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A beleza do canto e do espírito criativo de Björk


Confira a tradução da entrevista de Björk para Rebecca Manzoni, que foi veiculada no programa de rádio francês Totémic:

Eu encontrei Björk em um dos salões de seu hotel em Paris (para a gravação do bate-papo). Ela apertou a mão de cada um (da equipe), e fez uma pequena reverência se equilibrando em enormes plataformas de couro.

Viajando pelo mundo desde muito jovem, o lockdown da pandemia, há dois anos, a levou a reencontrar o seu país de origem, passando mais tempo por lá do que o habitual. Um lugar onde uma mulher que se torna primeira-ministra não é nada de extraordinário, um país que não experimentou a revolução industrial da velha Europa.

Björk: Depois de todas as minhas viagens pelo mundo, acho que o que percebi é que apesar de termos nos tornado na Islândia um país moderno do século XXI, continuamos muito conectados com a natureza, ela faz parte do nosso dia a dia.

Rebecca Manzoni: Então neste disco tanto quanto nos anteriores e talvez até mais do que nos anteriores, se trata também de fazer ouvir essa Natureza?

Björk: Sim, às vezes quando quero descrever um som é mais fácil usar o visual. Em "Utopia" havia muitas flautas, sintetizadores, com sons relacionados ao elemento do ar. No entanto, "Fossora" é bem o contrário, é mais uma questão de cavar no chão, de afundar os pés na terra. Ou ficar em um lugar o tempo suficiente para fazer com que a gente crie raízes ou conexões fortes imediatamente com o que nos rodeia e o lugar em que vivemos.

Rebecca Manzoni: Qual o papel da caminhada na composição de sua música?

Björk: Comecei a cantar enquanto caminhava quando criança, essa atividade era normal para mim, nunca planejei compartilhá-la um dia. Não foi até muitos anos depois que eu decidi comentar sobre isso. Foi por esse motivo que meu álbum solo saiu muito tarde, eu tinha 27 anos, eu acho. Foi ali que decidi partilhar a minha "música de caminhada".

Rebecca Manzoni: É assim que você a chama? "Música de caminhada"?

Björk: É a primeira vez, com você hoje, que eu coloco dessa forma. Eu acho que muitos cantores ou compositores vão compor músicas no violão ou no piano primeiro. No meu caso, é andando ao ar livre que a coisa funciona. Pode parecer um pouco estranho, mas na Islândia andamos muito, é um aspecto importante do nosso modo de vida.

Rebecca Manzoni: Seis clarones, além de batidas tribais e techno, é em torno desses pilares sonoros que Björk construiu seu novo álbum "Fossora". Para suas pulsações, ela chamou uma dupla de DJs indonésios, Gabber Modus Operandi, e apresentou seu disco para eles, dizendo: "este é o meu álbum de cogumelos". Ela fez um tipo de música que "é como cavar na terra". Por que isso?

Björk: Para descrever o Gabber, primeiro tenho que citar a velocidade [do ritmo].

Rebecca Manzoni: E essa é a velocidade que você estava procurando?

Björk: Não foi planejado! Foi mais do que estar em quarentena. É que durante a pandemia, muitas das músicas ficaram bem lentas. E como todos começamos a organizar sessões de terapia e restaurantes na sala das nossas casas, e a improvisar como cabeleireiros; aquele ambiente também poderia se tornar uma boate nas noites de sexta-feira. E foi aí que a coisa do gabber entrou em ação para mim. Então tem várias músicas no álbum que são muito lentas, e depois de alguns minutos o ritmo fica muito rápido e forte. É quando você pode se levantar e dançar freneticamente. Então, no minuto seguinte, vai se sentar e tomar outro copo de vinho. É realmente uma balada em casa em tempos de pandemia.

RM: Existe um grande crítico de música chamado Alex Ross, que explica que na história do canto nós apagamos o máximo possível de tudo o que é físico: "estalos" da língua, o som da respiração, os ruídos da movimentação da boca. Mas você... você é alguém que faz isso ainda existir em sua voz. Essa é uma investigação específica para você?

B: Ah, obrigada! Eu tomo isso como um elogio! Acho que considerando todos os meus cantores favoritos do planeta... tenho pessoas de todos os lugares na minha playlist. Eu entendo totalmente o que você quer dizer. Essas são qualidades que eu mesma adoro! Como por exemplo o caso dos intérpretes de fado ou flamenco, e cantores do Azerbaijão ou do Paquistão, que aprecio muito. Acho que meu jeito de cantar é parecido com o folk ou o canto "étnico", que é mais sobre o corpo, e onde é permitido envelhecer. Você pode ouvir belas músicas da ilha de Okinawa no Japão, nas quais as pessoas podem cantar até os 90 anos, e apreciar as diferentes qualidades das vozes [de acordo com a idade delas]. Eu amo isso! Também tenho uma faixa favorita, de alguém da sua região, Louise Bourgeois, que infelizmente não está mais viva. Ela cantava canções de ninar quando tinha, sei lá, 80 anos? E isso enquanto fumava seu cigarro [Björk imita o canto de Bourgeois]. Ela cantava assim! E eu realmente gosto disso.

RM: Obviamente, cada álbum também envolve muito trabalho na imagem, na capa. A cada novo disco, você inventa uma personagem. Pode me descrever a personagem que ilustra a capa de "Fossora"?

B: Acho que foi isso que aprendi desde que comecei a fazer música, e já faz um tempo que melhorei visualmente com o passar dos anos. Eu as vejo um pouco como cartas de tarô do tipo "faça você mesmo". Por exemplo, para este álbum eu realmente queria estar no solo, então montamos uma cena em que eu estou no subsolo. As cores são escuras e evocam a terra. Mas em geral, considerando a posição do meu corpo na imagem e se estou mais ou menos próxima do "alvo", é apenas uma forma de descrever a sonoridade do álbum.

Fotos:
Divulgação/Reprodução.

RM: Você está ciente de como destruiu completamente as regras do pop e da música em geral, bem como da imagem e, em particular, da imagem das mulheres?

B: Mais um elogio, obrigada! Hmmm... eu não acho que eu realmente me importo. Estou mais interessada na maratona que vou correr até os 80 ou 90 anos e em ficar cada vez melhor. Admito que sim, sou contratada para documentar minha vida até a minha morte, mas não importa se o público é de três pessoas ou três milhões de pessoas.

RM: Realmente, isso importa?

B: Bom, obviamente, ficarei muito feliz se 3 milhões de pessoas ouvirem. Claro! Mas quando comecei a compor minha própria música ainda adolescente, em uma banda punk, tínhamos 17 pessoas nos nossos shows. Acho que ficou muito claro para nós que não íamos vender nossas almas ou nos comprometer para ganhar um público maior, nem nos juntarmos a gravadoras para fazer isso. Tínhamos outras empresas [na época] que vendiam Beethoven e ABBA, então para nós foi imediatamente muito fácil ver se fazíamos parte dos mocinhos ou dos malvados. E ainda trabalho na Islândia e na Inglaterra com o mesmo grupo de pessoas! Tive muita sorte de conhecer Derek Birkett da One Little Independent quando eu tinha 16 anos, que ainda é meu empresário, chefe da gravadora que faço parte e um punk anarquista.

Eu vou fazer uma declaração! (risos) Meus álbuns sempre foram os mesmos e isso não mudou, eles sempre foram assim. Um equilíbrio entre música eletrônica experimental, techno, baladas e pequenos e doces toques pop aqui e ali, não muito, apenas pequenos toques.

RM: O que muda com "Fossora" são as duas músicas dedicadas à sua mãe, "Sorrowful Soil" e "Ancestress". Que tipo de mulher ela era?

B: Ela era bem radical, eu diria. Nós nos mudamos e ela escolheu levar eu e meu irmão para fora de Reykjavík, uma carta perto de um rio. Eu não entendi muito bem naquela época. Agora eu entendo melhor! O que ela queria era nos tirar do mundo patriarcal. E fui criada fora de qualquer estrutura autoritária ou de qualquer disciplina. O que foi uma sorte para mim, porque não gosto de autoridade. Se eu tivesse que me submeter a qualquer autoridade, provavelmente teria ido muito mal. Então, sim, ela estava muito à frente de seu tempo. Mas talvez para outras coisas que uma mãe tem que fazer por um filho, ela não estava muito disposta. Mas é complicado julgar porque é algo geracional. Acho que sou de uma determinada geração que... não sei como se chama isso na França, mas para nós na Islândia é chamado de "os filhos com as chaves".

RM: "Os filhos com as chaves". Aquelas crianças que andam com uma chave no pescoço para irem para casa sozinhas.

B: Eu sou daquela geração! Então eu não acho que veio da minha própria mãe, foi mais uma mudança geracional. De volta para casa depois da escola, ficávamos sem supervisão por várias horas antes dos pais chegarem. Foi assim para todos os meus amigos na Islândia, e concordamos que foi bom para nós. Isso nos ajudou a construir o caráter.

RM: Neste disco, você é a filha, você é a mãe. Duas das músicas contam com a participação de seus filhos. A sua filha participou notavelmente da última delas, "Her Mother's House". O que você perguntou a ela, ao escrever a letra, Björk?

B: Bom, eu escrevi essa música e tenho um senso de humor muito estranho, digamos que é meu jeito de rir de mim mesma e meu jeito estranho de me despedir dela. Às vezes, sou muito leve no início quando ela sai de casa e, às vezes, sou muito desajeitada, sou muito ruim. Então essa música é como uma piada para rir de mim mesma ao soltar minha pequena enquanto ela sai do ninho! Eu me ofereci para escrever a letra para ela, então ela poderia dizer algo sobre a situação [se quisesse], mas ela é muito educada... (risos). "Você não fez um trabalho ruim, não se preocupe". Veremos! (risos).

RM: Você publicou uma série de podcasts ao mesmo tempo em que está lançando "Fossora". Os episódios falam sobre cada um de seus álbuns. Você disse que para isso, teve que assistir a entrevistas antigas suas novamente. Como você enxerga agora a artista que você era quando começou?

B: Boa pergunta. Hum... Acho que nos anos 90, como qualquer pessoa na casa dos vinte anos, eu era muito mais impulsiva, mais intuitiva. E aprendi à medida que envelheci a estar mais atenta ao subconsciente. Eu entendo melhor o que está acontecendo. À medida que envelhecemos, ganhamos em espessura, em complexidade, o que não é necessariamente melhor ou pior, é como maçãs e laranjas, é apenas uma coisa diferente uma da outra. Algumas coisas se tornam mais fáceis: em termos de técnica, organizar seu dia e sua energia mais facilmente, coordenar melhor [a relação] com seus entes queridos, respeitando seu próprio ritmo e sua própria energia. Fica mais fácil! Coisas assim. Quando eu tento pensar nesses diferentes períodos, eu diria que é o mesmo que com a minha voz, como eu já disse antes. Você ganha algumas coisas, você perde outras. Acho que há uma certa força na simplicidade do "Debut" e em sua natureza impulsiva. Às vezes, é a simplicidade! Mas também tem o fato de que hoje tenho mais ferramentas à minha disposição, sou melhor em produção, melhor em arranjos... Bom, não sei o que acrescentar! (risos). Essa é uma boa resposta?

RM: Sim Sim. O momento atual é ótimo!

B: Sim, acho que cada período da vida é ótimo! É apenas diferente para todos.

RM: Muito obrigada, Björk!

Björk: Ah, obrigada! Obrigada.

. . .

A islandesa também concedeu uma entrevista ao Le Point FR. Confira os destaques:

A vida em comunidade: "Sabe, é isso que fazemos na Islândia! Aqui, quando a música não está boa em um bar, a gente levanta, vai lá e muda! Acredito que a razão pela qual sobrevivemos milhares de anos nesta ilha é porque não temos realmente nenhum líder, nenhuma hierarquia. Finalmente, e muito menos do que em outros lugares! Encontramos o presidente no supermercado e na rua; quando uma criança cai e começa a chorar, qualquer um pode pegá-la e confortá-la. Somos uma grande família cuidando uns dos outros. Um dia eu estava com um amigo alemão em um restaurante, queríamos comer fora, então, sem esperar o garçom, peguei uma mesa, levei a louça suja que estava nela de volta para a cozinha, levei a mesa e as cadeiras para o lado de fora do lugar e nos acomodamos. Meu amigo ficou chocado! Se eu tivesse feito isso na Alemanha, teriam todos gritado, mas, na Islândia, é normal! Nós temos a sensação de administrar o lugar juntos! Acho que é por isso que temos tantos músicos aqui, todo mundo faz tudo, vai de banda em banda, não tem autoridade".

A volta ao cinema: "Cinema não era para mim! Eu vivo no mundo do som, ouço música o dia todo tão alto que você não consegue se ouvir falar, então no mundo da fala e do silêncio fico apavorada, como um peixe fora d'água".

A mudança do som de sua música: "Acho que todos os meus álbuns são experimentais, mas nos anos 90 eu era mais conhecida pelas músicas pop. No entanto, "Fossora" é uma mistura de  canções de ritmo crescente, mas também não é nada de Stockhausen! Reflete a variedade do que escuto: folk tailandês, techno africano, Beyoncé, músicas islandesas tranquilas… Assim como uma boa refeição, gosto de variedade! Para mim, uma música é um vaso maravilhoso que podemos jogar um problema dentro para tentar resolvê-lo.

A expressão: ""Ovule" é uma faixa punk muito feminina e aberta, que responde à masculinidade de "Atopos", como yin e yang. Não tenho nenhum problema com a ideia de gênero, acredito que somos femininos e masculinos ao mesmo tempo. Muitas vezes me senti queer, e dizem que minha música é queer. A partir da década de 90, fiz meus ensaios fotográficos com humor, para evitar os clichês da imagem da mulher sexy. A Islândia é um país frio, por isso não expressamos nossa energia erótica com cinta-liga no meio de tempestades de neve. Precisamos encontrar outras formas de expressar nossa sensualidade [risos]! Gosto da ideia de que a sexualidade se expressa de forma diferente no mundo. No Japão, por exemplo, a parte mais erótica do corpo é a nuca. Os islandeses são muito sexuais, e as mulheres podem expressar seu desejo, iniciar o sexo, de forma totalmente igual. Nunca rejeitei o masculino, apenas o patriarcado".

Foto: Nick Knight.

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