"Sente-se na sua poltrona em frente à caixa, aumente o volume e se deixe envolver por um mar de sons".
Essa é a recomendação de Björk para os fãs ouvirem o novo álbum, "Fossora", principalmente em músicas como "Victimhood".
A ideia para essa música veio depois que ela teve acesso a um podcast sobre Carl Jung. A artista decidiu mergulhar em suas próprias ideias sobre os "arquétipos psicológicos", especialmente os da "posição de vítima".
"Existem cerca de cinquenta tipos de vítimas, de acordo com Jung. Aquele que é cativado por teorias da conspiração é uma dessas pessoas, que acham que estão sendo perseguidas.
Eu queria ser honesta sobre isso, tipo: "Quando eu me sinto como uma vítima?"".
Primeiramente, a islandesa foi honesta em seu diário e depois na letra da canção:
"Minha vitimização surge no meu trabalho, quando as pessoas se reúnem, ou na minha família e grupo de amigos. Às vezes, não há harmonia entre as pessoas. Então eu faço o meu melhor para trazer isso de volta.
Sacrifico meus próprios desejos e interesses em benefício do grupo, resultando em autopiedade".
O som dos clarones expressam essa ideia de autopiedade: "Eu odeio essa emoção. Em mim e nos outros".
Björk explica que arranjou o som em "círculos tortuosos" para evocar a sensação de areia movediça. "Você afunda, afunda, afunda e não sai dali porque se acha tão patético.
Com o disco "Fossora", eu queria a sensação de pousar na Terra. O fato de estar em casa devido à pandemia me fez chegar a essa sensibilidade de uma alegria e um calor que me levaram, por exemplo, a trabalhar com clarones, porque têm um som muito mais "quente"".
- Entrevistas para NRC e La Tercera, 2022.
Ilustração: Trenyce Tong para o Daily Trojan.