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Björk em defesa da natureza da Islândia

"Lembro que antes não estava muito interessada em política. Preferia colocar todo o meu esforço em fazer mais música, enquanto deixaria a política para os políticos. Mas sempre me preocupei com o meio ambiente. Foi isso que me fez começar a falar sobre política".

Björk percebeu que tem uma voz que as pessoas estão dispostas a ouvir e que precisava usá-la. "Nos últimos 25 anos, tentei trazer regularmente uma nova perspectiva, fazer as pessoas pensarem sobre o que podemos mudar".

A artista diz que não tem nenhuma lealdade a um partido político. De sua posição, ela descobriu que poderia envolver tanto ambientalistas ávidos quanto líderes do setor, desafiando-os a encontrar novas soluções:

"Na época, eles planejavam construir mais e mais usinas de fundição de alumínio, represando e prejudicando rios para energia hidrelétrica nas terras altas, até que não restasse mais natureza intocada".

Houve um despertar nacional, onde Björk e vários outros lutaram contra a maior exploração no deserto da Islândia: "Havia todo tipo de coisas que não podíamos parar, mas havia muitas coisas que conseguimos [impedir]. O que aconteceu desde então é uma nova apreciação pelo que a terra tem a oferecer.

Tivemos sorte que os turistas vieram, nesse sentido. Há desvantagens também, talvez, mas teve o efeito de deter a pesada industrialização que estava acontecendo. A indústria do turismo era mais lucrativa do que as fundições de alumínio".

Björk viajou por todo o país com outros artistas e ambientalistas, engajando os moradores na discussão sobre o futuro: "Nós os convidamos para conversar, da esquerda e da direita, pessoas da área de tecnologia, da área de meio ambiente. Todos foram convidados porque queríamos mais ideias.

90% das cidades pensavam que a única coisa que poderia salvá-las era a fundição de alumínio. "Ou conseguimos isso, ou todos temos que nos mudar para Reykjavík". Agora não é mais o caso".

Globalmente falando, Björk também sente uma mudança na mentalidade das pessoas: "Nós costumávamos estar em tal negação. 15 anos atrás, parecia que 90% das pessoas estavam em negação e 10% eram vistas como hippies loucos.

Hoje, 90% das pessoas percebem que o aquecimento global está acontecendo e 10% estão em negação. Você não precisa mais convencer as pessoas. Nós podemos falar sobre o que podemos fazer para reagir a isso. Não é apenas uma só coisa. Todos nós temos que mudar de um milhão de maneiras diferentes. E está acontecendo! Todos os dias, há alguma mudança positiva nas noticiários. Tenho expectativas extremamente altas para a próxima geração. Mas está acontecendo muito devagar, é claro".

- Entrevista ao Iceland Review, 2022. 

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