Pular para o conteúdo principal

Björk fala sobre a importância do processo criativo

"Eu deixo o trabalho levar o tempo necessário, porque o processo criativo é como uma planta. Essa é a melhor coisa sobre a criatividade. Você não pode chegar e dizer: "Ok, até terça-feira, quero que esse galho tenha crescido três centímetros a noroeste". Isso não vai acontecer, pois simplesmente ele irá para a direção que quiser. A única coisa que podemos fazer é garantir que se sinta bem. Nos certificarmos de dar o alimento que deseja. Sou muito protetora com isso, e me esforço para proteger os artistas visuais que trabalham para mim". 

Dois nomes vem à mente dela quando se trata de tentar explicar essa "missão" da qual sente que é parte: Carl Sagan e David Attenborough: "Para a maioria das pessoas, seriam os olhos muito mais desenvolvidos do que os ouvidos? Para vários indivíduos, a música é uma coisa bastante abstrata. 

Se você olhar para as minhas canções como uma caverna, as palavras e imagens que uso são uma espécie de guia, que sai de lá e diz: "Ouça. Se você olhar bem aqui, temos um pouco de alegria, e se você olhar à esquerda, há um pouco de humor. Indo mais fundo na caverna, encontrará dor. As palavras e o visual são mais como placas de sinalização, uma ferramenta para descrever as músicas, porque eu quero me comunicar. Eu sou obviamente muito mimada, tendo colaboradores tão geniais para trabalhar". 

Questionada se ainda fica surpresa com tudo o que conquistou, a islandesa responde que sim: "Na minha cabeça, quando criança, sempre tive essa ideia romântica de estar em um farol com um instrumento de órgão de tubos, sendo uma compositora e meio que fazendo tudo sozinha. Eu não precisava de nenhum estímulo externo. Além disso, eu gostava tanto de estar sozinha. Nunca entendi a palavra "solidão". No que me dizia respeito, estava em uma orgia com o céu e o oceano, e com a natureza. Agora é tudo sobre milhares de pessoas, e estou me comunicando com elas de forma completa". 

Uma sensação de insatisfação com o resultado do próprio trabalho a motiva: "Sou muito dura comigo mesma. A cada álbum que lanço, sempre há um momento em que penso: "Merda, eu poderia ter feito isso melhor?". E então o truque, é claro, é usar isso como combustível para fazer outra coisa. Ao longo dos anos, aprendemos a usar a decepção como impulso para o próximo projeto? Tenho dias em que acho que estou muito satisfeita com a quantidade de trabalho que fiz, e tenho aqueles em que fico angustiada: Eu nunca vou conseguir fazer tudo o que quero antes de morrer. Fico tipo: "Inferno! Eu tenho apenas 50 anos para fazer tudo. Sua maldita preguiçosa". 

Foto: Sam Falls, 2011. 

- Björk em entrevista para Nylon Magazine, junho de 2001.  

Postagens mais visitadas deste blog

Sindri Eldon explica antigo comentário sobre a mãe Björk

Foto: Divulgação/Reprodução.  O músico Sindri Eldon , que é filho de Björk , respondeu as críticas de uma antiga entrevista na qual afirmou ser um compositor melhor do que sua mãe.  Na ocasião, ele disse ao Reykjavík Grapevine : "Minha principal declaração será provar a todos o que secretamente sei há muito tempo: que sou melhor compositor e letrista do que 90% dos músicos islandeses, inclusive minha mãe".  A declaração ressurgiu no Twitter na última semana, e foi questionada por parte do público que considerou o comentário uma falta de respeito com a artista. Na mesma rede social, Sindri explicou:  "Ok. Primeiramente, acho que deve ser dito que isso é de cerca de 15 anos atrás. Eu era um idiota naquela época, bebia muito e estava em um relacionamento tóxico. Tinha um problema enorme e realmente não sabia como lidar com isso. Essa entrevista foi feita por e-mail por um cara chamado Bob Cluness que era meu amigo, então as respostas deveriam ser irônicas e engraçadas...

Debut, o primeiro álbum da carreira solo de Björk, completa 30 anos

Há 30 anos , era lançado "Debut", o primeiro álbum da carreira solo de Björk : "Esse disco tem memórias e melodias da minha infância e adolescência. No minuto em que decidi seguir sozinha, tive problemas com a autoindulgência disso. Era a história da garota que deixou a Islândia, que queria lançar sua própria música para o resto do mundo. Comecei a escrever como uma estrutura livre na natureza, por conta própria, na introversão". Foi assim que a islandesa refletiu sobre "Debut" em 2022, durante entrevista ao podcast Sonic Symbolism: "Eu só poderia fazer isso com algum tipo de senso de humor, transformando-o em algo como uma história de mitologia. O álbum tem melodias e coisas que eu escrevi durante anos, então trouxe muitas memórias desse período. Eu funcionava muito pelo impulso e instinto". Foto: Jean-Baptiste Mondino. Para Björk, as palavras que descrevem "Debut" são: Tímido, iniciante, o mensageiro, humildade, prata, mohair (ou ango...

25 anos de Post - Conheça curiosidades sobre o álbum icônico de Björk

13 de junho de 1995: Há exatos 25 anos , era lançado Post , um dos trabalhos mais marcantes da carreira de Björk. Em comemoração a essa data especial, preparamos uma super matéria honrando a importância desse disco repleto de clássicos.  Para começar, conheça a história do álbum no documentário  dividido em dois episódios  na Websérie Björk . Os vídeos incluem imagens de bastidores, shows e diversas entrevistas detalhando a produção de Post e os acontecimentos daquela era. Tudo legendado em português !     Além disso, separamos vários depoimentos sobre as inspirações por trás das canções e videoclipes do álbum:  1. Army of Me: "Algumas das minhas melodias são muito difíceis para que outras pessoas possam cantar, mesmo que não envolvam técnicas específicas. Essa talvez é a única das minhas músicas que escapa desse 'padrão'. Me lembro de que, quando a escrevi, tentei ter um certo distanciamento. Me...

Saiba tudo sobre as visitas de Björk ao Brasil

Relembre todas as passagens de Björk por terras brasileiras! Preparamos uma matéria detalhada e cheia de curiosidades: Foto: Reprodução (1987) Antes de vir nos visitar em turnê, a cantora foi capa de algumas revistas brasileiras sobre música, incluindo a extinta  Bizz,  edição de Dezembro de 1989 . A divulgação do trabalho dela por aqui, começou antes mesmo do grande sucesso e reconhecimento em carreira solo, ainda com o  Sugarcubes . 1996 - Post Tour: Arquivo: João Paulo Corrêa SETLIST:  Army of Me One Day The Modern Things Venus as a Boy You've Been Flirting Again Isobel Possibly Maybe I Go Humble Big Time Sensuality Hyperballad Human Behaviour The Anchor Song I Miss You Crying Violently Happy It's Oh So Quiet.  Em outubro de 1996, Björk finalmente desembarcou no Brasil , com shows marcados em São Paulo (12/10/96) e no Rio de Janeiro (13/10/96) , como parte do Free Jazz Festival . Fotos: ...

A história do vestido de cisne da Björk

20 anos! Em 25 de março de 2001 , Björk esteve no Shrine Auditorium , em Los Angeles, para a 73º edição do Oscar . Na ocasião, ela concorria ao prêmio de "Melhor Canção Original" por I've Seen It All , do filme Dancer in the Dark , lançado no ano anterior.  No tapete vermelho e durante a performance incrível da faixa, a islandesa apareceu com seu famoso "vestido de cisne". Questionada sobre o autor da peça, uma criação do  fashion   designer macedônio  Marjan Pejoski , disse: "Meu amigo fez para mim".    Mais tarde, ela repetiu o look na capa de Vespertine . Variações também foram usadas muitas vezes na turnê do disco, bem como em uma apresentação no Top of the Pops .  "Estou acostumada a ser mal interpretada. Não é importante para mim ser entendida. Acho que é bastante arrogante esperar que as pessoas nos compreendam. Talvez, tenha um lado meu que meus amigos saibam que outros desconhecidos não veem, na verdade sou uma pessoa bastante sensata.  ...