Depois de compartilhar uma prévia de um novo vídeo para Notget, Björk continuou a divulgação de sua exposição, que essa semana chegou a Los Angeles, e comentou sobre o feminismo envolvendo o seu nome em entrevista ao NOISEY!
Na coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira, nossa islandesa, que participou representada por um avatar, declarou: "De todas as
coisas que já fiz, a exposição digital foi a mais espontânea. A questão das limitações é a parte que me deixa mais animada. Tudo ainda está em construção, é possível improvisar, é como o futuro, você
não sabe o que vai acontecer, é como cavar um buraco com uma colher de chá".
Ela comentou que seu próximo show (30/05) contará "apenas" com ela e uma orquestra de 32 músicos, sem elementos eletrônicos e visuais, e ela retornará em julho para o FYF Festival com Arca e uma orquestra de 15 músicos. Segundo Björk, essa outra ocasião será uma celebração ao ar livre, recheada de efeitos especiais e algumas outras surpresas. A Björk Digital pode ser considerada uma experiência destinada a forjar uma
conexão íntima com os fãs da cantora, o que ela diz ter encontrado em seus
últimos DJ-sets: "Eu realmente fui capaz de conhecer mais pessoas que ouvem a minha música".
Sobre seu próximo projeto, um novo álbum, a artista garante que "provavelmente ele não acontece parcialmente na terra". ♥ Enquanto isso, diz estar ouvindo bastante Kelela e o compositor Jürg Frey, e ocupada com as gravações, seus shows acústicos e os mais "festivos", além dos DJ-sets, tentando "manter o medo, ficar vulnerável, mas também animada".
Em recente entrevista ao NOISEY, Björk não poupou detalhes sobre suas preferências musicais na construção de seus discos: "Eu
não sou a maior fã do piano. Acabo tendo instrumentos como órgão, celestes ou cravos em meus álbuns. Algo com maior mistério. Gosto de coisas ornamentadas, adoro bordados, sou apenas uma menina. Meus arranjos são bastante femininos.
Definitivamente, a melhor sensação é quando você escreveu uma canção que você acha que é boa. [Nós, músicos] somos
juízes bem duros, escrevemos um monte de músicas que achamos que estão OK,
mas quando compomos uma realmente boa é um sentimento especial. É como magia. É uma declaração filosófica e proativa: você não gosta da atual situação do mundo? Então que tal isso? Você vem com uma opção positiva ao invés de outra onde tudo vai pelo ralo.
Eu amo ficar perdida na preparação de novos aplicativos, ou sentada com um monte de nerds bebendo café. Trabalho principalmente na minha casa na Islândia. Tenho um pequeno estúdio aqui em Nova York. Você não precisa de muito espaço para fazer música. Ocasionalmente
quando se está gravando cordas, é necessário um estúdio extravagante, e eu não gosto de compor neles porque naquela hora você não fez nada e custou um bilhão de dólares. Também gosto de ter velas agradáveis e minhas
pequenas coisas por lá, fazer uma xícara de chá, contar piadas, cozinhar e comprar algumas bebidas. Definitivamente, a minha coisa menos favorita é o lado do dinheiro. Sou muito abençoada porque tenho alguém com quem trabalho desde os 16
anos. Às vezes ele é meu empresário, meu amigo e às vezes ele é a minha gravadora. Isso é muito especial".
Lidando com as músicas do "Vulnicura" mais de dois anos após seu lançamento e o foco da mídia com o tema do disco: "Estou
muito feliz por ter feito isso de abril a julho de 2015, e
depois ter começado a trabalhar em meu novo álbum. De
certa forma, lançar o livro de partituras e fazer meus shows acústicos, sou eu ouvindo todas as novas feministas me pedindo para fazer todo tipo de material a favor do movimento, e eu
pensei que, a melhor coisa seria dizer ao mundo que, eu realmente faço os meus próprios arranjos. Alguns dos meus parentes pensam que isso vem da magia, do céu ou algo assim. Eu me sentia bem (...), mas quando me apresentei no Royal Albert Hall, eu
estava esperando que todos escrevessem sobre os meus arranjos e... não aconteceu nada. Obviamente, não estou tentando controlar ninguém, mas não houve menção a isso.
Os homens podem fazer um filme de ficção científica ou um álbum sobre a galáxia, e
ninguém fica, "Por que você não está falando sobre sua namorada?". Foi uma escolha minha ser previsível no "Vulnicura": uma mulher sofrendo pelo o ex-namorado. Eu sabia que levaria algum tempo para falar sobre isso, e vai levar muito mais para sair desse assunto também. Uma vez que você joga esse jogo, só te querem nesse papel. Levei dois anos para escrevê-lo, então fiquei: "OK vamos lá. Vai demorar um pouco para desfazer tudo, mas vou mesmo assim".
Estou
muito lisonjeada em ser citada em matérias de revistas e convidada para fazer parte de eventos [feministas], mas não quero passar disso e não acho que seja bom, porque às vezes é melhor fazer algo que vem do seu coração e isso vai mudar mais coisas. Nessa entrevista, todo mundo estava me dizendo que eu tive uma grande influência sobre as meninas mundo afora. Eu
não tinha ideia disso, mas aí vi que todos esses sites começaram a comentar depois que eu falei: "Bom, talvez também tenhamos que nos
culpar, talvez as pessoas não estão nos creditando como engenheiras e/ou
produtoras porque elas nunca nos viram assim, só como um belo vestido". Você nunca vê Missy Elliott ao lado de uma mesa
de mixagem, embora saibamos que ela é uma produtora. Eu não quero
culpá-la por um segundo aqui, eu tenho culpa também... todas nós.
(...) Acho que a maior ajuda que posso oferecer é fazer as coisas. Quando as meninas me perguntam: "Você programou suas batidas?" E eu: "Sim, boa parte delas. Escrevi a linha do baixo em "Venus As A Boy". Então me respondem: "Realmente, foi muito importante para mim saber disso". Eu nunca pensei em mim como uma inspiração feminista, e nos últimos anos ousei fazer isso. Quando olho para trás quando e lembro quando eu tinha a idade delas, só o fato de que Kate Bush produziu seus álbuns me deu esperança. Não era que eu quisesse copiar sua música ou a de Joni Mitchell, era o fato de que elas realmente faziam, e que era possível.
"Por isso fiz o livro e a turnê acústica, para que as pessoas apreciem o meu ofício. Seria ótimo se, da mesma forma que dissessem que alguém do Radiohead, ou que produz arranjos, escrevessem sobre o seu trabalho, e não sua vida amorosa".
"Por isso fiz o livro e a turnê acústica, para que as pessoas apreciem o meu ofício. Seria ótimo se, da mesma forma que dissessem que alguém do Radiohead, ou que produz arranjos, escrevessem sobre o seu trabalho, e não sua vida amorosa".
Mas teria a islandesa se apaixonado de novo? Aos risos ela respondeu: "Sim, com certeza, mas talvez seja algo muito frágil para se falar".
"Quando eu canto agora é realmente mais como uma intérprete, e menos sobre a minha vida. Essas músicas [do Vulnicura] tem pelo menos 5 anos, é muito tempo! É diferente apresentá-las agora. Ainda
é doloroso porque algumas não são nem sobre mim, nem sobre
minha experiência pessoal, mas sobre como o amor é difícil às vezes,
para todos. Qualquer amor, não apenas esse amor entre um casal. Você nunca sabe qual será o seu humor quando for acordar pela manhã para fazer um show. Às vezes, essa música vai te foder e outro dia é só uma
música, aí está a diversão".