"Na Islândia não há muita diferença, estamos sempre entre os 3 principais países onde as mulheres têm mais direitos no mundo. E não só minha família hippie me criou, mas também a Islândia, que é um país muito liberal nesse sentido, então não notei uma grande diferença.
Acho que comecei a perceber quando passei a viajar para outros países onde a diferença era clara, principalmente em outras áreas, como o mundo do cinema, por exemplo, é muito, muito diferente. Houve uma grande mudança e tenho certeza de que ainda está em andamento!".
- Como a Islândia conseguiu se tornar um modelo para o mundo em tantas áreas? Por exemplo, na educação.
"Primeiramente, gostaria de esclarecer que também temos muitos problemas aqui. Não é o paraíso, não quero dar a impressão de que a Islândia é o melhor lugar do mundo. Claramente, temos muitos problemas para resolver!
Mas acho que uma das razões pelas quais estamos indo bem em muitos aspectos é que, nesta era de globalização e problemas ambientais, vivemos em uma pequena ilha. E é realmente grande [risos] se comparada com quantas pessoas vivem aqui, 360.000 habitantes. Nossa ilha é quase tão grande quanto a Inglaterra.
Aqui tem muita natureza e espaço, e acho muito saudável o equilíbrio entre natureza e tecnologia, o equilíbrio com o urbano. Vivo numa capital europeia, mas estou na natureza, numa praia rodeada de montanhas. O equilíbrio entre natureza e civilização é muito saudável, é mais administrável, quando tantas cidades têm problemas ambientais.
Também acho que é porque fomos uma colônia dinamarquesa por 600 anos. Eles nos trataram muito mal, e talvez o que acontece quando as pessoas conquistam sua independência é que nasce a 1° geração, depois a 2°, e é como uma celebração de ter independência daqueles poderes colonizadores.
Eu diria que se você tivesse nos perguntado há 50 anos, não estaríamos na melhor posição, mas agora estamos porque possuímos nossa terra há tempo suficiente. Vamos ver onde estaremos em 50 anos. Talvez, a gente tenha fodido com tudo!
Estamos tão longe da Europa, que a Islândia se tornou uma espécie de matriarcado. Poderíamos discutir isso por muitas horas [risos], é um assunto complexo, que ganhou maior visibilidade no século XXI, muito mais rápido do que em outras culturas.
Também nos beneficiamos dos outros países escandinavos, porque sim, fomos colônia por 600 anos e foi horrível, mas ao mesmo tempo, em termos de socialismo, coisas como saúde e educação, mantivemos os melhores aspectos um do outro, acredito eu.
E se os países são capitalistas ou socialistas ou o que quer que seja, embora eu ache que a maioria seja capitalista, eles concordariam que a educação e a saúde funcionariam melhor em um sistema socialista, onde é gratuito.
Então sim, a Islândia tem muitas coisas boas, mas ainda temos problemas, temos muitos, não sei como chamá-los! Não sei, problemas "industriais", que querem transformar o país em uma enorme fábrica de alumínio e nós temos lutar contra isso todos os dias".
- Entrevista para Rolling Stone Spain, 2022.