"Cordas tristes e fervilhando deram a dica do início de "Stonemilker", enquanto Björk caminhava até o palco. "Orkestral" é uma série de concertos em que são apresentados arranjos acústicos das obras criadas pela islandesa, tocadas ao lado de músicos locais.
Muitas das canções se saíram notavelmente bem mesmo sem as batidas eletrônicas dos discos, especialmente "Hunter" e "Isobel". Em sua releitura orquestral, "Hunter" aparece lenta e arrastada, com as notas "deslizando" e que tornaram a música ainda mais sinistra do que em sua apresentação original há 25 anos. Ao longo do concerto, a orquestra executou com destreza as "falhas" e microbatidas das faixas, empregando técnicas como o pizzicato.
Havia limitações na capacidade da orquestra em replicar os sons inspirados nos fenômenos naturais da Islândia, peças centrais de "Homogenic" e "Vulnicura", mas talvez o objetivo não fosse emular, mas reimaginá-los.
A voz de Björk permaneceu extraordinária, expressiva e clara. Ela cantou sem a presença de backing vocals ou coros de apoio e soou quase idêntica às gravações de estúdio de décadas atrás. De gritos agudos a sussurros ao falar, sua voz mudou rapidamente, transmitindo raiva, tristeza e euforia, muitas vezes de maneira exagerada e teatral.
Björk é conhecida por sua estética idiossincrática, e estava usando uma máscara prateada com decorações semelhantes a uma orquídea. Embora haja algo anárquico em ela usar uma máscara assim enquanto podemos tirar a nossa, teria sido melhor se seu canto etéreo fosse acompanhado pela vulnerabilidade e expressividade de atriz que ela é mais do que capaz de entregar".
- "Financial Times" sobre o espetáculo de Björk em Berlim. A turnê "Orkestral" chega ao Brasil em 05/11, com show em São Paulo no festival Primavera Sound.
Foto: Santiago Felipe.