Pular para o conteúdo principal

Björk revela títulos de algumas das canções de seu novo álbum


Em junho, antes de realizar um DJset em Barcelona, e apenas alguns dias após uma aparição surpresa tocando em uma afterparty de Rupaul’s Drag Race, Björk concedeu uma entrevista à Dazed & Confused Magazine: "Nós estávamos tentando fazer daquilo algo casual, para que as pessoas não ficassem olhando como se eu estivesse em um pedestal".

Selim Bulut, o jornalista responsável pela matéria publicada nesta quinta-feira (03/08), ouviu uma versão não finalizada do novo álbum da cantora, que até então a artista só tinha tocado para o seu círculo de amigos, que segundo ela é de três ou quatro pessoas, e o classificou como mais leve que o ar analisando da seguinte forma: Explorando o conceito de utopia, foi um processo de composição que coincidiu com alguns dos maiores tumultos políticos da história recente. Num pano de fundo da crescente xenofobia e da ameaçadora catástrofe climática, o álbum pergunta se o paraíso é possível. O que não significa que será exatamente sobre política, pois Björk ainda hesita em se descrever como uma artista extremamente comprometida com o assunto, mas ela retratou uma visão otimista do futuro apontando para um caminho que coloca o amor no centro de tudo como resistência.


O novo trabalho da islandesa ainda não tem um nome definido, mas já está em pré-venda, e outras informações adicionais foram divulgadas:


Será um "um disco de namoro": "Eu acho que o novo álbum é sobre um amor que é ainda maior (...) Talvez seja por isso que se tornou um tema utópico - você vai sobreviver não só ao meu drama pessoal, mas também ao tipo de situação em que o mundo se encontra atualmente, então é necessário criarmos um novo plano (...) Se não tivermos sonhos, não vamos mudar nunca. Especialmente agora, quando isso se tornou um tipo de emergência".


  

INSTRUMENTOS E DIREÇÃO MUSICAL: 

Todos sabem que Björk é conhecida por inovar ao adotar "ambientes" específicos em cada um de seus álbuns, por isso estamos curiosos sobre como será desta vez. A artista novamente esteve muito envolvida na produção das letras, e segundo informações da nova entrevista, Arca a encorajou a continuar com a direção adotada no instrumental de "Batabid" (canção presente como B-Side no single de "Pagan Poetry") e "Ambergris March (da trilha sonora de Drawing Restraint 9).

"Nossa relação foi algo que cresceu naturalmente. Uma conversa musical que ultrapassou as gerações e o Atlântico. Ele me aconselhou a fazer isso com essas faixas de anos atrás, mas não completamente".
Ao mesmo tempo, Björk o incentivou a cantar em seus próprios álbuns, apresentando até seu próprio treinador vocal. O resultado foi o disco lançado por Arca este ano: "Ela me deu conselhos para tudo, desde performances ao vivo, arranjos, e respiração", contou o produtor.
 

A amizade entre os dois também reuniu um grupo de DJs e produtores do mundo todo, muitos da comunidade LGBT. A cantora relembrou o famoso DJset (2015) realizado na Tri Angle Records: "Aquela noite foi ótima!". Parece ter sido algo catártico e uma experiência de cura, ir a festas para superar o fim de um relacionamento, embora ela rapidamente argumentou: "Quero dizer, obviamente eu fiz isso, mas também sou uma pessoa muito sensível. Tenho sido mãe solteira desde os meus 20 anos (...) Eu acho que quando saí da bolha em que me encontrava, senti que tinha ganhado alguns pontos. De alguma forma, a vida estava tomando conta de mim. Todas essas pessoas de outra geração vieram até mim, como algum tipo de bênção, algo definitivamente inesperado, foi quando me senti parte de algo novamente. Tive muita sorte! Me senti muito lisonjeada ao ouvir me dizerem que os salvei com minha música quando tinham 11 anos de idade. Eles conhecem todas as sementes que foram plantadas".

 
O jornalista ainda disse que o álbum é como "um ritmo esmagador do som de uma britadeira", mas apesar disso, também possui um "sentimento geral com certa leveza, e uma inabalável energia positiva", em contraste com o drama que ouvimos em "Vulnicura".
"É natural para mim, talvez mais subconscientemente do que conscientemente, que, seja lá o que eu criar em um álbum, eu faça o oposto no próximo. (...) O "Homogenic" foi algo bastante grande, cheio de batidas, saí em turnê para um trilhão de shows em todo o mundo, foi o mais rock'n'roll que fiz, e depois fui para casa e aí veio "Vespertine", bastante delicado. Eu acho que o mesmo aconteceu agora. "Vulnicura" era o centro de algo muito pessoal. Eu precisava encontrar um novo manifesto".


A cantora optou por deixar de lado as cordas e focar em arranjos que foram substituídos por instrumentos de sopro, especialmente a flauta. As canções são pontuadas pelo canto de pássaros e outros sons da natureza gravados com Arca, muitos registrados durante uma viagem dos dois ao Caribe. Alguns foram sampleados de um dos discos favoritos de Björk: "Hekura" de Nestor Figueras e David Toop, figuras conhecidas no ramo da música ambiente, que gravaram cerimônias xamânicas na Venezuela.


TÍTULOS DE ALGUMAS DAS NOVAS MÚSICAS:

Os primeiros nomes de algumas das novas canções foram revelados!

"The Gate" - descrita como uma canção de amor: "Eu falo em "amor", mas de uma maneira mais transcendente. É sobre redescobri-lo, mas de uma maneira espiritual, por falta de uma palavra melhor", disse Björk. O videoclipe foi dirigido por Andrew Thomas Huang, com a cantora vestindo uma roupa feita por Alexandro Michele (Gucci) e máscara de James Merry.

Em matéria de amor, Björk diz que as letras do álbum não devem ser interpretadas como 100% autobiográficas. Uma canção chamada "Features Creatures", descreve a sensação de ver alguém com a mesma barba, e o mesmo sotaque de um bom amante. Estaria a islandesa falando de alguém específico? Ela respondeu timidamente: "Sim. Eu até pensei o que dizer sobre isso. Este álbum será como uma ruptura do anterior, e agora todo mundo vai ficar me perguntando: "Você está comprometida?". Acho melhor defini-lo como meu "álbum Tinder". Vamos deixá-lo assim".

Canção ainda sem título - Segundo o jornalista, é sobre descobrir um paraíso pessoal enquanto se constrói outro para o planeta.
 
"Loss" - Produzida por Eric Burton (Rabit): "Esta música que fizemos é puro sentimento. É a minha primeira produção fora do meu trabalho e é importante saber que significa alguma coisa. Ideias e pensamentos têm asas. Nós conversamos sobre isso durante o processo, como a força de vontade é a maior de todas, e a nossa capacidade de escolher. Acho que o mundo precisa se lembrar disso, neste momento. Isso é o que essa canção é para mim, porque é necessário", explicou o próprio.

"Allow" - co-escrita com Arca, ainda não é seguro dizer se realmente fará parte do álbum, mas é uma das canções mais diretas que ela já tocou até agora: "Nós temos viajado bastante de férias, apenas nós dois, nadando no oceano por semanas. Fomos ao Caribe e no 9° dia, essa música nasceu".

"Meus discos favoritos são "Hejira" e "Don Juan’s Reckless Daughter", onde Joni Mitchell trabalhou com Jaco Pastorius, e você pode sentir que eles estavam em sintonia. É a sinergia de quando duas pessoas perdem o próprio ego".

RuPaul's Drag Race

Em entrevistas anteriores, Björk explicou seu amor pelo programa de TV, assisti-lo se tornou um costume entre ela e sua filha. A última temporada terminou uma semana antes desta entrevista, a cantora foi questionada sobre quem queria que vencesse: "Eu ia ficar em apuros se eu dissesse quem eu quero que ganhe", ela ri, cobrindo a boca com a mão. "Eu continuo esquecendo que as pessoas sabem quem eu sou, e que se eu disser algo, a internet ficaria louca, por isso manterei o segredo".

UTOPIA: 

"Eu comprei uma casa na Islândia perto de um lago, há uns três anos. Realmente gosto dessas situações ao ar livre como dançar às três da manhã, se perder lá fora, mas também voltar para a minha cabana no lago no dia seguinte e tocar flauta. Para mim, isso é utopia. No amor, no campo, na natureza, com o lago e o céu. Isso é o suficiente. Você não precisa de qualquer outra coisa".

Postagens mais visitadas deste blog

Björk explica antiga declaração sobre bissexualidade

- Anos atrás, falando em sexualidade fluida, você declarou que escolher entre um homem e uma mulher seria como "escolher entre bolo e sorvete". O que você acha disso hoje? "Acho que foram os anos 90, mas é uma frase tirada de contexto. Era um discurso muito maior. Ainda acredito que somos todos bissexuais em certo grau, cerca de 1%, cerca de 50% ou 100%, mas nunca compararia gênero com comida, isso seria desrespeitoso. Havia muitos repórteres homens na época, que queriam me pintar como uma "elfo excêntrica". Eles colocavam palavras na minha boca que eu não disse. Infelizmente, não havia muitas jornalistas mulheres. A boa notícia é que agora as coisas mudaram muito! É um mundo totalmente diferente, não comparável [ao da época]. Felizmente, muito mais mulheres escrevem artigos e há mais musicistas". - Björk em entrevista para Vanity Fair, março de 2023.

Nos 20 anos de Vespertine, conheça as histórias de todas as canções do álbum lendário de Björk

Vespertine está completando 20 anos ! Para celebrar essa ocasião tão especial, preparamos uma super matéria . Confira detalhes de todas as canções e vídeos de um dos álbuns mais impressionantes da carreira de Björk ! Coloque o disco para tocar em sua plataforma digital favorita, e embarque conosco nessa viagem.  Foto: Inez & Vinoodh.  Premissa:  "Muitas pessoas têm medo de serem abandonadas, têm medo da solidão, entram em depressão, parecem se sentir fortes apenas quando estão inseridas em grupos, mas comigo não funciona assim. A felicidade pode estar em todas as situações, a solidão pode me fazer feliz. Esse álbum é uma maneira de mostrar isso. "Hibernação" foi uma palavra que me ajudou muito durante a criação. Relacionei isso com aquela sensação de algo interno e o som dos cristais no inverno. Eu queria que o álbum soasse dessa maneira. Depois de ficar obcecada com a realidade e a escuridão da vida, de repente parei para pensar que inventar uma espécie de paraí

Debut, o primeiro álbum da carreira solo de Björk, completa 30 anos

Há 30 anos , era lançado "Debut", o primeiro álbum da carreira solo de Björk : "Esse disco tem memórias e melodias da minha infância e adolescência. No minuto em que decidi seguir sozinha, tive problemas com a autoindulgência disso. Era a história da garota que deixou a Islândia, que queria lançar sua própria música para o resto do mundo. Comecei a escrever como uma estrutura livre na natureza, por conta própria, na introversão". Foi assim que a islandesa refletiu sobre "Debut" em 2022, durante entrevista ao podcast Sonic Symbolism: "Eu só poderia fazer isso com algum tipo de senso de humor, transformando-o em algo como uma história de mitologia. O álbum tem melodias e coisas que eu escrevi durante anos, então trouxe muitas memórias desse período. Eu funcionava muito pelo impulso e instinto". Foto: Jean-Baptiste Mondino. Para Björk, as palavras que descrevem "Debut" são: Tímido, iniciante, o mensageiro, humildade, prata, mohair (ou ango

20 anos de Homogenic

Em  22 de Setembro de 1997 , Björk lançou mais um álbum icônico para a sua coleção que já era repleta de clássicos.  Pegue seus fones de ouvido e escolha sua plataforma musical preferida  e acompanhe uma  matéria especial  sobre os  20 anos de  " Homogenic ".   Comercial do álbum CURIOSIDADES: - O disco  foi gravado no estúdio "El Cortijo" de Trevor Morais, localizado no sul da  Espanha .  - Para a edição japonesa de "Homogenic",   "Jóga (Howie B Version)", "Immature" (Björk’s Version), "So Broken", "Nature Is Ancient" e "Jóga (Alec Empire Mix)" serviram de bônus track. - "Jóga"  também é o nome de uma das melhores amigas de Björk. -  As letras em braille na capa e no encarte do  CD single/Boxset  de "Alarm Call" não significam absolutamente nada. - Um  livro especial  em comemoração aos 20 anos de "Homogenic" será lançado em Outubro deste ano.  -

35 anos de Sugarcubes, a banda que lançou Björk ao sucesso internacional

Em 8 de junho de 1986 , o Sugarcubes surgia na Islândia, bem no dia do nascimento do 1º filho de Björk . O grupo musical deu projeção internacional para a artista. Eles lançaram três discos e estiveram em atividade até 1992. Em 2006, a banda se reuniu pela última vez para uma apresentação, em Reykjavík . Os integrantes já tinham formado projetos de música punk ao lado de Björk. Inicialmente, eles desenvolveram o selo Smekkleysa ( Bad Taste ), com o lançamento de uma série de projetos musicais e literários. Na intenção de conseguir dinheiro para a criação dessas obras, os membros perceberam que precisavam de uma ferramenta que chamasse a atenção do grande público. A partir disso, tiveram a ideia de formar uma banda: "A gente se divertia! A música era algo secundário, então não tínhamos essa grande ambição musical de ser algo brilhante. Tivemos a chance de viajar o mundo e ver como outras bandas funcionavam, o que me ensinou muito. A fama não estava nos nossos planos, mas ao mesm