- Ocean Vuong, escritor: "Eu me pergunto sobre a relação do otimismo com a criação de arte. Acho que a inovação que a arte poderosa exige está ligada ao otimismo. O pessimista não tem interesse em inovação.
Acredito que isso, por um lado, é muito poderoso e podemos ultrapassar os limites e, por outro lado, vivemos na terra da fantasia. Você acha que ser excessivamente otimista está ligado a ser uma artista?".
- Björk: "Essa é uma bela pergunta! É um pouco perigoso generalizar. Dizem que, ao cozinhar, os músicos fazem ótimos molhos. Se você recebe convidados e abre a geladeira e cozinha o que estiver lá, pode pegar um músico (pelo estômago). Eles geralmente podem fazer um molho que combina cinco ingredientes muito diversos, e tudo aquilo faz sentido.
Então eu acho que isso é também como age o poeta, que usa a licença poética para trazer uma fluidez entre duas coisas, para que as coisas não fiquem estagnadas, para que possam se mover.
A conexão é importante, e é tão bonita em seu trabalho. Você é muito mais corajoso do que eu em incluir tudo. Você inclui não apenas as coisas otimistas e esperançosas, mas inclui muitas coisas sombrias. E ao criar essa corrente em torno de tudo isso, de modo que inclua toda a escuridão e a luz, é tão convidativo para o leitor, porque é algo verdadeiro e sincero. Eu amo isso no seu trabalho.
É por isso que tenho um pouco de vergonha da palavra "otimista", porque sim, ela nos tira da estagnação – mas meus artistas favoritos incluem tanto pessimismo quanto otimismo.
Sendo otimista ou "a guardiã da esperança" – dizendo aos outros: "Eu sou a luz e você é a escuridão", – acaba nos deixando presos em determinados papéis. Depois que minha mãe faleceu, passei por muita autorreflexão, me perguntando se também estou presa nesse papel com outras pessoas na minha vida.
A luz pode ser violenta. Essa postura de Pollyanna tem uma sombra".
- Entrevista para AnOther Magazine, 2022.