Pular para o conteúdo principal

Björk diz não se considerar empoderada e fala sobre preços altos de seus shows


Em entrevista por telefone ao El Universal, Björk diz ter se esforçado para manter suas vontades, e que com muito esforço e sacrifício conseguiu fazer o que desejava na vida. Ela ainda explicou que permanece uma mulher pura e livre em tudo que faz, e fala com orgulho sobre nunca ter se deixado manipular ou se comprometer por nada ou alguém. 

Ter voz:
“A palavra "Empoderada" é interessante. Não trabalho afirmando que sou isso. Posso até dizer que não me sinto como uma mulher assim, mas agradeço muito que você pense dessa forma (sobre o meu trabalho). Nunca me senti obrigada pelos negócios ou a música, ou seja, leva muito tempo se a gente tem a intenção de manter nossa dignidade. Às vezes, o que acontece é que acabamos tendo que dizer sim e nos tornarmos uma máquina no capitalismo. Vendo dessa maneira, foi até fácil para mim, porque sempre pude dizer não. Eu poderia ser pura, mas acredito que tinha que trabalhar duro e estar nessa posição de uma mulher empoderada. Houve sacrifícios, foi difícil, mas mantive minha integridade. Para mim,  é mais difícil ser comprometida pelos outros em fazer algo. Bom, este tópico é um pouco complicado...".

Sorte:
“Eu faço o que quero fazer, o público está interessado em mim. Me sinto abençoada porque as pessoas que trabalham comigo são incríveis; todos simpatizam e me ajudam com a minha visão sobre as coisas, isso é ótimo, mas é claro que, como qualquer pessoa, tenho dias bons e dias ruins, há momentos em que duvido de tudo, mas há dias em que me sinto mais confiante; Isso faz parte da vida". 

Sempre seguindo em frente:
“Mudar é algo saudável! Acho que seria estranho fazer coisas que não são interessantes. É preciso ter certeza para desenvolver algo, mesmo quando a gente não quer, para não permanecermos fazendo a mesma coisa. A mudança é dolorosa, mas é muito mais doloroso não mudar. É como uma planta que cresce em um jardim. É natural que um músico não continue do mesmo jeito". 

O grande espetáculo: 
Depois de passar por Nova York, a islandesa chega ao México em agosto, em 5 datas quase esgotadas do maior show de sua carreira, que ela define como uma espécie de "teatro digital”: "Estávamos nos preparando há cinco ou seis anos, assistindo a novas animações (do cenário), a todas as telas com as mensagens, misturando quase 50 tipos diferentes de sons... Aluguei um estúdio na Islândia e fiquei mixando por alguns meses. Existem várias camadas, deu muito trabalho!".

O preço dos ingressos:
Mesmo os fãs mais fiéis e apaixonados estão tendo que admitir que houve um grande aumento nos preços dos ingressos dos shows de Björk nos últimos anos. Criticada por fazer isso enquanto prega o contrário em seu discurso, a cantora tem uma explicação: a estrutura da turnê, que inclui a produção técnica, banda e o coral local, cujo cuidado foi o maior possível para dar ao público uma experiência única e inesquecível: "Custa caro viajar com esses telões. Eu sinto muito. Espero que os mexicanos estejam me entendendo porque esse show é completamente diferente dos meus outros".

Para a W Radio, a islandesa falou de seu 'Teatro Digital' e o casamento de ideias de suas colaborações: 
"Acho que, às vezes, podemos fazer o melhor trabalho por conta própria, e eu gosto de celebrar esses dois mundos. Na primeira opção, temos certos direitos, mas se colaboramos com outras pessoas, somos capazes de criar coisas mais bonitas, e refletir uns nos outros partes ou personagens que não conseguiríamos sozinhos. Mas, falando sério, amo colaborar, é uma das coisas mais gratificantes que faço, mas penso que é importante que cada colaboração seja honesta e que eu me sinta quase como se estivesse tendo uma catarse ou como se fosse alquimista. 

Sinto que é aí que reside a magia. Quem sabe devamos tentar refletir sobre nós mesmos, mas é que em algumas situações o melhor é não fazer isso de forma solitária, mas sim em uma colaboração mágica. Imagino que um aspecto importante disso é confiar, apoiar e reconhecer que se entra em um território onde nunca estivemos antes. Posso te dizer que com cada um daqueles com quem já trabalhei, existe uma história diferente. Nunca é igual.

Para mim, "Cornucopia" é como uma espécie de capa de uma grande máquina da esperança, uma tentativa de encorajar a mim e a outros indivíduos a negociar com o futuro e, nesse sentido, imaginar o mundo deste novo Século XXI, que evolui em um novo modelo. 

Deve ter sido aterrorizante cem anos atrás, em 1910 ou 1920, após a Primeira Guerra Mundial, quando as pessoas tinham que começar a pensar nas coisas para as quais não estavam preparadas, mas ainda assim não resistiram. Então eu acho que é importante lembrar que já nos transformamos em várias ocasiões, e que tudo pode ficar bem.

Além disso, a palavra que dá nome ao meu novo show traz um sentimento de celebração. Sou eu depois de 10 anos fazendo "coisas digitais", como todos os aplicativos de "Biophilia" e o projeto de realidade virtual do "Vulnicura" . "Cornucopia" é uma maneira de executar a ideia de "Utopia", mas em um show ao vivo trazendo-a para a vida real. Como se estivesse tirando tudo isso do desenvolvimento de um filme e levando ao contexto teatral, ou ao que chamo de "Teatro Digital"".


Postagens mais visitadas deste blog

Debut, o primeiro álbum da carreira solo de Björk, completa 30 anos

Há 30 anos , era lançado "Debut", o primeiro álbum da carreira solo de Björk : "Esse disco tem memórias e melodias da minha infância e adolescência. No minuto em que decidi seguir sozinha, tive problemas com a autoindulgência disso. Era a história da garota que deixou a Islândia, que queria lançar sua própria música para o resto do mundo. Comecei a escrever como uma estrutura livre na natureza, por conta própria, na introversão". Foi assim que a islandesa refletiu sobre "Debut" em 2022, durante entrevista ao podcast Sonic Symbolism: "Eu só poderia fazer isso com algum tipo de senso de humor, transformando-o em algo como uma história de mitologia. O álbum tem melodias e coisas que eu escrevi durante anos, então trouxe muitas memórias desse período. Eu funcionava muito pelo impulso e instinto". Foto: Jean-Baptiste Mondino. Para Björk, as palavras que descrevem "Debut" são: Tímido, iniciante, o mensageiro, humildade, prata, mohair (ou ango...

Björk e a paixão pelo canto de Elis Regina: "Ela cobre todo um espectro de emoções"

"É difícil explicar. Existem várias outras cantoras, como Ella Fitzgerald , Billie Holiday , Edith Piaf , mas há alguma coisa em Elis Regina com a qual eu me identifico. Então escrevi uma canção, Isobel , sobre ela. Na verdade, é mais uma fantasia, porque sei pouco a respeito dela".  Quando perguntada se já viu algum vídeo com imagens de Elis, Björk respondeu:  "Somente um. É um concerto gravado no Brasil, em um circo, com uma grande orquestra. Apesar de não conhecê-la, trabalhei com ( Eumir ) Deodato e ele me contou várias histórias sobre ela. Acho que tem algo a ver com a energia com a qual ela canta. Ela também tem uma claridade no tom da voz, que é cheia de espírito.  O que eu gosto em Elis é que ela cobre todo um espectro de emoções. Em um momento, ela está muito feliz, parece estar no céu. Em outro, pode estar muito triste e se transforma em uma suicida".  A entrevista foi publicada na Folha de São Paulo , em setembro de 1996. Na ocasião, Björk divulgava o ...

Saiba tudo sobre as visitas de Björk ao Brasil

Relembre todas as passagens de Björk por terras brasileiras! Preparamos uma matéria detalhada e cheia de curiosidades: Foto: Reprodução (1987) Antes de vir nos visitar em turnê, a cantora foi capa de algumas revistas brasileiras sobre música, incluindo a extinta  Bizz,  edição de Dezembro de 1989 . A divulgação do trabalho dela por aqui, começou antes mesmo do grande sucesso e reconhecimento em carreira solo, ainda com o  Sugarcubes . 1996 - Post Tour: Arquivo: João Paulo Corrêa SETLIST:  Army of Me One Day The Modern Things Venus as a Boy You've Been Flirting Again Isobel Possibly Maybe I Go Humble Big Time Sensuality Hyperballad Human Behaviour The Anchor Song I Miss You Crying Violently Happy It's Oh So Quiet.  Em outubro de 1996, Björk finalmente desembarcou no Brasil , com shows marcados em São Paulo (12/10/96) e no Rio de Janeiro (13/10/96) , como parte do Free Jazz Festival . Fotos: ...

A história do vestido de cisne da Björk

20 anos! Em 25 de março de 2001 , Björk esteve no Shrine Auditorium , em Los Angeles, para a 73º edição do Oscar . Na ocasião, ela concorria ao prêmio de "Melhor Canção Original" por I've Seen It All , do filme Dancer in the Dark , lançado no ano anterior.  No tapete vermelho e durante a performance incrível da faixa, a islandesa apareceu com seu famoso "vestido de cisne". Questionada sobre o autor da peça, uma criação do  fashion   designer macedônio  Marjan Pejoski , disse: "Meu amigo fez para mim".    Mais tarde, ela repetiu o look na capa de Vespertine . Variações também foram usadas muitas vezes na turnê do disco, bem como em uma apresentação no Top of the Pops .  "Estou acostumada a ser mal interpretada. Não é importante para mim ser entendida. Acho que é bastante arrogante esperar que as pessoas nos compreendam. Talvez, tenha um lado meu que meus amigos saibam que outros desconhecidos não veem, na verdade sou uma pessoa bastante sensata.  ...

Nos 20 anos de Vespertine, conheça as histórias de todas as canções do álbum lendário de Björk

Vespertine está completando 20 anos ! Para celebrar essa ocasião tão especial, preparamos uma super matéria . Confira detalhes de todas as canções e vídeos de um dos álbuns mais impressionantes da carreira de Björk ! Coloque o disco para tocar em sua plataforma digital favorita, e embarque conosco nessa viagem.  Foto: Inez & Vinoodh.  Premissa:  "Muitas pessoas têm medo de serem abandonadas, têm medo da solidão, entram em depressão, parecem se sentir fortes apenas quando estão inseridas em grupos, mas comigo não funciona assim. A felicidade pode estar em todas as situações, a solidão pode me fazer feliz. Esse álbum é uma maneira de mostrar isso. "Hibernação" foi uma palavra que me ajudou muito durante a criação. Relacionei isso com aquela sensação de algo interno e o som dos cristais no inverno. Eu queria que o álbum soasse dessa maneira. Depois de ficar obcecada com a realidade e a escuridão da vida, de repente parei para pensar que inventar uma espécie de p...