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Em novas entrevistas, Björk fala sobre obsessão por Beyoncé, feminismo e o fim do ciclo de "Vulnicura"


Björk não é apenas uma estrela da música pop. Ela é compositora e produtora, bem como fez os arranjos de mais de 90% de suas músicas nos últimos 24 anos. A maioria de seus fãs podem não saber, mas ela não se sente confortável em se gabar do próprio trabalho, no entanto, está pronta para acabar com essa injustiça machista envolvendo seu nome na indústria. Em entrevista ao 'L.A. Times', a cantora declarou:
 

"Se eu fosse um cara, as pessoas estariam falando, e escrevendo apenas sobre a minha música, e não focando em coisas relacionadas a minha vida amorosa e meus filhos. Então, minha contribuição para o feminismo é começar a colocar os holofotes nos meus arranjos".

Seu livro de partituras, que será lançado no mês que vem, levou 8 anos para ser montado. E a 'Björk Digital', que continua a rodar o mundo, "tornou-se algo satisfatório, pois é possível ver a reação emocional das pessoas que vêm experimentar a realidade virtual pela primeira vez", disse James Merry, co-diretor criativo do projeto. 

Sobre inovações no futuro, a artista acrescenta que está sempre aprendendo e conhecendo novas ferramentas para aprimorar seu ofício: "Para ser honesta, quando faço essas coisas tecnológicas, ou mesmo com cordas acústicas e coros, basicamente estou tentando ser funcional, e tentando ser sincera com a vida que levamos agora. Não estou tentando me distanciar. Estamos em nossos telefones - compartilhando arquivos e ideias, fazendo vídeos, fotos e músicas. Eu acho que é importante, em qualquer momento, reavaliar essas criações e ver o que pode ser relevante e ou não para o mundo em que vivemos".

Para o 'L.A. Weekly', Björk elogiou as capacidades emotivas e metafísicas do VR, coros islandeses e falou sobre os laços que a ligam a Beyoncé:

"(...) Nós apenas decidimos tentar os VRs e experimentar, e as pessoas adoraram. Foi um enorme sucesso! Todos ficam de mãos dadas, e chorando". "Family" é um dos que mais me orgulho de ter feito, pude observar como ele afeta cada telespectador de diferentes formas. Esse é um dos pontos fortes da realidade virtual: Ela tem esse poder que um vídeo 2D na MTV não tinha. Parece que é você. Parece que é o seu corpo e que está dentro de você (...)  

Estou trabalhando em um novo álbum, e sinto que agora o ciclo do "Vulnicura" está completo! Nós temos o melhor equipamento possível na exposição. Provavelmente, será uma das últimas vezes em que teremos a sala especial para "Black Lake", que é uma canção tão difícil, a mais difícil que já escrevi. Temos uma outra seção com os videoclipes antigos, em que a qualidade foi reajustada para algo bem superior ao da época. Muitas pessoas os assistem pelo YouTube, onde a imagem e o som são terríveis. 

Sobre o livro de partituras: "Ok, não quero ficar tipo: vamos lamentar que a indústria da música vai para o inferno e que todos nós vamos morrer. Vamos ver o que temos disponível! Este livro é sobre isso. Então eu gostaria de vender online os arquivos para que as pessoas pudessem conectá-las aos seus sintetizadores e fazer karaokê pulando em suas casas. De certa forma, sou eu tentando descobrir todas as diferentes formas e combinações dos atuais tipos de compartilhamento musical.

Aconteceu algo muito divertido, quando estávamos fazendo o 'Biophilia', ficamos em uma casa na praia, e compramos o instrumento 'órgão' com uma tubulação realmente sem teclados, que tinha sido realmente barata, mas podíamos tocar de Destiny's Child até Led Zeppelin e Snoop Dogg, fazendo karaokê. As pessoas realmente gostam, especialmente quando se tem bebidas, para todo mundo cantar junto. Na Islândia, não sei como, mas existem centenas de coros. Eles querem cantar canções de coro islandês antigas, e ficar bêbados em frente a uma fogueira em pleno verão".

É engraçado que você estivesse ouvindo Destiny's Child, porque me parece que emocionalmente e tematicamente, o "Vulnicura" preparou o terreno para o "Lemonade":

"Eu definitivamente notei as semelhanças. Decidi colocar em ordem cronológica no "Vulnicura", pois ainda não tinham feito algo assim em em um álbum pop antes, acredito que, não conscientemente. Gostaria de saber se isso a inspirou. Acho que é importante mulheres creditarem mulheres. Acho o "Lemonade" incrível! Não acredito que por um segundo tenha sido inspirado musicalmente pelo o que eu faço. Ela está obviamente em seu próprio universo. Eu já disse isso antes, estou obcecada por Beyoncé, ela é uma das minhas artistas favoritas. Além disso, são tempos diferentes. Eu realmente notei que o álbum dela saiu ao mesmo tempo em que Donald Trump estava tentando humilhar Hillary Clinton por assuntos de Bill Clinton, o que é obviamente ridículo. Eu acho que é uma coisa da geração. Uns 10 ou 20 anos atrás, teria sido culpa da mulher. Já teve alguma melhoria, e Beyoncé tem sido grande parte disso. Agora, se os caras se foderem, é culpa deles, não das mulheres. Nós não estamos mais engolindo isso. Isso não vai mais acontecer! Eles tem que assumir a culpa e serem responsáveis pelas merdas deles, e nós só vamos ser responsáveis pelas nossas".

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