O novo álbum de Björk foi lançado no último dia 24/11, mas a cantora já pensa em expandir o universo de sua Utopia. Em entrevista à rádio Beats 1, Björk revelou que tem pensado em um projeto de um álbum ao vivo baseado em flautas.
Não esquece do DVD, querida.
"Eu quero dar uma pequena pausa e depois talvez na primavera eu volte com um novo ângulo do álbum com uma versão ao vivo. Acho que há algumas coisas que eu não explorei completamente, como mais materiais solos e outros tipos misteriosos de flautas. Vou ensaiar com as flautistas aqui na Islândia. Eu só quero que isso aconteça organicamente no início da primavera. Temos algumas canções de flauta adicionais e outros tipos de ângulos diferentes".
No último dia 28/11, Björk participou da série "In Sight Out" do Pitchfork, que se trata de reuniões e discussões sobre novas perspectivas sobre arte, música e cultura. Ela foi entrevistada durante 1hr30min por Amanda Petrusich, jornalista e também editora do livro em comemoração aos 20 anos de "Homogenic" de Emily Mackay, publicado em outubro. O evento foi lançado em forma de podcast e já está disponível na página do Pitchfork no Soundcloud.
Confira algumas curiosidades:
- Ela estava bem feliz, disse que tinha tomado um monte de café, e contou sobre o processo de concepção, composição e gravação do "Utopia". Também comparou este album com o anterior algumas vezes. Se vocês leram as últimas entrevistas, não foi nada muito diferente, e ela até comentou que não queria ficar se repetindo.
- Falou bastante sobre o 'arquétipo da cantora pop do último século', citando Maria Callas e Edith Piaf, cujas histórias mais expressivas para o público são as que se referem às situações trágicas e dramáticas. Neste momento, ela comentou que não deveria ser assim, visto que ambas viveram muito ricas e interessantes, e que ninguém resumia as histórias de homens famosos à tragédia (ninguém diz quantas mulheres partiram o coração de Picasso). Aí citou o Vulnicura, dizendo que ela quis incorporar esse personagem, e pedia ao público que a deixasse sair dele também, e continuar sua narrativa.
- Uma moça da plateia perguntou se ela tinha algum ritual para criar, e ela acabou falando mais da rotina do dia-a-dia. Contou sobre como as piscinas de cada cidade funcionam como centro de socialização na Islândia (pra trocar fofocas e tal) e como ela sempre faz alguma coisa esportiva (andar, nadar, correr, etc) mas que se entedia rápido e vai trocando de uma atividade para outra.
- Quando questionada sobre qual é a sua música favorita do álbum, Björk comentou sobre como a concepção do disco partiu da primeira música feita para o projeto (Arisen My Senses).
- Lhe perguntaram se ela é alguém que simplifica as coisas complexas da vida ou se complica as coisas simples. Ela disse que é um pouco de cada.
- Ela comentou que pensou em deixar apenas as músicas felizes no disco, que representariam o lugar perfeito ou utopia. Disse que 'tinha um monte de músicas pra escolher' e que várias ficaram de fora. Aí acabou optando por colocar várias músicas pesadas no final do disco, já que nenhum lugar é completamente perfeito.
- Falou que está planejando uma turnê, mas que não sabe ainda como vai usar as flautas no palco, e que como "Utopia" se refere a um lugar, ela planeja criar um "lugar" no palco, mas ainda não sabe como fará isso.
Colaboração: Marcio Alleoni.
- Ela disse que gosta de pensar no lançamento da primeira versão do disco como não sendo a única forma possível de ouvi-lo.
- Ainda sobre a turnê, ela disse que provavelmente reduzirá a quantidade de flautas para que os shows não se tornem somente isso. Talvez ela foque em apresentações mais esporádicas, semelhante as que fez em "Vulnicura" ao invés de uma longa turnê mundial. Ela deseja continuar com a "Björk Digital" e os DJsets. Também está trabalhando para tentar fazer desses shows um ambiente rico, já que o título Utopia necessita disso.
- Em um outro trecho divertido da conversa, ela se referiu a si mesma como "definitivamente não celibatária" e comentou não estar triste quanto às questões relacionadas à postura adotada em "Vulnicura". Parece que nossa islandesa está bem feliz agora <3
- A verdadeira vitória deste novo disco está na questão do "namoro". Arca programou algumas canções em poucas horas no Brooklyn enquanto ela editava os arranjos de flautas.
- Ela ainda disse ter trabalhado muito nos arranjos de flauta, quando reunia as flautistas em sua casa na Islândia, enquanto ajustava suas ideias no programa Sibelius.
- Para que funcionasse como contraste com os arranjos leves que ela havia feito com Arca durante as primeiras composições para o disco, Björk encontrou muita inspiração no (ritmo/estilo) "techno-gay" italiano.