Com um tipo de música tão bonita, complexa, sobrenatural e, às vezes, desafiadora como a de Björk, alguns podem se perguntar se ela cria apenas para si mesma ou se mantém as expectativas de seus fãs em mente enquanto trabalha:
"É uma daquelas perguntas que eu poderia dizer "sim e não"", ela responde quando questionada se considera seu público enquanto compõe.
"É sobre a generosidade da música, que é esse tipo de coisa mágica! Aprendemos muito rapidamente que os melhores shows são quando a gente é tão generoso que acabamos sendo egoístas. Ou tão egoístas que somos generosos, com essas duas coisas se encontrando no mesmo ponto. Quando se está preso no meio disso, não se consegue aquele momento universal.
Se você está tentando agradar 10 de seus amigos, seu parceiro, algum nicho de 10.000 pessoas por aí em algum lugar, críticos de música ou qualquer outra coisa, você interrompe o fluxo de alguma forma!
Mas se está trabalhando em si mesmo, como quando faz praticando ioga ou em uma caminhada, você está fazendo isso para seu próprio bem-estar! Esses momentos são aqueles em que realmente poderá ser o mais generoso. É esse tipo de contradição, que é mágica".
A ideia é que, em última análise, se você criar exclusivamente para si mesmo, sem qualquer consideração de partes externas, quase acidentalmente irá fazer um trabalho que ressoe mais forte com os outros:
"Sinto que, se for fiel à minha própria jornada e me concentrar nisso, a longo prazo, se você olhar para meus álbuns quando tiver 85 anos ou algo assim, acho que os momentos em que provavelmente fui mais generosa foram provavelmente os momentos em que fui mais egoísta.
Momentos em que eu estava tentando me curar de algum desgosto traumático ou algo assim. De alguma forma, eu estava criando algum tipo de bálsamo para mim. Esses são os momentos em que a gente realmente cria bálsamo para os outros.
Quando assisto a filmes, leio livros ou escuto canções, esse é o tipo de música que me nutre".
Björk acredita que quanto mais se pensa sobre isso, menor é a probabilidade de se ter sucesso: "É o tipo de coisa que, se você tem consciência, tipo: "Ah, se eu fizer esse bálsamo, pode ajudar essas pessoas" - acaba perdendo a magia. É uma pequena contradição estranha".
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Ao considerar sua contribuição para o mundo, Björk percebeu que está essencialmente contando sua própria história e nos deixando encontrar as partes disso que ressoam em nós. Ela vê as complexidades da vida como enigmas e reconhece que os enigmas de todos são diferentes. Isso não significa que não podemos nos relacionar com os desafios e alegrias dos outros:
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"Se penso nos meus ouvintes quando estou escrevendo? Sim, como documentarista. Mas eu faço isso [através] do relacionamento entre mim e eu mesma. Lidando comigo mesma e [meu] enigma, seja lá o que for. Se isso ajuda os outros [com] os enigmas que eles têm para lidar com eles mesmos, isso é incrível. É lindo que possa fazer isso também! Mas não posso pensar nisso como a principal razão pela qual estou fazendo o que estou fazendo, porque então é como dar um tiro no próprio pé. A magia vai parar de funcionar!".
- Björk em entrevista ao Double J, 2022.