"Para mim, (o título) Utopia é uma declaração política. Eu tive o suficiente da civilização ocidental sentindo pena de si mesma, ficando paralisada e não agindo. A civilização ocidental acha que sua história é a única história do mundo. A auto-importância do Ocidente faz com que eles pensem que estão tendo este momento trágico, como o Titanic, onde eles querem que o resto do planeta prenda a respiração e sinta pena por eles enquanto eles afundam. Não podemos poupar tempo. Precisamos entrar em ação. Precisamos de energia verde. Precisamos reagir.
Nós não temos o luxo de entrar nisso de "pobre de mim, o mundo vai morrer", coisas de distopia. Eu acho que temos que nos levantar e agir. E acho que a indústria do entretenimento deve se sentir responsável, definitivamente. Talvez eu esteja sendo muito como uma mãe, mas 90% do material que vem do [entretenimento ocidental] normalizou a matança. Está certo se é uma estética de um artista singular que quer ser niilista ou distópico. Isso é uma coisa. Mas agora nossa sobrevivência da espécie humana está em jogo e não estou sendo dramática, infelizmente. Eu acho que precisamos entrar em ação e vir com soluções. E precisamos fazer isso agora.
Eu poderia chorar o dia todo com o fato de que a maioria das espécies animais estão desaparecendo e meus netos podem não ver muitas delas. Isso é trágico além das palavras.
Mas precisamos nos perguntar: como podemos fazer o melhor de onde estamos agora? Isso pode ser soluções de energia verde que funcionam.
Eu não sou megalomaníaca. Entendo que a utopia não é singular. Mas acho que tem que haver pessoas que façam algo. Vendo o que está acontecendo online, especialmente depois que Trump foi eleito e tudo isso do acordo sobre o Clima de Paris, temos a base, as pessoas. Não podemos confiar nos governos. E é aí que entra a música pop. Ela sempre foi a voz das pessoas. Então sim, é assim que eu me sinto sobre isso".
- Essa paralisia descrita por Björk, onde as pessoas estão tão sobrecarregadas com a negatividade que se sentem incapazes de agir é uma coisa realmente complicada de superar. Mas como ela se depara com tudo isso evitando esse ponto de paralisia?
"Eu vou passear na natureza. Do lado de fora da minha janela agora, há uma praia. Preciso dessa conexão com a natureza. Eu acho que há algo nas moléculas da natureza que trazem equilíbrio. Quando você se desloca, ela age. E você não deve fazer isso por conta própria. Não foi assim que a natureza nos criou. Você não deve entrar em um tanque de isolamento. [risos] Se você der uma caminhada de 30 minutos todos os dias por volta das árvores, ou perto de um rio, ou quaisquer elementos naturais que estejam por perto, é realmente como uma cura.
Quando eu morava em Londres, caminhava bastante pelos canais. Talvez não fosse como as terras altas da Islândia, mas os elementos da água e o fato de não serem linhas retas... acontecia algo mágico. A ciência está provando cada vez mais que a natureza harmoniza sua mente e seu corpo. As três coisas não estão separadas. Eu acho muitas vezes quando faço caminhadas, o que quer que esteja ocupando minha mente ou me cause frustração depois de 20 minutos, geralmente, quando eu estiver de volta em casa, terei um plano de como lidar com isso.
Eu acho que algo no nosso mecanismo de sobrevivência gosta de andar e encontrar um ritmo.
Você já tentou kundalini yoga? Eu encontrei no YouTube. Tem muita respiração e se você tem ansiedade, a melhor cura para isso é a quantidade dos níveis de respiração. Se você acordar com ansiedade, basta encontrar uma aula kundalini de 40 minutos no YouTube e você ficará surpreso. A ansiedade desaparecerá. E às vezes antes de se deitar - se você está achando difícil dormir à noite, esse também é um truque muito bom".
- Björk em entrevista à "Fact Magazine", novembro de 2017.