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A história do "The Beast Is Back" de "Vertebrae By Vertebrae"

"É uma longa história. Espero poder resumi-la em um programa de rádio, é uma história muito longa. Mas para mim, parte disso foi por ter uma filha, porque eu já tinha tido um filho antes, e ouvi de muitos amigos meus que quando temos uma filha, de repente um portão se abre. Como se de repente, eu entendesse melhor a minha mãe, a mãe dela, e a mãe da mãe dela. É como se conseguíssemos esse tipo de "linha". Já ouvi também os pais dizerem isso sobre o primeiro filho que tiveram e que, de repente, perceberam a relação entre eles e seus pais e etc.

Temos esse portão que abre caminho para o início da humanidade. Comecei a ler muitos livros sobre essas coisas, e novamente sendo levemente influenciada pela guerra do Iraque e como a religião organizada não é uma ideia muito boa, pelo menos para mim. Como com o que estava acontecendo antes de ter essa coisa de religião organizada, quando estávamos mais em contato com o lado direito do nosso cérebro, mais intuitivos e impulsivos. Coisas como medicina natural e não era como se fôssemos bruxos, não éramos queimados vivos. E isso veio pelo fato de me perguntar como vou explicar para minha filha coisas sobre as mulheres e a posição delas no mundo, e coisas que são muito femininas. Quero dizer, no final de tudo ainda acho que somos todos masculino e feminino, mas...

Essa história de "The Beast Is Back" meio que se tornou uma música de piada [interna], uma espécie de trilha sonora de um "Filme B": "A Mãe Terra ressurge da lama!". A deusa da terra na forma de zumbi [risos]. E ela vai passar vértebra por vértebra". 


"Isso também se refere um pouco a irritação pela ideia de que a religião organizada, tem medo da natureza, eles estão apenas apavorados. E eu simplesmente acho isso tão hilário, tipo, o que há de tão assustador nisso? Por exemplo: o fato de que no ano temos treze luas cheias, e as mulheres ficam menstruadas treze vezes por ano. E eles transformaram os meses em doze meses, e todo ano todo mundo ainda fica tipo: "Oh, desta vez são 28 dias em fevereiro, 29 ou...?". Todos os dias temos que calcular, ao invés de apenas termos 28 dias e treze meses!". 

"É meio teimosa a maneira como a religião organizada é: "Não, nós não controlamos nada, não fazemos parte da natureza e somos cristãos!". Ou seja o que for, muçulmanos, judeus, e todas essas coisas. "Vamos atuar fora de tudo isso, e não vamos participar". E eu moro em um apartamento em Nova York que por acaso fica no décimo segundo andar, e não há décimo terceiro andar. Não há décimo terceiro andar em todos os arranha-céus de Manhattan, e eu fico tipo: "Vocês não tem MUITO medo da natureza?!". Sabe, a coisa da 'sexta-feira 13'. A natureza é [vista] como um filme de terror. Então, basicamente, essa música é uma espécie de deusa da terra se reerguendo pelas patas traseiras. Ela pega um giz de cera e risca todos os números quatorze em Manhattan. E no lugar deles escreve treze. A besta está de volta! [risos]".

- Björk em entrevista para XFM Radio, abril de 2007. 

Foto: Santiago Felipe. 

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