"Eu sinto que os estrangeiros relacionam principalmente a imagem da Islândia ao inverno, à lava negra, aos vulcões, geleiras, àquele ambiente brutal. Mas há um outro lado da Islândia no verão, como as noites ensolaradas na natureza, que são muito mágicas e utópicas.
O cenário da nova turnê foi inspirado nas noites de verão na Islândia, onde em certa época do ano pode haver até 24 horas de sol por dia
Em entrevista ao Dezeen, Björk falou de seus esforços para criar "um transe semelhante ao ópio em um jardim utópico", no qual ela procurava alcançar combinando o lado natural da vida com o do homem. A islandesa ainda revelou que pinturas que marcaram sua infância serviram como inspiração para os cenários da turnê de "Utopia". Ela contou com a ajuda do cenógrafo e designer Heimir Sverrisson na ambientação do palco: "É uma proposta de nosso futuro possível quando aprendemos a usar a tecnologia e natureza. Eu tive longas conversas com vários profissionais para sintonizar o equilíbrio entre o biológico e o urbano. Este mundo é uma tentativa de revelar uma cooperação funcional entre o natural e o artificial, mas quero que a natureza ganhe um pouco essa disputa - algo em torno de 65% ao ar livre e 35% de coisas provocadas pelo homem.
Os figurinos desenhados por Threeasfour foram feitos, inclusive, com plástico reciclado. O esquema de cores do show foi escolhido como uma mistura da cor pêssego e um azul pálido muito específico, enquanto recursos adicionais são usados para capturar a sensação de flutuar no céu, como a fumaça. Para suas máscaras e acessórios para a cabeça, Björk queria que a estética fosse futurista, e citou Sydney Opera House e ficção científica como influências: "São como uma extensão dos ossos, como se pudessem ajudá-los a fazer sons de vento mais poderosos, como se seus crânios ressoassem com o ar.
É a natureza colaborando com a tecnologia, por isso existem todos esses tipos de híbridos e plantas-pássaros-humanos no palco. Eu queria que a máscara no meu rosto fosse como a abertura de uma orquídea, mas também queria ter orifícios como os de uma flauta no meu pescoço, uma espécie de planta-ave mutante. Tudo precisava parecer fértil e potente, com uma energia erótica, mas também um pouco assustadora, e também com um elemento de comédia".
Em entrevista ao mesmo site, James Merry comentou sobre as máscaras usadas por Björk e suas flautistas no novo show:
"Björk havia falado comigo muitas vezes sobre a ideia de usar os figurinos e acessórios para dar uma aparência mais 'avatar' a ela e às flautistas, uma transformação mais completa do personagem humano em algo sci-fi e digital. Eu tentei manter em mente o mundo que ela estava criando em torno do álbum e tentei fazer algo que se encaixasse nisso, dando a elas esse personagem específico: um tipo de orquídea, mutante, com todas muito unidas. Uma tribo matriarcal em uma ilha desconhecida começando de novo. Era importante para mim que cada design fosse diferente do outro, para que parecesse algo coeso quando elas estivessem juntas, mas que cada uma ainda tivesse seu próprio caráter e personalidade. Eu não pude colocar nada que obstruísse a boca ou os olhos delas, o material também tinha que ser muito leve. Em certos momentos do show, as coreografias exigem que elas balancem bastante a cabeça, então tive que me certificar de que tudo estaria facilmente fixo e no lugar, com tão pouca distração e conforto quanto o possível.
Essas peças também precisavam funcionar à distância, visto que várias apresentações serão em grandes festivais ao ar livre. Considerando que as máscaras que fiz para o videoclipe de "Utopia" tinham mais detalhes e texturas, estas aqui tem uma silhueta que dão aquela sensação de transformação para quem as vê de longe".
James Merry ainda revelou que todas as peças foram feitas para parecessem extensões dos corpos de Björk e das flautistas, como se novos ossos estivessem crescendo fora de suas cabeças ao se transformarem em orquídeas.