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A paixão de Björk pela música

Björk escolheu para seu novo álbum "Fossora", beats que dão aos ouvintes a sensação de estarem enterrados no solo. Ela é a arquiteta desse som.

Confira a tradução da entrevista para Hester Carvalho ao site NRC:

Em uma conversa via Zoom, Björk fala alegremente e por longo tempo. Se mostra mais acessível, talvez porque não podemos nos ver: "Minha câmera está quebrada", ela me diz. Ou seria por estar em casa em Reykjavík, com o sol brilhando de um jeito "incomum" durante um "período de enraizamento" que a artista diz ter lhe feito bem. No isolamento da pandemia, levou uma vida com tempo para amigos e família, caminhando todos os dias e ouvindo podcasts – principalmente sobre Carl Jung –, e encontrando as dez únicas pessoas de sua "bolha". 

Desde sempre, Björk trabalhou de acordo com suas próprias ideias. Segundo a islandesa, o amor fanático pela música e suas possibilidades vem desde a infância. Seus pais sempre tocavam discos, não tinham livros nem TV em casa. Ao longo dos últimos anos, ela sentiu a importância da música ainda mais intensamente. "Para mim, a música é uma companhia natural, mais do que as pessoas", ela diz rindo por um momento. "Acho surpreendente o ambiente de "confronto" em uma sala cheia de gente com quem temos que conversar. Uma canção traz um ambiente mais natural".

Uma música pode também parecer uma caverna, um espaço escavado no chão: "No novo disco "Fossora", os beats e ritmos que programei vieram na intenção de fazer o ouvinte se sentir como se estivesse em uma caverna. Nas profundezas, onde o chão treme e ressoa".

Ela trocou os encantadores sons agudos do álbum anterior, "Utopia", por uma profunda "terraplenagem", com o uso de clarones, e teve que planejar e ajustá-los para ter certeza de que os tons graves não atrapalhariam um ao outro: "Foi por isso que foi bom que tivéssemos tempo. Ensaiamos e gravamos na minha cabana nas montanhas. Lá todos dormimos, cozinhamos, ficamos presos com o carro na neve e por tentativa e erro encontramos a maneira de usar seis clarones de uma só vez. Essa é a vantagem da Islândia. Nos estúdios das cidades europeias, você tem que entrar com uma partitura pronta e tem uma hora para gravar!".

Outra parte da autoexpressão de Björk é a sua voz, que ela diz estar mais baixa hoje em dia: "Depois de cinquenta anos cantando, minha voz mudou, perdi um pouco da altura que tinha, mas consigo obter notas mais graves. É maravilhoso! Não vejo a hora de baixar ainda mais, tipo assim!", ela exemplifica o que quer dizer em um "canto rouco", como o de uma versão feminina de Tom Waits.

Nas novas músicas, os vocais vagam entre os sons de bateria, clarinete e eletrônica, que parecem deslizar como grandes blocos e, às vezes, se chocam com os ritmos dançantes do Gabber Modus Operandi, cujas canções faziam parte das "raves caseiras" de Björk na Islândia: "Eu e meus amigos comíamos em um restaurante, depois íamos para casa ouvir música nas minhas grandes caixas de som. Primeiro começando de um jeito mais quieto, depois com dance music e, finalmente, Gabber Modus Operandi, enquanto a gente ficava pulando para cima e para baixo em catarse, por cerca de quinze minutos. Às 11 horas da noite, todos iam embora, exceto aqueles que estavam passando por algum problema, como coisas do amor ou algo assim. Colocávamos uma música triste e conversávamos um pouco. Antes do [isolamento da] Covid, primeiro as pessoas falavam e então dançavam às 3 da manhã. Mas aí fico muito cansada! Prefiro fazer o inverso, dançar primeiro, depois falar. É disso que se trata o novo álbum".

Björk recomenda que as pessoas escutem as faixas bem alto nos maiores alto-falantes possíveis, e não em fones de ouvido: "Sente-se na sua poltrona em frente à caixa, aumente o volume e se deixe envolver por um mar de sons". Isso é especialmente verdadeiro para "Victimhood". A ideia para essa música veio do podcast sobre Jung. Como resultado, Björk mergulhou em suas ideias sobre os arquétipos psicológicos, especialmente os da posição de "vítima". "Existem cerca de cinquenta tipos de vítimas, de acordo com Jung. Pessoas que são cativadas por teorias da conspiração é uma delas, acham que estão sendo perseguidas. Eu queria ser honesta sobre isso, tipo: "Quando eu me sinto como uma vítima?"".

Primeiro ela foi honesta em seu diário, depois nas letras. "Minha vitimização surge no meu trabalho, quando as pessoas se reúnem, ou na minha família e grupo de amigos. Às vezes, não há harmonia entre as pessoas. Então eu faço o meu melhor para trazer isso de volta. Sacrifico meus próprios desejos e interesses em benefício do grupo, resultando em autopiedade".

O som dos clarinetes expressam essa ideia de autopiedade: "Eu odeio essa emoção. Em mim e nos outros". Björk diz que arranjou o som em "círculos tortuosos" para evocar a sensação de areia movediça. "Você afunda, afunda, afunda e não sai dali porque se acha tão patético".

Depois de caminhar na natureza islandesa, agora é a hora de se preparar para grandes apresentações novamente. Mas no dia da entrevista, ela não precisava pensar em mais nada: "Estou ansiosa para esta tarde, quando for para minha casa por alguns dias, passar um tempo com a minha família. Está dez graus lá fora. Chamamos isso de calor aqui!".

Björk também conversou com o site La Tercera do Chile:

Ela lembrou que houve um Natal em que em alguns cantos de sua terra natal, Reykjavík, a pequena capital da Islândia, muitas pessoas podiam ser encontradas vestindo roupas de origem chilena:

“Me lembro de ir aos mercados do Chile, porque um desses passeios foi pouco antes do Natal. Eu estava com mais 10 pessoas da Islândia e comprei muitas coisas, então quando voltamos demos todos os presentes de Natal para nossos parentes. Tantos meses depois, vi muitas pessoas no centro de Reykjavík usando chapéus, luvas e cachecóis chilenos, levamos toneladas de malhas do Chile para a Islândia. Até hoje conversamos sobre isso com quem esteve naquela turnê", explicou em uma entrevista via Zoom.

O confinamento na pandemia a levou a tomar a decisão de retornar permanentemente à Islândia, um caminho inverso ao berço depois de décadas viajando pelo mundo. Desde os 16 anos, ela não passava tanto tempo em seu país. "Devido à pandemia tive que passar dois anos na Islândia, sem viajar, o que amei profundamente, pois assim poderia estar com minha família e amigos, já que todos moram perto de mim. Tudo isso tornou esse período muito feliz, porque você está no seu ninho, na sua terra, com todas as pessoas que você ama. Foi uma sensação de muita felicidade!".

A sonoridade de "Fossora" é visceral, como se ela quisesse reiterar insistentemente a natureza direta de suas letras, tal como acontece em "Atopos" e "Ovule", "que são muito parecidas com "Army of Me" [nesse sentido]", ela diz a jornalista do site. "Eu queria a sensação de pousar na Terra. O fato de estar em casa devido à pandemia me fez chegar a essa sensibilidade de uma alegria e um calor que me levaram, por exemplo, a trabalhar com clarinetes, porque têm um som muito mais quente. "Utopia" é mais digital e "Fossora" tem sons mais relacionados à terra. Tudo isso se encaixa com a mensagem emocional que se quer transmitir: "Utopia" era sobre o ideal, um sonho de como se gostaria que a vida fosse. Acho muito importante sonhar e ter muita energia mental e intelectual, já que conectamos isso a vida pessoal através das letras das músicas, mas também está ligado a coisas mais universais. Por exemplo, poderíamos dizer que o Acordo de Paris é uma utopia moderna, porque se você ler o que ele estabelece parece muito distante e impossível, parece ser muito difícil de alcançar, mas em qualquer caso é importante tê-lo como objetivo ou meta. Por outro lado, "Fossora" não é mais sobre sonhos ou fantasia, mas sobre o presente, morando no lugar que lhe pertence e aproveitando a vida cotidiana. Mas ambas as situações têm o direito de existir. Temos as duas fases coexistindo em nossas vidas. Em alguns, sendo mais idealista, e em outros, mais funcional. E acho que meu novo disco é mais funcional".

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- Por que você diria que esse momento da sua vida é muito mais "terrestre"?

Porque acredito que todos nós sempre passamos por dois tipos de processos. Um em que estamos focados por três anos em algo e isso funciona para nós, e outro em que estamos focados em uma coisa para o mesmo período, mas com situações que acontecem no meio disso e que não podemos controlar. Agora aconteceu com a pandemia, por exemplo. E eu me senti assim ultimamente, com situações na minha vida pessoal, mas que não estavam sob meu controle. E é aí que se tem que reagir! Isto é, em última análise, parte de estar vivo e é parte das mudanças da vida. É importante estar aberto a isso e reagir sempre. A vida é o que planejamos, mas também o que ela joga em nós sem aviso prévio.

- Você passou pela morte de sua mãe em 2018, a quem você dedica duas músicas no álbum. Qual a maior marca que ela deixou em você?

Bom, é impossível responder a essa pergunta! Me lembro de ter lido um poeta, não lembro qual, que dizia: "Minha mãe nunca está na minha poesia, nunca escrevo poemas sobre minha mãe, mas ela está em todos". Eu acho que para todos nós, nossos pais estão sempre lá e é muito difícil explicar isso em uma única resposta em uma entrevista. Mas tentei encontrar uma resposta enquanto escrevia as letras dessas duas músicas, passei muito tempo pensando em como compartilhar isso com o mundo, como me sentia sobre ela e o relacionamento que tínhamos. Tentei ser muito honesta com isso, e com o lado negativo também. Ficou muito mais fácil para mim me expressar sobre ela através da música, porque passei muito tempo escolhendo as palavras precisas para as letras dessas canções, e sinto que dizem muito sobre o nosso relacionamento.

- Como outro exemplo do caráter mais pessoal do álbum, seu filho Sindri e sua filha Ísadora contribuíram com vocais. Por que você decidiu incluir sua família no processo criativo?

Bom, estávamos muito mais próximos durante o isolamento da pandemia e teria sido estranho não incluí-los no álbum. Além disso, ambos estão mais velhos, então pensei que se eu os convidasse para participar do álbum, já teriam maturidade para entender o bom e o ruim disso, pois é muito provável que muitas pessoas digam algo sobre essas participações, que perguntem. Então, eu acho importante que quando pedirmos a alguém para fazer parte do nosso mundo, que façamos isso com responsabilidade, por causa da maneira que pode afetar a outra pessoa. Além disso, meu filho mais velho era muito próximo da minha mãe, eles passavam muito tempo juntos, então foi muito natural ele estar no álbum. Ele me disse que queria fazer isso como uma forma de se despedir dela.

- Você se considera hoje uma pessoa nostálgica com sua vida ou com sua música?

Sim!

- Por que?

Eu acho que em muitas das minhas músicas, eu me conecto com a velha tradição melódica, com coros e arranjos de cordas que são sons muito comuns na música islandesa, então eu sempre tento colocar muito das minhas raízes na minha música. Mas também estou muito animada por estar no Século XXI e poder ser uma artista global, isso é muito importante!

Quando comecei a fazer música, a Islândia tinha sido colônia dos dinamarqueses há 600 anos e éramos maltratados, como é o caso das pessoas que foram colonizadas. Então, quando nos tornamos independentes em 1944, que foi muito próximo da época em que meus pais nasceram, eu fazia parte da primeira geração a ser criada por pais independentes. Fiz parte de uma geração punk na Islândia que muito fez para encontrar e definir a identidade do país, como aconteceu com muitos músicos brasileiros nos anos 60, quando artistas de diferentes cores e etnias se juntaram. Na Islândia nos anos 80, havia muita comemoração de que já éramos independentes, não éramos mais uma colônia, então nos aproximamos da nossa natureza, a transformamos em nosso elemento principal. Podemos ser globais e tecnológicos, mas sem sacrificar a natureza. É por isso que acho que a relação entre tecnologia e natureza na Islândia sempre foi amigável. Não aparecem como inimigas, como acontece no Reino Unido ou nos Estados Unidos. Se deve sempre ter em mente que se você é músico no Chile ou na Islândia, é importante ter um pé nas raízes, estar conectado com sua origem e autenticidade, assim como com coisas novas e com o momento em que está vivendo.

- Para você, ainda é muito importante continuar conectada com a música nova e isso transparecer no seu trabalho?

Sim. Estou sempre ouvindo música em casa, no carro, onde quer que eu vá. Estou sempre à procura de novas músicas e vendo o que está acontecendo. Também ouço música antiga ou clássica; Por exemplo, música folclórica do Japão ou do Azerbaijão, porque adoro música de todo o mundo. No meu novo álbum, eu trabalhei com o duo de música eletrônica da Indonésia, Gabber Modus Operandi, porque nós estávamos muito interessados ​​na música techno ugandense da África Oriental. Se você reparar, meus álbuns sempre tiveram uma variedade inegável. Algumas pop, algumas experimentais, algumas orquestrais, algumas com humor, tristeza e celebração. Todos os meus álbuns têm uma quantidade semelhante de músicas lentas e músicas rápidas!

- Em relação à tecnologia, você é uma criadora que sempre a usou para fazer e divulgar sua música. Por exemplo, "Biophilia" de 2011 foi concebido em um iPad e foi promovido como o primeiro álbum de aplicativo. Como você vê a relação atual entre música e tecnologia?

Eu acho que está lá! A tecnologia é uma ótima ferramenta, mas é mais sobre o que você faz com ela. E isso revela que tipo de ser humano você é. Com a tecnologia você pode curar, educar, como também pode destruir, expressar amor ou ódio. Tudo o que os humanos podem fazer pode ser expresso através da tecnologia. Então, enfim, depende da intenção, de como se usa.

- Junto com a tecnologia, outro de seus temas é o meio ambiente. Você tirou alguma conclusão sobre isso após o período de pandemia?

Achei que seria ótimo se os governos tivessem reagido da mesma forma que fizeram com a pandemia, mas no sentido de cuidar do meio ambiente. Teria sido muito bom se eles tivessem começado a promulgar leis para proteger nosso meio ambiente, porque durante a pandemia muita esperança foi dada, e foi mostrado que se podemos reagir fortemente a algo, não é impossível! Na verdade, muitas coisas milagrosas aconteceram, como descobrir uma vacina em um ano e entregá-la a milhões de pessoas. Então dá muita esperança! Se quisermos reagir a algo rapidamente, nós podemos.

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Outras questões que cercaram a carreira - e a vida - de Björk nos últimos anos são o feminismo global e o sexismo na indústria do entretenimento. Em 2017, ela logo se juntou ao movimento Me Too quando denunciou através de sua página no Facebook que havia sido assediada sexualmente por "um diretor de cinema dinamarquês". No presente, em 2022, um dos colaboradores de seu novo disco, Ican Haram, foi acusado de abuso sexual. Ele é um dos integrantes justamente da dupla indonésia Gabber Modus Operandi, e acabou reconhecendo a acusação em comunicado oficial. A dupla então pausou todas as atividades. A própria Björk decidiu editar a voz de Ican do single "Atopos" e eliminou a participação dele do videoclipe, bem como da faixa "Fossora".

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- Como o feminismo atual permeou sua forma de ver o mundo?

Eu acho que (o feminismo) é um trabalho em andamento, que ainda está crescendo, que está dando belos passos. As meninas nascidas hoje e suas filhas, viverão um mundo melhor do que as meninas nascidas há 20 anos. Isso é lindo!

Com o movimento Me Too, muitos de nós começamos a questionar nosso comportamento, o que é ótimo. Mas acho que as coisas não são preto e branco, cada incidente é diferente, nenhum de nós é juiz e cada um pode ter sua própria opinião sobre cada incidente que afeta as pessoas que trabalham com você ou que estão próximas a você. Sinto que é um movimento que está indo em uma direção muito boa, mas que ainda há muito trabalho a ser feito. Quando o Me Too começou, tudo era muito preto e branco. E agora é mais complicado, há uma área mais cinzenta, porque temos que olhar para cada incidente individualmente. Isso não é preto ou branco, é mais cinza. Isso não é fácil, mas podemos fazer juntos: somos sete bilhões de pessoas, e há muitas pessoas queer, gays, lésbicas. Sinto que estamos indo na mesma direção.

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Continuação da turnê: Além de passar pelo Brasil, em novembro de 2022 Björk se apresentará na Argentina e no Chile também como parte do festival Primavera Sound. A islandesa vai desembarcar com um espetáculo que, segundo ela mesma, reúne dois mundos. Ou, a rigor, as duas últimas produções com as quais excursionou. Por um lado, há "Björk Orkestral", onde só é acompanhada por uma orquestra de cordas - geralmente de origem local -, o que lhe confere uma certa fragilidade "desplugada" na performance. Do outro, surge a "Cornucopia", turnê que ela também vem apresentando recentemente, mas com dimensões bem mais exuberantes, com banda ao vivo, bases eletrônicas, tecnologia digital, som surround e imagens hipnóticas, o que ela batizou de "teatro digital".

"Estou fazendo as duas coisas no Chile, porque acho que é um bom equilíbrio. Com a orquestra de cordas vou tocar grande parte das minhas músicas, mas é um espetáculo onde elas também são importantes. Além disso, gosto muito de trabalhar com orquestras locais. E depois terei "Cornucopia", que é um teatro digital que preparei para o meu álbum "Utopia", embora também inclua músicas do "Fossora". São tipos de shows que eu realmente gostei de fazer. E os dois se apoiam artisticamente, musicalmente e financeiramente, para que possam coexistir. Ambos são parte de mim".

A cantora e compositora ainda acrescenta que hoje suas turnês tem datas muito mais espaçadas, devido ao cansaço de viajar pelo planeta em um ritmo avassalador. "Há 10 anos, decidi que não queria mais fazer turnês com 70 cidades em três meses, aquele tipo de turnê old school, aquela que eu acho que causa muito dano, não só ao meio ambiente, mas também para as pessoas que participam, porque é ir de uma cidade pra outra e depois pra outra e depois pra outra! É divertido por um tempo, mas o que aconteceu comigo é que prefiro passar um mês inteiro em um só lugar e ver o quanto consigo fazer naquele mês".

São os sinais de uma criadora hoje enraizada no mundo real, embora ainda seja único e do jeitinho dela!

Foto: Santiago Felipe.
Ilustração: Trenyce Tong para o Daily Trojan.


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