"Sendo uma cantora, as estruturas que a gente constrói dentro de nós com toda a respiração nos torna melhores em hiperventilar a cada semana.
Ao aquecer a voz, é quase como se estivesse construindo uma catedral dentro do crânio. E é uma sensação, que a parte espiritual de nós se torna maior. É uma das poucas coisas que realmente cresce à medida que se envelhece.
Cada álbum é sempre diferente! Eu gosto de vozes que soam mais velhas e profundas. A gente perde algumas notas, mas ganha outras também. Nos discos, eu tentei trabalhar com o que eu tinha naquele momento, não com o que eu tinha 10 anos antes.
Quando subi no palco alguns dias atrás, foi tão fácil entrar direto naquele lugar espiritual, fechar meus olhos e compartilhá-lo.
Eu chorei durante todo o show e pude sentir que as primeiras filas de pessoas também estavam mais emocionais.
No geral, sou mais introvertida do que extrovertida, mas se tiver tempo suficiente em casa e puder me preparar... Faço muito Kundalini Yoga e leio, moro no mesmo bairro e tenho os mesmos amigos que tinha desde a infância, estou em uma bolha muito segura...
Posso ir até lá e ser genuinamente extrovertida! Como fiz recentemente quando cantei em um show em Montreux, e literalmente olhei nos olhos de todas as pessoas que estavam na primeira fila. Eu me comuniquei genuinamente com elas. Mas então eu sabia que me transformaria em uma abóbora à meia-noite ou em uma pessoa reclusa".
- Entrevista para AnOther Magazine, 2022.
Foto: Santiago Felipe.