Pular para o conteúdo principal

Vovó Björk

Foto: Marie Hennechart

"Cresci com seis irmãos e irmãs pequenas. O meu meio irmão mais novo, é ainda mais jovem do que meu filho mais velho. Basta dizer que durante toda a minha vida, eu tinha dois ou três pequenos que se agarravam nas minhas pernas e me puxavam pela saia!

Tive permissão para fazer o que queria. Metade de mim é como uma criança, a outra é como a minha mãe. É por isso que as pessoas pensam que sou estúpida, inocente e ingênua.

Quando decidi que ia me mudar para Londres, pensei: "Vou ser muito egoísta, pegarei todos os instrumentos que eu quiser, construirei todos os ritmos e letras que eu gostar, e farei toda a música que eu puder, porque todo mundo tem que expressar sua visão, e não existem duas pessoas iguais. Poderia fazer isso e morrer tranquilamente achando que dei o meu melhor, que fiz os meus sacrifícios. Caso contrário, aos oitenta e cinco anos, com meus netos no colo e sentada em uma cadeira de balanço, diria: "Desculpe, não tive coragem".

Eu posso me imaginar junto ao mar, sendo feliz.

Quando tudo isso acabar, voltarei para a Islândia e mostrarei para eles todos esses discos que criei e ficarei feliz por ter feito tudo isso, serei grata por ter aproveitado as oportunidades que tive.

Não sei se consegui, mas fiz o que pude. 

O papel de avó é uma das melhores coisas que a vida tem para nos oferecer. Agora entendo o que os meus avós sempre me diziam, é pura alegria e uma simples felicidade. Não tenho do que reclamar!

Sempre senti que a música seria melhor se não estivesse envolvida com política, mas depois não consegui mais me contentar em apenas aparecer em shows beneficentes. Se continuasse assim, quando eu estiver mais velha, não serei capaz de viver bem comigo mesma olhando para a situação dos meus netos, a não ser que pelo menos eu tivesse tentado fazer alguma coisa.

Sempre votei, porém nunca apoiei um partido político específico, mesmo quando meus amigos concorreram a cargos. Dei uma força como amiga, assim como fizeram comigo. Mas jamais fiz isso publicamente ou através de meios financeiros. Minha preocupação é quanto às questões ambientais. Passei os últimos dezesseis anos tentando lembrar aos meus conterrâneos que possuímos esse incrível deserto intocado, a Islândia, que não será protegida por conta própria, e portanto é necessário que tomemos uma posição com responsabilidade. Regularmente fico pensando que talvez por eu ser daqui e falar sobre esses assuntos ao redor do mundo, eles pensam que significa que não precisam fazer nada.

Se queremos que nossos netos tenham uma chance de viver aqui na terra, devemos ser ativos na luta pelo meio ambiente.

Eu poderia chorar o dia todo só de pensar que a maioria das espécies de animais estão desaparecendo e que eles não poderão vê-los. Isso é trágico além das palavras. Não sou megalomaníaca. Entendo que a utopia não é algo singular, mas acho que os indivíduos precisam agir. Não podemos confiar nos governos. E é aí que entra a música, que sempre foi a voz das pessoas".

Fontes: The Face; Interview Magazine; Blender; Pulse; Drowned In Sound; Iceland Magazine; Fact; Télérama e Fréttablaðið. 

Postagens mais visitadas deste blog

Nos 20 anos de Vespertine, conheça as histórias de todas as canções do álbum lendário de Björk

Vespertine está completando 20 anos ! Para celebrar essa ocasião tão especial, preparamos uma super matéria . Confira detalhes de todas as canções e vídeos de um dos álbuns mais impressionantes da carreira de Björk ! Coloque o disco para tocar em sua plataforma digital favorita, e embarque conosco nessa viagem.  Foto: Inez & Vinoodh.  Premissa:  "Muitas pessoas têm medo de serem abandonadas, têm medo da solidão, entram em depressão, parecem se sentir fortes apenas quando estão inseridas em grupos, mas comigo não funciona assim. A felicidade pode estar em todas as situações, a solidão pode me fazer feliz. Esse álbum é uma maneira de mostrar isso. "Hibernação" foi uma palavra que me ajudou muito durante a criação. Relacionei isso com aquela sensação de algo interno e o som dos cristais no inverno. Eu queria que o álbum soasse dessa maneira. Depois de ficar obcecada com a realidade e a escuridão da vida, de repente parei para pensar que inventar uma espécie de paraí

Saiba tudo sobre as visitas de Björk ao Brasil

Relembre todas as passagens de Björk por terras brasileiras! Preparamos uma matéria detalhada e cheia de curiosidades: Foto: Reprodução (1987) Antes de vir nos visitar em turnê, a cantora foi capa de algumas revistas brasileiras sobre música, incluindo a extinta  Bizz,  edição de Dezembro de 1989 . A divulgação do trabalho dela por aqui, começou antes mesmo do grande sucesso e reconhecimento em carreira solo, ainda com o  Sugarcubes . 1996 - Post Tour: Arquivo: João Paulo Corrêa SETLIST:  Army of Me One Day The Modern Things Venus as a Boy You've Been Flirting Again Isobel Possibly Maybe I Go Humble Big Time Sensuality Hyperballad Human Behaviour The Anchor Song I Miss You Crying Violently Happy It's Oh So Quiet.  Em outubro de 1996, Björk finalmente desembarcou no Brasil , com shows marcados em São Paulo (12/10/96) e no Rio de Janeiro (13/10/96) , como parte do Free Jazz Festival . Fotos:  André Gardenberg, Folhapres

Björk nega história envolvendo o músico argentino Charly Garcia: "Não sei quem é"

O livro "100 veces Charly" compila histórias que ocorreram na vida de Charly Garcia . Um desses relatos foi muito comentado ao longo dos anos. Após uma apresentação da "Volta Tour" na Argentina, o cantor e compositor teria tentado chamar a atenção de Björk em um jantar. Foi relatado que o músico era um grande fã e queria algum tipo de colaboração musical. Estava animado em conhecê-la, e junto de sua equipe descobriu o lugar que ela estaria e foi até lá para tentar tocar com ela e outros músicos argentinos. Pedro Aznar, Gaby Álvarez, Gustavo Cerati e Alan Faena. No entanto, Björk não apareceu de imediato e ficou em seu camarim no Teatro Gran Rex. Algumas horas depois, ela quis sair para comer. Assim, uma longa mesa foi montada para ela, sua equipe e banda. E então os músicos argentinos se juntaram a eles. Apesar das tentativas de Charly de iniciar uma conversa, Björk o teria ignorado completamente, conversando apenas com a amiga islandesa ao lado dela. A história fo

Ísadora Bjarkardóttir Barney fala sobre sua carreira como artista e o apoio da mãe Björk

Doa , também conhecida como d0lgur , é uma estudante, funcionária de uma loja de discos ( Smekkleysa ), cineasta, cantora e agora atriz. Em abril, estreia nas telonas no novo filme de Robert Eggers , The Northman . Ela interpreta Melkorka , uma garota irlandesa mantida em cativeiro em uma fazenda islandesa, que também gosta de cantar.  O nome de batismo da jovem de 19 anos, é Ísadora Bjarkardóttir Barney .  "Bjarkardóttir" reflete a tradição islandesa de usar nomes patronímicos ou matronímicos . Ou seja, o segundo nome de uma criança é baseado no primeiro nome de sua mãe ou pai. Assim, "Bjarkardóttir" significa o "dóttir" – filha – de "Bjarkar". Isto é, de Björk . E Barney vem do pai Matthew Barney, que nasceu nos Estados Unidos.  Na nova edição da revista THE FACE , a artista falou sobre sua carreira. Ela vive entre Reykjavík e Nova York , onde nasceu em outubro de 2002. Confira os trechos em que citou a mãe, a nossa Björk.  " Sjón e min

Sindri Eldon explica antigo comentário sobre a mãe Björk

Foto: Divulgação/Reprodução.  O músico Sindri Eldon , que é filho de Björk , respondeu as críticas de uma antiga entrevista na qual afirmou ser um compositor melhor do que sua mãe.  Na ocasião, ele disse ao Reykjavík Grapevine : "Minha principal declaração será provar a todos o que secretamente sei há muito tempo: que sou melhor compositor e letrista do que 90% dos músicos islandeses, inclusive minha mãe".  A declaração ressurgiu no Twitter na última semana, e foi questionada por parte do público que considerou o comentário uma falta de respeito com a artista. Na mesma rede social, Sindri explicou:  "Ok. Primeiramente, acho que deve ser dito que isso é de cerca de 15 anos atrás. Eu era um idiota naquela época, bebia muito e estava em um relacionamento tóxico. Tinha um problema enorme e realmente não sabia como lidar com isso. Essa entrevista foi feita por e-mail por um cara chamado Bob Cluness que era meu amigo, então as respostas deveriam ser irônicas e engraçadas. Eu