Em nova entrevista ao La Vanguardia, Björk fala sobre a passagem de sua exposição no Sónar Barcelona e até Donald Trump.
Sua presença no Sónar vai acontecer por meio da sua exposição, um bate-papo e um DJ-set. Em outras cidades do mundo você também fez um show. Qual é o seu objetivo?
Eu estive em turnês desde que eu tinha 16 anos. E, nos últimos três álbuns, decidi procurar outra maneira de trabalhar. Agora tento ficar mais tempo nos locais em que me apresento. Quando fiz a residência do "Biophilia", em 2012, fiquei 1 mês inteiro em Buenos Aires. Fizemos até um workshop educacional para crianças. Eu tento tornar esses projetos como algo criativo, divertido para compartilhar e interagir com as pessoas (...) É como uma viagem.
No caso de Barcelona, o DJ-set vai durar quatro horas!
Eu tenho uma grande coleção de canções. Meu engenheiro de som disse ser uma das maiores do iTunes. Coisas rara do mundo, e também teremos muitas músicas dançantes. Será simplesmente sobre ouvir e se deixar levar.
A realidade virtual está mudando o mundo?
Ela tem que ser apenas um instrumento. A ideia é usar a tecnologia para nos aproximarmos das pessoas. Os VRs são uma continuação do vídeo convencional. Para alguém como eu, que faz esta experiência musical envolvente, é
muito emocionante. A mistura do cenário
teatral com o mundo 360° da realidade virtual. (...) Eu não digo que é melhor ou pior do que outros meios de comunicação. É melhor do que assistir a um filme em uma sala de cinema? Um filme é melhor do que o conteúdo da Netflix? Um show é melhor do que ir ao teatro? Tudo isso é discutível porque são coisas diferentes. Mas
o que eu acredito é que para o que quero fazer,
esses vídeos de realidade virtual me dão a oportunidade de reunir
muito mais coisas do que nunca. É notável que cada vez que ele atinge um novo formato fora
de nossa zona de conforto, acaba colocando nossas emoções e nossa alma em contato com a
tecnologia, podendo ser algo muito privado e íntimo, quase pornográfico.
Existe alguma fórmula mágica em sua música?
Fazer música para mim é como ter uma amizade. Por
exemplo, você tem um amigo muito, muito próximo, com quem você se
entende muito bem, e de repente ele se muda para China ou se casa, e depois de alguns anos sem vê-lo, vocês se encontram e é como se o tempo não tivesse passado, pois tudo ainda está lá. É o instinto, o sentimento. Essa é a minha relação com a música. Se eu não noto imediatamente essa atração instintiva, me aborreço.
Você vive parte do ano nos Estados Unidos. Como você recebeu a notícia de que Donald Trump se tornou presidente?
Os Estados Unidos agora é horrível! O clima mudou. Quando eu soube da vitória dele, chorei por umas duas horas. Tenho notado que este país está afundando como o Titanic, que está em uma fase muito autodestrutiva. Espero que as pessoas de lá entrem em ação, entendam que essa situação é como um tumor e que é preciso removê-lo.