- Máscaras: Eu sempre as uso em público. Acho que me ajuda a lidar com estranhos. Foi uma mudança gradual, não planejei. Provavelmente notei isso quando o curador da minha exposição no MoMA, em 2015, Klaus Biesenbach, me mostrou algumas imagens minhas antigas. Mais tarde, James Merry e eu trabalhamos nisso, começando com algumas peças criadas por mim. Ele elevou essa experiência ainda mais, ele é muito melhor do que eu nisso! Desde então, minhas máscaras atingiram um nível muito alto, são feitas de silicone, plástico, e possuem formas únicas. Mas eu não as uso em casa ou no meu bairro. Eu apenas faço isso quando estou lidando com estranhos.
- Como se define: Estou muito orgulhosa de ser uma artista de música pop, mas não penso muito nisso. Simplesmente faço o que posso fazer e tento dar às minhas canções o terreno mais fértil possível para que possam crescer e se desenvolver. Eu acredito que no meu passaporte está escrito que sou musicista. E devo te dizer que gosto do som desta palavra!
- A música como principal modo de expressão: Eu sou uma musicista do começo ao fim. Os VRs são apenas um acompanhamento da música.
- Tecnologia: Aprecio a tecnologia mais quando ela é algo que cresce conosco e nos ajuda a sermos tão naturais quanto o possível. Por exemplo, quando ela me permite gravar em cima de uma montanha, ou quando me permite trabalhar com musicologia em um iPad. Para este álbum, trabalhei no meu laptop como de costume e comprei uma flauta digital, que eu tocava com frequência.
- Redes Sociais: Estou no Facebook há quatro anos, mas tenho apenas 80 amigos. Na maioria das vezes, eles são músicos com quem eu falo constantemente, mas em coisas um pouco nerds. Também tenho pessoas da minha família. Mas não estou em nenhuma outra plataforma. (Além dessa e do Twitter).
- Sobre ter se manifestado na campanha #metoo e pela independência da Catalunha: Você acha que a música e a arte em geral têm uma responsabilidade social?: Não, não penso assim. A maioria das músicas que escuto não são sobre política. Mas basicamente, é meio abstrato definir o que é ou não é algo político. Uma pessoa trans que ganha o Festival Eurovision é um fato político, uma pessoa negra que tem um álbum no topo das paradas é um fato político, além do conteúdo. Estas são coisas importantes.
- Você acha que ter seus pais envolvidos na política e em assuntos sociais fez você ter conhecimento disso?: Eu acho que para eles a integridade é um valor importante e que eles têm uma tolerância muito baixa em relação à corrupção. Mas acredito que me sinto mais agradecida pela paixão e pela conexão deles com a natureza.
- E você como mãe, como vê a vida de seus filhos?: É uma coisa maravilhosa!
- Quais são as figuras que te inspiraram no início da sua carreira?: Provavelmente minha avó. Ela era uma pintora amadora, usava tintas à óleo e aquarela, muitas vezes fez pinturas em mim. Ela era muita calma e segura ao mesmo tempo.
É sempre fascinante ver como nossos amigos podem evoluir dia após dia, sem parar, mesmo com as dificuldades da vida. Eles são uma verdadeira inspiração!
- Falemos sobre o "Utopia". Você consolidou seu relacionamento com o Arca...: Hum, eu não diria que está consolidado, pois é muito fluido! Eu acho que, depois do "Vulnicura", entendemos que estávamos em muita sintonia musicalmente. "Vulnicura" foi um disco triste e dramático, então procuramos fazer algo mais leve desta vez. Em setembro de 2013, fizemos um DJset na afterparty do último show da turnê do "Biophilia". Eu já tinha gravado e arranjado a maioria do "Vulnicura", mas não as batidas. Eu apenas tinha algumas referências quanto a isso, sabia como queria que minhas músicas fossem, os pontos nos quais eu queria inserir outras partes. Mas com "Utopia" foi diferente. Começamos a escrever juntos. Foi um grande prazer e uma verdadeira alegria!
- Como você lida com mudanças em sua vida?: Eu acho que algumas pessoas surgem muito naturalmente, de repente, quando você está menos preparado, outros ainda precisam fazer com que certas situações aconteçam, usando sua vontade. Eu acho que é assim para todos, sempre temos que fazer o nosso melhor.
- Você poderia descrever o seu trabalho em uma linha do tempo? Você considera que ele foi um caminho musical até algo?: Eu acho que sempre escrevi música pop e acho que ainda faço isso até hoje. Ou, para ser mais precisa, escrevo música folk do século XXI. Muitas vezes penso no flamenco como um exemplo para o que faço. É música para pessoas, tem ritmos sustentados, é feita para dançar, é poética e para todas as idades. Isto é o que eu gosto!
- Björk em entrevista à revista Rolling Stone Itália, dezembro de 2017.