Pular para o conteúdo principal

Como a Sinfonietta de Lausanne se preparou para o show de Björk no Montreux Jazz Festival

Em 03/07, Björk voltou ao Montreux Jazz Festival pela primeira vez desde 1998. Na Suiça, a islandesa esteve acompanhada da Sinfonietta de Lausanne. No show, ela revisitou canções de diferentes momentos da carreira. Para o site Swissinfo, Emmanuel Dayer, o diretor executivo da orquestra, contou detalhes dos bastidores dessa parceria:

"Temos uma colaboração com o Montreux Jazz Festival quase todos os anos. É uma plataforma importante para nós em termos de visibilidade. Certos projetos musicais são obviamente mais divulgados do que outros. Faz parte do DNA versátil da Sinfonietta. Gostamos desse tipo de desafio. Também nos permite atingir outra audiência, variar nosso público. Quanto a Björk, não tem como recusar. Não é todo dia que temos projetos assim. É ótimo o trabalho que ela faz. É muito rítmica e enérgica. Ela tem um lado extraordinário, não consensual. É uma chance e uma vantagem para nossos músicos", explicou Dayer.

Para acompanhar Björk, foi solicitada uma orquestra de cordas local com 32 músicos. Um grupo composto por dez violinos, dez violas, dez violoncelos e dois contrabaixos. Já o maestro Bjarni Frimann Bjarnason, que faz parte da equipe de produção da cantora, administra toda a agenda de trabalho desse tipo de evento. O MJF fez o papel de intermediário com a Sinfonietta:

"Recebemos o programa musical, as partituras e todos os arranjos precisos há dois ou três meses. Nossos músicos tomaram conhecimento de tudo há cerca de duas semanas para trabalhar individualmente e depois em grupo", disse Emmanuel.

A orquestra só se reuniu pela primeira vez no sábado (02/07), para os dois ensaios previstos com o maestro islandês, que os músicos também encontraram pela primeira vez. Björk não esteve presente. Eles também se reuniram no domingo para a "passagem de som", o terceiro e último ensaio antes do show ao vivo, que começou às 20h30.

No final, isso representa apenas cerca de dez horas de ensaio coletivo, sem contar a preparação individual de cada um dos 32 músicos: "Não é necessariamente uma grande coisa, um grande projeto sinfônico. Mas é um trabalho muito intenso, muito técnico também, e com muita pressão. Claro, não temos tempo para ficarmos amigos da artista. O som, o volume, a frequência, as luzes. Tudo é cronometrado e medido. É o ápice do profissionalismo", comentou Dayer.

Muito além disso, o desafio para esses músicos estava na "magia ao vivo": "É preciso voar para que o público seja levado junto ao artista, e isso nunca é algo garantido. Tudo depende do artista, com quem é preciso criar uma conivência, uma cumplicidade", concluiu.

Sobre o show, o site TDG escreveu:

"Nuvens islandesas caíram no domingo à noite nos cais superaquecidos de Montreux. Primeiro muito literalmente com uma chuva de boas-vindas, depois mais simbolicamente com o show de Björk, que se seguiu ao de Nick Cave no dia anterior. Cinco anos depois de "Utopia", a inclassificável vocalista chegou ao palco precedida por um grande ponto de interrogação: o que poderíamos esperar dela depois de tantos anos? Todas as dúvidas foram dissipadas na primeira canção do setlist, "Stonemilker".

A cantora ainda é capaz de milagres de expressividade e modulação em sua voz. Apoiada pelas cordas da orquestra conduzida pelo jovem maestro islandês Bjarni Frimann Bjarnason, – você já deve ter visto um maestro de braços nus pelo menos uma vez na vida! – Björk imediatamente mostrou a predominância de seus vocais, peça central desse show. Talvez tenha sido esse desafio artístico maravilhosamente realizado que cativou a todos imediatamente.

Às vezes, essa comparação é exagerada, mas repito mesmo assim: no melhor dos casos, a música de Björk parece ser atravessada pelas forças elementares da água, do ar, da terra e do fogo, tão presentes na geografia islandesa pontuada por vulcões, geleiras, ventos e musgos.

Talvez não seja por acaso que, após uma primeira longa sequência sem faixas muito conhecidas do repertório dela, o início do segundo ato tenha sido com "Hunter". A sequência se desdobra entre títulos de "Homogenic", "Post" e "Vespertine". É assim até o final com “Pluto", que trouxe o desafio de traduzir uma peça tecnológica em um vocabulário acessível para orquestra. Um concerto que soou como um reencontro, com uma artista e sua lenda mais uma vez muito viva".

Setlist:
1. Stonemilker
2. Aurora
3. Come to Me
4. Lionsong
5. I've Seen It All
6. History of Touches
7. Black Lake
8. Hunter
9. You've Been Flirting Again
10. Isobel
11. Bachelorette
12. Jóga
13. Quicksand
14. Hyperballad
15. Overture
16. Pluto

Foto: Santiago Felipe.

Ensaios:

Postagens mais visitadas deste blog

Ísadora Bjarkardóttir Barney fala sobre sua carreira como artista e o apoio da mãe Björk

Doa , também conhecida como d0lgur , é uma estudante, funcionária de uma loja de discos ( Smekkleysa ), cineasta, cantora e agora atriz. Em abril, estreia nas telonas no novo filme de Robert Eggers , The Northman . Ela interpreta Melkorka , uma garota irlandesa mantida em cativeiro em uma fazenda islandesa, que também gosta de cantar.  O nome de batismo da jovem de 19 anos, é Ísadora Bjarkardóttir Barney .  "Bjarkardóttir" reflete a tradição islandesa de usar nomes patronímicos ou matronímicos . Ou seja, o segundo nome de uma criança é baseado no primeiro nome de sua mãe ou pai. Assim, "Bjarkardóttir" significa o "dóttir" – filha – de "Bjarkar". Isto é, de Björk . E Barney vem do pai Matthew Barney, que nasceu nos Estados Unidos.  Na nova edição da revista THE FACE , a artista falou sobre sua carreira. Ela vive entre Reykjavík e Nova York , onde nasceu em outubro de 2002. Confira os trechos em que citou a mãe, a nossa Björk.  " Sjón e min...

Saiba tudo sobre as visitas de Björk ao Brasil

Relembre todas as passagens de Björk por terras brasileiras! Preparamos uma matéria detalhada e cheia de curiosidades: Foto: Reprodução (1987) Antes de vir nos visitar em turnê, a cantora foi capa de algumas revistas brasileiras sobre música, incluindo a extinta  Bizz,  edição de Dezembro de 1989 . A divulgação do trabalho dela por aqui, começou antes mesmo do grande sucesso e reconhecimento em carreira solo, ainda com o  Sugarcubes . 1996 - Post Tour: Arquivo: João Paulo Corrêa SETLIST:  Army of Me One Day The Modern Things Venus as a Boy You've Been Flirting Again Isobel Possibly Maybe I Go Humble Big Time Sensuality Hyperballad Human Behaviour The Anchor Song I Miss You Crying Violently Happy It's Oh So Quiet.  Em outubro de 1996, Björk finalmente desembarcou no Brasil , com shows marcados em São Paulo (12/10/96) e no Rio de Janeiro (13/10/96) , como parte do Free Jazz Festival . Fotos: ...

Debut, o primeiro álbum da carreira solo de Björk, completa 30 anos

Há 30 anos , era lançado "Debut", o primeiro álbum da carreira solo de Björk : "Esse disco tem memórias e melodias da minha infância e adolescência. No minuto em que decidi seguir sozinha, tive problemas com a autoindulgência disso. Era a história da garota que deixou a Islândia, que queria lançar sua própria música para o resto do mundo. Comecei a escrever como uma estrutura livre na natureza, por conta própria, na introversão". Foi assim que a islandesa refletiu sobre "Debut" em 2022, durante entrevista ao podcast Sonic Symbolism: "Eu só poderia fazer isso com algum tipo de senso de humor, transformando-o em algo como uma história de mitologia. O álbum tem melodias e coisas que eu escrevi durante anos, então trouxe muitas memórias desse período. Eu funcionava muito pelo impulso e instinto". Foto: Jean-Baptiste Mondino. Para Björk, as palavras que descrevem "Debut" são: Tímido, iniciante, o mensageiro, humildade, prata, mohair (ou ango...

Sindri Eldon explica antigo comentário sobre a mãe Björk

Foto: Divulgação/Reprodução.  O músico Sindri Eldon , que é filho de Björk , respondeu as críticas de uma antiga entrevista na qual afirmou ser um compositor melhor do que sua mãe.  Na ocasião, ele disse ao Reykjavík Grapevine : "Minha principal declaração será provar a todos o que secretamente sei há muito tempo: que sou melhor compositor e letrista do que 90% dos músicos islandeses, inclusive minha mãe".  A declaração ressurgiu no Twitter na última semana, e foi questionada por parte do público que considerou o comentário uma falta de respeito com a artista. Na mesma rede social, Sindri explicou:  "Ok. Primeiramente, acho que deve ser dito que isso é de cerca de 15 anos atrás. Eu era um idiota naquela época, bebia muito e estava em um relacionamento tóxico. Tinha um problema enorme e realmente não sabia como lidar com isso. Essa entrevista foi feita por e-mail por um cara chamado Bob Cluness que era meu amigo, então as respostas deveriam ser irônicas e engraçadas...

Nos 20 anos de Vespertine, conheça as histórias de todas as canções do álbum lendário de Björk

Vespertine está completando 20 anos ! Para celebrar essa ocasião tão especial, preparamos uma super matéria . Confira detalhes de todas as canções e vídeos de um dos álbuns mais impressionantes da carreira de Björk ! Coloque o disco para tocar em sua plataforma digital favorita, e embarque conosco nessa viagem.  Foto: Inez & Vinoodh.  Premissa:  "Muitas pessoas têm medo de serem abandonadas, têm medo da solidão, entram em depressão, parecem se sentir fortes apenas quando estão inseridas em grupos, mas comigo não funciona assim. A felicidade pode estar em todas as situações, a solidão pode me fazer feliz. Esse álbum é uma maneira de mostrar isso. "Hibernação" foi uma palavra que me ajudou muito durante a criação. Relacionei isso com aquela sensação de algo interno e o som dos cristais no inverno. Eu queria que o álbum soasse dessa maneira. Depois de ficar obcecada com a realidade e a escuridão da vida, de repente parei para pensar que inventar uma espécie de p...