Demorou, mas chegou! Vulnicura VR, o grande empreendimento de Björk em realidade virtual, finalmente estará disponível para download. Os fãs poderão adquiri-lo na próxima sexta-feira, 6 de setembro, através da plataforma Steam.
O projeto, em constante desenvolvimento desde 2015, deu origem a mostra Björk Digital, um belo retrato da obra da islandesa, que esteve em cartaz por dois meses em São Paulo e em breve chegará ao Rio de Janeiro, em Brasília e em Belo Horizonte.
Agora acessíveis fora da exposição itinerante, o aplicativo reúne os curtas produzidos para o disco, sendo eles: Stonemilker, Lionsong, Blake Lake, Family, Notget, Mouth Mantra e Quicksand, além dos backdrops com animações das partituras das canções por Stephen Malinowski (incluindo History of Touches e Atom Dance), utilizados na Vulnicura Tour. Para se ter a experiência completa daqueles em 360º, é necessário ter fones de ouvido e os óculos especiais de realidade virtual.
De acordo com a islandesa, quando o álbum é contemplado em ordem cronológica, a ferramenta do VR capta sua paisagem emocional de forma muito mais clara, ideal para uma espécie de "circo privado". Para ela, é a continuação natural do videoclipe.
"Estou muito emocionada que agora as pessoas poderão baixá-los em suas próprias casas. Todo esse processo tem sido uma improvisação, tentando manter a fé nos formatos. É muito fácil para os músicos ficarem pessimistas após a evaporação dos CDs, mas eu queria tentar ter a coragem de crescer junto com o avanço da tecnologia de som. A cada desafio, tentei transformar esses vídeos como um presente adicional de acordo com a ideologia necessária de cada música. Foram feitos com 6 empresas, 4 softwares e 6 diretores diferentes. No início desta jornada, ficou óbvio que o processo de grande masterização de som em 360º não existia, portanto tivemos que inventar o nosso próprio caminho. Houve dezenas de outros desafios semelhantes. Sou alguém que ama a música e fico tão emocionada com a sensação que ela nos provoca. Talvez tenha sido o o diretor do registro de Stonemilker que me fez ver o quão espacial e conectada à natureza o meu trabalho é, quando propôs filmarmos na praia. Eu compus essa canção, e caminhar na mesma praia que a criei, filmar em 360º e compartilhá-la em som surround parece a maneira mais natural de convidar humildemente os meus ouvintes para a minha música.
As animações digitais foram colaborações minhas com James Merry. Quero agradecê-lo por ser meu co-piloto na direção da arte visual. Ele é muito talentoso e teve a paciência de ouvir meus intermináveis contos sobre psicologia e a sensação de cura que eu tinha quando falava do meu álbum mais difícil de escrever até hoje. Fiquei surpreendida com o quão metafísica e cheia de "auto-felicidade" a cura do coração pode realmente ser. Existe uma razão pela qual a humanidade falou sobre corações partidos por eras. A gente sente fisicamente como uma parte do corpo desmoronou, como foi arrancada. Literalmente, há um ferimento no peito que é semeado e curado. Quando tive contato pela primeira vez com VRs, em 2014, reconheci que seus pontos fortes e fracos combinavam perfeitamente com o disco que eu tinha em minhas mãos. No momento em que o escutamos com fones de ouvido, é uma experiência muito isolada, propõe um alívio escapista, que o desgosto precisa. Mas também inclui uma qualidade oculta que eu, pessoalmente, acho que será a mais explorada no futuro como potencial de cura através da realidade virtual. A quantidade de lágrimas nos fones de ouvido na exposição em Sydney convenceu a mim e James de que estávamos no caminho certo, isso era algo que as pessoas estavam experimentando em um nível visceral.
O Biophilia foi educacional. Criado parcialmente para escolas de música. Os iPads eram perfeitos para aquilo. Quando usei o touchscreen em 2006, senti que finalmente poderia compartilhar minha musicologia em 3D. Aquilo oferecia a oportunidade de expandirmos desesperadamente livros e outras coisas espaciais. É assim também com a música, física, matemática e muito mais.
Já com os VRs é diferente, eu pessoalmente sinto que sua maior força é a penetração física. Não é uma coincidência que tenha sido adotado pela indústria pornô. Já as maneiras pelas quais isso pode ser muito curativo é, por exemplo, a neurologia, com o treinamento de canais cerebrais danificados. Acho que isso tem um potencial extremamente alto para todas as coisas metafísicas, provavelmente se destacará em yoga, meditação, aula de canto e em todas as outras áreas das artes, pois é uma extensão muito poderosa do nosso corpo. Se o touchscreen fosse o nosso livro em 3D, este seria o nosso corpo em três dimensões. Eu espero que vocês gostem. Como sempre, me sinto grata por seu interesse. Calorosamente, Björk".
A grande produção é uma parceria de Björk com diversos colaboradores, incluindo a Analog Studios, Andrew Thomas Huang, Jesse Kanda, Chris Pike, Neri Oxman, Warren du Preez e Nick Thornton Jones, dentre outros.