"Eu sempre acreditei na polaridade. Não temos que escolher a natureza ou o lado urbano, esse não é o ponto. A questão é, como podemos fazê-los coexistir? Eu penso o mesmo com relação aos homens e as mulheres, música pop e música "séria"... Por que escolher? Eliminar as coisas não é natural.
O mesmo acontece com isso (do Streaming). Os álbuns podem ser álbuns, mas as músicas podem existir por conta própria. Eu tenho feito playlists desde que eu era adolescente, para meus DJsets. É uma das minhas coisas favoritas na verdade - ser capaz de levar três minutos de uma música e três minutos de uma outra, completar os opostos e depois recolocá-las de volta. Músicos completamente diferentes. Se dissermos que não podemos fazer isso, estamos limitando os poderes da música. É uma das coisas mais poderosas que a música pode fazer.
Entretanto, eu vou te dizer, acho que as plataformas de streaming estão fazendo barulho. Acho que precisamos de mais equidade. Estou bem com isso - vendi CDs nos anos 90. Eu tenho uma casa. Mas e quanto aos jovens que ainda estão em seus 20 anos, eu vejo que isso afeta seriamente músicos incrivelmente talentosos, que poderiam se tornar realmente incríveis e se transformar em belos artistas, mas eles não conseguem fazer, porque tudo o que eles produzem, eles têm que ceder de graça".
- Então eles viajam mais.
"Exatamente! E isso os afasta de suas famílias. O streaming exagerou nisso. Jovens de 30 anos estão na estrada há 10 anos, sabe? Sem interrupções. Eu viajei muito, fazendo turnês por um ano, e depois ia para algum outro lugar por um ano e meio para escrever um álbum. Então, era possível estar com os membros da família. Agora não se tem isso. O streaming não é justo. Espero que isso mude. Talvez estejamos lentamente descobrindo uma maneira que vai ser uma solução, para que os músicos sejam pagos (corretamente) pelo o seu trabalho".
"Penso que a fantasia e a imaginação são tão válidas quanto a realidade. E eu acho que é talvez o que o "Utopia" está falando. É meio curioso como as duas coisas tentam coexistir. Quando você quer que essa fantasia se torne realidade, se a metade se concretizar, já está ótimo, sabe? Mas como se executa isso? Acho fascinante. É uma coisa linda!".
- Björk em entrevista para a "Fact Magazine", novembro de 2017.