So Broken foi uma das primeiras canções criadas para Homogenic, quando Björk passou um tempo gravando na Espanha, logo após a carta-bomba enviada por um stalker pelo correio. O pacote foi interceptado pela polícia antes de chegar ao seu destino. Conheça a história por trás da música:
Björk decidiu descartá-la da tracklist final do álbum, pois achou que o som não se encaixava na proposta do projeto. Por esse motivo, incluiu no Lado B dos singles de Jóga, Hunter e Alarm Call; e nas primeiras tiragens do disco no Japão. A faixa tem a participação do famoso violonista flamenco Raimundo Amador, e foi cantada ao vivo apenas duas vezes, no ano de 1998: No Festival Benicàssim, em uma versão emocionante de 10 minutos; e no Programa de TV Later... with Jools Holland. Ambas as ocasiões com a presença do músico.
Em 2003 e 2011, para os sites El Mundo e Jot Down, Raimundo disse que essa parceria é uma de suas favoritas: "Björk é ótima, maravilhosa! Acho que as pessoas têm uma imagem errada dela. Pode parecer uma pessoa fria, mas quem a conhece sabe que não é! Ela faz de tudo, gostaria de ser como ela e de ter o seu poder. Quando tocamos juntos em Benicàssim, ela esticou a canção e acrescentou vários outros elementos musicais. É uma artista muito versátil!".
Com todo o medo causado pela situação com o stalker, Björk buscou formas de lidar com o estresse usando a música. Em entrevista para a Raygun Magazine, em setembro de 1997, ela explicou: "Gravei So Broken naquela terrível semana da bomba. A única maneira de escrever sobre algo assim, era fugindo desse cenário e não levando tão a sério. Compus essa música fazendo alguns sons batendo na mesa, cantando com uma voz estúpida. De início, pensei em gravá-la com barulhos de pratos e crianças gritando, teria soado quase como uma novela. No estúdio na Espanha, conheci esse guitarrista flamenco, que tocou na versão final".
No breve bate-papo no palco de Jools Holland, contou: "Eu escrevi essa música de uma forma bem clichê, depois fui gravá-la na Espanha, pois pra mim soava como um clichê da música espanhola. Mas aí o Raimundo veio e a tornou algo real!".
Ainda na conversa publicada na Raygun, Björk falou sobre como se sentiu com todo esse episódio traumático: "Foi muito, muito assustador. Naquela época, eu estava viajando direto já tinha uns quatro anos. Aliás, eu estava na Flórida quando ele atirou em si mesmo. Apenas a três quarteirões de distância dele e ele não sabia! Lembro que aquela noite foi cheia de trovões e relâmpagos. Ele enviou a bomba para a minha casa na Inglaterra, e eu estava em um voo de volta para lá enquanto a carta estava a caminho.
Quando cheguei, tudo isso realmente fodeu toda a minha vida e a ideia de como era a minha casa. Quarenta jornalistas estavam do lado de fora do lugar, com lentes apontadas até para o assento do vaso sanitário. Não me senti muito bem-vinda em minha própria casa! Claro, eu chorei por ele e fiquei muito chateada com sua morte! Eu não conseguia dormir, por esse homem. Essa situação destruiu a minha ideia do que é uma casa. Eu e meu filho, conversamos muito sobre isso. Agora entendemos que o lar é quando nos encontramos, não importa o lugar em que estejamos. O lar é onde o nosso coração está!".