"Eu costumo procurar extremos musicais nos meus álbuns e me perder neles. Como usei tantas flautas no "Utopia", meu disco anterior, não tinha um fundo. Tudo estava no ar. Depois disso, eu queria ir completamente para o outro lado. Frequentemente, não é muito diferente do que uma criança que descobriu um lápis de cor vermelho, e passa a pintar tudo com ele até se cansar e então obsessivamente começar a trabalhar com o azul.
Às vezes, escrever músicas é a maneira de me conhecer melhor e crescer espiritualmente. É como se eu estivesse tentando me ensinar a me tornar a pessoa que quero ser. É a minha forma de autoaperfeiçoamento.
Minha mãe era na verdade uma pessimista com ideais. Alguém que perseguia objetivos, mas também dizia que tudo acabaria mal de qualquer maneira. E quando ela voltava a ter um humor tão negativo, sempre tínhamos discussões com ela no papel de pessimista e eu no de otimista.
Sempre tento ser uma eterna otimista! O tipo de pessoa que se encarrega de animar o outro aconteça o que acontecer. Mas não podemos querer animar alguém com depressão dizendo: "Vamos, está tudo ótimo". Isso é contraproducente. A gente acaba sendo fascistas otimistas".
Questionada se a perda da mãe e o crescimento da filha a influenciaram como compositora, a artista respondeu:
"Então, essa é uma pergunta sobre como a imagem que temos dos nossos pais mudou depois que tivemos filhos, certo? Esse espelho dos pais em nós e o reflexo que temos em nossos filhos... Olha, acho que um álbum não é suficiente para dizer isso. Essa conscientização é um processo contínuo. Acho que não posso responder a isso até o fim da minha vida".
- Entrevista para o jornal De Volkskrant, setembro de 2022.
Foto: Santiago Felipe.