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Nos 25 anos de "Debut", relembre uma entrevista de Björk direto de 1993


No dia em que nosso filho "Debut" completa 25 anos, relembre uma entrevista de Björk para a i-D Magazine:

"Acho que minha cabeça está prestes a explodir, tenho muito o que fazer hoje!” É uma tarde agitada no Belsize Park, em Londres, mas Björk Guðmundsdóttir está aproveitando a vida. Estamos sentados no novo apartamento que ela não teve muito tempo para decorar, já que tem passado a maior parte de seus dias em estúdio desde que se mudou para Londres. A decoração consiste em alguns desenhos de dinossauros coloridos feitos pelo filho de seis anos da cantora, Sindri. Para Björk, mãe e estrela pop, o tempo é uma mercadoria de luxo nos dias de hoje.

Depois de três discos com o The Sugarcubes, ela decidiu se estabelecer permanentemente em Londres. A transição nasce da necessidade. Björk tem um trabalho sério para fazer e sua cidade natal, Reykjavík, não é mais grande o suficiente para suas aspirações.

Este mês trará a estreia de Björk como artista solo. Seu primeiro single, "Human Behaviour", saiu há pouco tempo e já é um sucesso. A mudança no estilo da islandesa é evidente. Ela estava vivendo uma boa vida na Islândia, mas algo estava faltando. “Eu amava Reykjavík e meus amigos de lá, ser dona de casa, cozinhar uma boa comida, sair e ficar bêbada e tudo mais. Foi uma decisão bem drástica me mudar para Londres, arrastando o meu filho comigo, mas tive que fazer isso. Eu tinha essas músicas desse disco em mim desde que eu era criança e sabia que poderia submergir nesse impulso criativo para sempre. Mas olhei a minha volta e pensei em todas as coisas que me dão mais alegria na vida. Pode ser um vinho incrível que é simplesmente perfeito ou a música certa, onde se pode dizer que o artista foi quem trilhou todo o caminho. Eu tinha que sair de lá pelo menos uma vez antes de morrer para ver se eu poderia fazer a mesma coisa.

Acho isso bem engraçado e, na verdade, não consegui ficar mais satisfeita com toda a situação. Enquanto eu crescia, sempre tive a sensação de ter sido deixada em outro lugar. Foi assim que fui tratada na escola na Islândia, onde as crianças costumavam me chamar de "menina da China" e todo mundo achava que eu era incomum porque eu era "chinesa". Isso me deu espaço para fazer minhas próprias coisas. Na escola, eu estava quase sempre sozinha, tocando alegremente no meu mundo particular, compondo pequenas canções. Se eu tiver espaço, eu consigo e preciso fazer minhas próprias coisas, sendo chamada de alienígena, elfo, garota da China, ou o que for! Acho que só percebi nos últimos anos como é uma situação bem confortável.

A música dance é a que eu mais tenho escutado nos últimos anos. É a única música pop que é verdadeiramente moderna. Para ser honesta, é a única em que está acontecendo algo criativo atualmente.

Eu não suportaria tocar rock com guitarra! Isso é o engraçado. Meu pai era um hippie que ouvia apenas Jimi Hendrix e Eric Clapton e eu cresci ouvindo essas músicas. Quando eu tinha sete anos, estava convencida de que essa música era uma história antiga, e que eu faria algo novo. Eu acho que, assim que qualquer coisa se torna tradicional, como guitarra, baixo e bateria, as pessoas começam a se comportar tradicionalmente. É muito difícil fazer com que uma banda fique no limite, porque tende a cair em uma forma previsível. Minha banda ideal seria um grupo de mente aberta que não deixaria nada atrapalhar a criação de algo novo. Eles poderiam usar saxofones, colheres de chá, baterias eletrônicas ou qualquer outra coisa para comunicar todo um conceito, seja uma música experimental, pop ou apenas uma canção de ninar.

Esse disco é sobre estar cansada de entrar nas maiores loja de discos do mundo, na esperança de encontrar algo fabuloso e na realidade acabar saindo de lá com mais um álbum do Miles Davis, porque não há nada acontecendo que seja desafiador.

Em grande parte, sim, eu senti que deveria fazer esse tipo de música que eu procurava. Esse foi o meu impulso. Acho que a música pop nos traiu. Todo mundo precisa de um pouco dela, assim como precisam da política, do salário e do oxigênio para respirar. O problema é que muitas pessoas rejeitam o pop como uma porcaria porque ninguém teve a coragem de fazer um que seja relevante para o mundo moderno. A música pop se tornou tão estagnada! Isso é realmente um paradoxo porque deve mudar e evoluir a cada dia. Eu não acho que alguém tenha feito um álbum pop decente em anos.

Eu quero que este álbum seja música pop que todos possam ouvir. Eu acho que não se ater a um estilo musical particular torna o álbum muito mais real. A vida nem sempre é a mesma. Você não vive no mesmo estilo dia a dia, coisas inesperadas acontecem além do nosso controle. Esse é "Debut". Uma música é sobre o clima quando se está indo para uma loja na esquina, outra sobre estar bêbada e drogada em uma boate, e outra é sobre se sentir romântica e fazer amor.

Música Pop é a música para um momento em particular. Você deve ser capaz de tocá-la no dia seguinte, mas ainda como algo real para cada momento específico, de modo que, enquanto você lava a louça e ouvi-las no rádio, ainda poderá se relacionar com cada uma delas, sabendo que isso importa e faz diferença para você. Não tem que ser sempre alguma peça artística existencial, pode ser apenas uma música que todos possam cantar junto. Mas tem que te tocar profundamente!

E é assim que eu quero que as pessoas experimentem esse álbum, como a música pop de 1993".

E certamente a música pop de todos os tempos!




Curiosidade: Três turnês de Björk já passaram pelo Brasil ("Post", "Homogenic" e "Volta"). Confira uma lista das canções de "Debut" apresentadas nos shows em nosso país: "Human Behaviour", "Crying", "Venus as a Boy", "Big Time Sensuality", "One Day", "Come to Me", "The Anchor Song", "Violently Happy" e "Play Dead".



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