente ou não a pessoa, ou se tudo foi apenas um truque. 

Lendo um artigo sobre isso finalmente consegui entender. A gente acha que nunca vimos antes pessoas tão apaixonadas, e daí do nada elas se separam. Então, neste ponto, eu realmente posso dizer: é a ciência". Basicamente, Hyperballad é sobre esse tempo que passou, quando é preciso fazer um esforço e a natureza não está mais ajudando. E então, em uma manhã, bem cedo, a pessoa sai por aí pensando em fazer algo horrível e destrutivo. Obviamente, a letra é algo imaginado e não chegou a acontecer. Talvez, exista um lado nosso que realmente não possa caber em um relacionamento" (Entrevistas ao director-file, Q Magazine, Record Collector e ShowBizz). 

O vídeo dirigido por Michel Gondry foi filmado usando um sistema de controle de movimento, com efeitos reproduzidos "ao vivo" no rosto da cantora. Seria o cadáver de Björk no chão depois dela se jogar do penhasco, e a imagem que aparece é a alma dela cantando? Ela é uma parte da paisagem? Como essas imagens foram transferidas pela lente da câmera? Será que ela irá abrir os olhos? Bom, cada um desses questionamentos parecem ter sido criados especialmente para deixar a interpretação livre. No vídeo, a islandesa aparece como uma espécie de personagem de videogame, atravessando uma     paisagem obscura e bidimensional. Aliás, ela cantou ao vivo durante a gravação do clipe. Este novo 'take vocal' foi até incluído em um dos CD's-Single de Hyperballad e na edição 5.1 do boxset Surrounded. A obra se destaca por sua 'simplicidade' e sincronia com as batidas da canção. Por insistência de Gondry, nenhuma grande edição foi feita depois que tudo estava pronto; exceto na correção de cores. 

Uma bela curiosidade é que foi ouvindo Travessia de Milton Nascimento e encantada com a orquestração do álbum do brasileiro, que Björk decidiu procurar Eumir Deodato para trabalhar em Post: "Eu estava no Japão e ela me ligou de um estúdio nas Bahamas", disse o produtor e arranjador musical. Eles se encontraram alguns dias depois em Londres e os resultados podem ser ouvidos nas faixas HyperballadIsobel e You've Been Flirting Again. Eles ainda trabalharam juntos em algumas canções de Homogenic

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