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Björk comenta cada uma das faixas do álbum Fossora

A carreira de Björk é como uma longa descida ao inesperado. Em entrevista ao The Atlantic, a artista islandesa desabafa sobre seu poderoso novo álbum, "Fossora". Confira a tradução completa:

Após seus três primeiros discos solo, "Debut", "Post" e "Homogenic", ela passou por outras fases surpreendentes. Hoje, seu trabalho pode ser visto como "menos pop" do que costumava ser, mas a própria Björk não pensa nesses termos. Durante o bate-papo, ela discordou daqueles que dizem que suas coisas dos anos 90 eram mais divertidas:

"Talvez eles se lembrem de si mesmos em algum clube usando ecstasy, enquanto tocavam três remixes seguidos. No geral, os beats por minuto, a quantidade de frieza, a quantidade de algo experimental, a quantidade de "açúcar pop", a quantidade de momentos sérios e autorreflexivos... Acho que na verdade, tudo tem sido a mesma coisa em todos os meus álbuns".

Essa interpretação faz algum sentido quando sintonizamos nossos ouvidos na frequência de Björk e absorvemos suas intenções. "Fossora", seu décimo álbum solo, certamente leva algum tempo para nos acostumarmos. Isso não é apenas porque apresenta clarones, metais e cordas justapostos com o tempestuoso estilo de dança eletrônica conhecido como Gabber. O instrumento definidor de Björk, sua voz, continua sendo um desafio – e uma maravilha. Ela entrega melodias de forma imprevisível. Mas, e isso é crucial, elas têm uma forma.

Criado ao longo de cinco anos na Islândia, "Fossora" revela-se, com escutas repetidas, como caloroso, satisfatório e viciante: um convite para embarcar e cantar junto. As memórias da cantora e compositora, parte tratadas de um jeito filosófico e parte em aventura dançante, estão entre seus trabalhos mais gratificantes. Na Islândia, discutimos sobre a maioria das músicas do álbum:

1. Atopos: Filósofos usam o termo "atopos" para se referir a algo "inclassificável, de uma originalidade incessantemente imprevista", como escreveu Roland Barthes em um de seus livros, "A Lover's Discourse: Fragments". Tentar honrar a maneira como todos temos nossa individualidade em comum, é um meio de criar conexão. "Cada música é uma coordenada, uma coordenada emocional. Várias coisas estão nessa coordenada. Parte disso é pessoal, parte disso é universal, parte disso sou eu, parte disso são os meus amigos. É tudo em uma coisa só", ela explica.

2. Ovule: A oscilação musical dessa faixa reflete a letra. Björk fala sobre o amor ser um ato de equilíbrio, que a vida a ensinou a encarar. Depois de uma passagem dura por "divórcios mortais e demoníacos", tudo parece se resolver em um sentimento de renascimento: "De certa forma, é como uma irmã de "Atopos". "Ovule" é o feminino, o lado aberto, amoroso, que perdoa, o incondicional, o ponto zero, sem bagagem extra, o sensual, o erótico. E "Atopos" é o lado masculino, a bagagem, o problemático. Eu tenho que dar isso a ambas as músicas, no entanto na segunda metade delas, há uma transformação no meio, fazendo com que saiam do outro lado".

3. Mycelia: Evoca o trabalho feminino de criação e conexão. "Eu costumava fazer muito tricô, costura e crochê, especialmente quando criança. Acho que muito da minha edição no meu laptop vem disso. Quase se torna uma meditação".

4. Sorrowful Soil: Das duas músicas do álbum que abordam a morte da mãe de Björk em 2018, essa faixa é a mais triste, capturando o momento em que a artista e seu irmão começaram a perceber que não havia muito tempo para a mãe doente. A letra, escrita em um fluxo de consciência, apresenta o que ela chamou de "obituário biológico": "Você olha para uma jovem, e ela tem um dia de idade e já 400 ovos dentro dela. É realmente emocionante. E dois deles então se tornaram crianças". 

A forma como a voz de Björk se entrelaça com o Hamrahlíð Choir, coral da Islândia em que ela cantou quando criança, torna tudo mais comovente, talvez porque a regente de longa data do grupo, Þorgerður Ingólfsdóttir, fez parte da gravação: "Ela absolutamente insiste que cada pessoa na sala, emocionalmente, siga até a luz. Então, depois de uma sessão de coral, todo mundo fica eufórico".

Sobre a maestrina, Björk escreveu nas redes sociais, em 2018: "Acho que essa mulher incrível "batizou" todos os músicos islandeses que vocês conhecem".

"Sou muito grata ao Hamrahlíð por fazer isso comigo. A maestrina me disse que "Sorrowful Soil" é uma das músicas mais difíceis que eles já haviam ensaiado. A maioria das peças de coral tem quatro partes, mas essa canção tem nove. Acho que eles realizaram por volta de dezesseis ensaios. Passaram o verão trabalhando nessa música, e eles tinham muitas outras coisas para fazer, sabe?", disse Björk ao Iceland Review.

Para os artistas islandeses, Björk é a melhor no que faz, e colaborar com ela é uma honra. Quando se trata das oportunidades que ela oferece aos jovens artistas, a cantora e produtora se mostra humilde. "Decidi que pertenço ao limite, e atraio músicos e artistas visuais que se interessam por esse tipo de trabalho. O que é bonito em chegar a essa idade é que inadvertidamente nos tornamos professores. As pessoas nos procuram pelo conhecimento e experiência".

Embora ela aprecie a oportunidade de compartilhar suas experiências, mantém firmemente que é uma via de mão dupla. "Você pode dizer que eu os ensino, mas devo dizer que ninguém é tão generoso em colaborações quanto aquelas pessoas que estão começando. É muito divertido, essa energia e essa intensidade".

5. Ancestress: Com gongo, sinos e cordas, "Ancestress" homenageia ritualisticamente a vida da mãe de Björk – embora tenha seus momentos dolorosos, bem como indícios de conflito entre mãe e filha. "O equilíbrio entre "Sorrowful Soil" e "Ancestress", uma triste e a outra uma celebração, não é uma coincidência. Estou cutucando o volume e o peso de cada cor".

A certa altura, os instrumentos desaparecem e Björk comenta o momento da morte da mãe: "A máquina dela respirou a noite toda enquanto ela descansava. Revelou sua resiliência, e então não mais". O próximo verso é caloroso, refletindo uma epifania que ela teve: a de que pessoas vivas têm relacionamentos governados pelo ego, "mas quando essas pessoas morrem, se tornam um espírito, e não há conflito. É o elemento ar, em oposição ao elemento carne", explicou a cantora.

6. Fagurt Er í Fjörðum: Uma linha de teclado assombrosa acompanha a recitação de Björk das palavras de Látra-Björg, uma pescadora do século XVIII que, segundo diz a lenda, lançava feitiços com seus poemas. O primeiro verso celebra a beleza dos fiordes da Islândia; o segundo, traduzido, diz que quando sopram os ventos do inverno: "Não conheço lugar pior neste lugar mundano. O homem e a criatura então morrem".

Björk observou que, embora os estrangeiros muitas vezes associem a natureza à infância e à ingenuidade, "na Islândia, na verdade é o contrário. A natureza é realmente perigosa; você pode morrer facilmente se calçar os sapatos errados, caminhar até o vulcão, caminhar em uma geleira. São mais as pessoas adultas e maduras que assumem isso".

Para a Uncut Magazine, ela disse: "O verdadeiro problema com fazer caminhadas na Islândia é o clima. Para planejar grandes viagens, realmente precisamos de uma mentalidade de atleta. Ou você vai para Las Vegas ou se torna um meteorologista islandês. Na verdade, um famoso alpinista morreu recentemente aqui. Ele era um veterano da Antártida e do Pólo Norte, e fazia caminhadas nas terras altas da Islândia. Ele verificou a previsão antes de partir, estava todo preparado para sua caminhada, mas então o tempo ficou completamente maluco".

Björk contou ao Iceland Review que também estava experimentando canções folclóricas islandesas, algo que ela está considerando explorar mais [no futuro]. Após as canções sobre sua mãe, há esse arranjo de um poema de Látra-Björg, uma poetisa conhecida por sua sagacidade e intelecto, exaltando as virtudes de um lugar na Islândia quando o sol está brilhando, terminando em uma letra denunciando o mesmo lugar quando o tempo muda. "Quando eu estava decidindo a ordem das músicas do álbum, achei importante essa canção vir na sequência das faixas sobre minha mãe, como uma espécie de "limpador de paleta". É uma piada, bem como uma consideração de otimismo e pessimismo. Essa faixa era uma espécie de tema em nosso relacionamento, meu e da minha mãe, então achei que era muito apropriado". 

7. Victimhood: Um recente fascínio pelas teorias de Carl Jung levou Björk a escrever sobre autopiedade. Ela arranjou "longas notas de baixo" para se sentir "como lodo a cada passo, descendo quilômetros", encaixando-se na sensação de miséria sobre a qual ela canta. Os versos representam o momento em que "encontramos a solução e assumimos nossa própria vitimização. Se chamarmos pelo nome certo, isso apenas – ela fez um barulho de "puf" – evapora".

Björk disse que ficou curiosa com a maneira como os movimentos de direita e conspiradores que surgem no Ocidente foram alimentados por um sentimento de perseguição. No entanto, quando perguntei se a ideia politicamente carregada de "cultura de vitimização" estava em sua mente quando ela estava escrevendo essa música, ela disse que não. Mas "todos nós temos uma parte de nós que é vítima, e temos que assumir isso", me explicou.

8. Allow: Flautas sobrevoam essa faixa que veio das sessões do álbum anterior de Björk, "Utopia". Em 2017, Björk disse para Dazed que foi inspirada pela amizade dela com Arca: "Passamos muitos feriados juntas. Reservamos Airbnbs no Caribe. Andávamos pela selva, gravando pássaros. A letra é muito nós duas, nadando no oceano por dias. No 9° dia, essa canção apenas aconteceu".

Na época, a Dazed definiu a faixa como uma das mais diretas e melódicas que ela havia tocado durante a entrevista. Segundo a publicação, é uma música que ilustra bem a maneira como o relacionamento das duas se desenvolveu ao longo do tempo.

Ao The Atlantic, Björk contou que sentiu que "Allow" se encaixava em "Fossora" por causa de seu "peso percussivo". Com várias partituras de 12 flautistas editadas em conjunto, "Allow", influenciada pelo afrobeat, apresenta "basicamente 60 flautas tocando padrões rítmicos", disse ela. A artista pensou nas letras esperançosas enquanto caminhava no Caribe. "É quase como ioga, uma espécie de meditação. É apenas eu falando comigo mesma para estar presente naquele momento".

No Instagram, Emilie Nicolas, que também canta na faixa, escreveu: "Não posso acreditar que sou parte disso e que posso brilhar em sua linda luz, Björk!!!!".

A empresária de Emilie Nicolas, disse em um e-mail ao site Dagsavisen: "Em 2019, a equipe de Björk nos contatou quando ela fez um show em Oslo, no Spektrum, convidando Emilie para assistir ao espetáculo. Björk é uma fã sincera de Emilie, e é claro que o sentimento é mútuo. Depois daquela noite, as duas mantiveram contato, e isso resultou em uma composição juntas, com a gravação vindo depois. Temos uma boa colaboração com a equipe dela e estamos realmente felizes por esse lançamento".

Após receber a faixa por e-mail e estudar a letra, a artista gravou seu verso em plena gravidez. "Emilie era um elemento importante das discotecas da minha casa. Quando terminávamos, a gente sempre tocava a música de Emilie antes de ir para a cama. Ela é a nossa queridinha norueguesa! A voz dela é simplesmente incrível, ela nunca "grita" para nós. Quando ouvimos os vocais dela em fones de ouvido, percebemos tantos tons diferentes! E não é ostensivo, mas muito autêntico. Ela me lembra Liz Fraser nesse sentido", disse Björk para a Uncut Magazine.

Como uma fã de Björk que ouvia "Army Of Me" todos os dias depois da escola, Emilie ficou surpresa com a oportunidade de cantar com seu ídolo. "Eu derramo lágrimas até agora pensando nisso. Björk me convidou para encontrá-la nos bastidores do show dela em Oslo e eu chorei por uma semana. Parecia tão ilusório [isso acontecer]!", explicou a artista para Uncut Magazine. "Quando ela me pediu para cantar com ela, a última coisa que eu queria fazer era copiá-la. Resolvi fazer as coisas do meu jeito, do meu próprio jeito! E essa é a coisa mais difícil em que já trabalhei! Entender os desejos dela e sentir a música, é muito difícil quando não se está no mesmo lugar que a pessoa. Mas quando ela me enviou a música finalizada em que cantamos juntas, foi demais. Eu pensei comigo mesma: "Bom, ok, você pode morrer amanhã. Você fez tudo!

Acho que Björk é uma cantora de jazz, embora não precise de limites de gênero musical. Pessoalmente, me sinto como uma musicista de jazz quando escrevo canções. Eu improviso e uso todos os elementos da composição. Meu horizonte musical se expandiu dramaticamente quando estudei jazz. E acho que Björk tem os superpoderes de uma artista de jazz. Com base no que você já ouviu, você cria algo novo, inédito, nunca visto antes. Eu nem sei como descrever o jazz, mas é uma boa definição!".

9. Fungal City: Björk explica que a música do autor de livros infantis Thorbjørn Egner e um análogo norueguês do Dr. Seuss, inspirou em parte os sons alegres de sopro em faixas como "Fungal City". Mas Björk queria que seu sexteto de clarones fizesse uma versão "adulta" e "erótica" desse estilo, que fosse condizente com a intimidade de suas letras: "O corpo dele caligrafa o espaço acima da minha cama. Assinaturas horizontais na minha pele".

Essa letra pode deixar os ouvintes curiosos sobre com quem ela está namorando, mas Björk está mantendo essa informação em segredo. Quando ela se tornou uma celebridade nos anos 90, "houve momentos em que eu me deixei levar e compartilhei demais. E eu aprendi muito rápido, que ninguém está feliz. A imprensa, eles não conseguem o que querem. Você não consegue o que quer. A pessoa que você ama, eles estão fodidos! Mas agora, aprendi onde posso ser muito, muito vulnerável ao compartilhar, como muitas dessas letras já fazem. Mas eu escolho bem as frases".

"Fungal City" apresenta o cantor Serpentwithfeet, que é um exemplo da influência de Björk em artistas queer. Sobre os ouvintes LGBTQIA+, ela especulou que "não há muitos espelhos nos quais você possa se ver, especialmente em algumas sociedades. Mas então, quando você vê uma coisa matriarcal, provavelmente é reconfortante".

Serpent escreveu em post no Instagram: "Neste ponto, já participei de duas músicas de Björk (incluindo "Blissing Me" de 2017) e estou em choque! Não sei de quem veio o bom karma que herdei, mas obrigado!!!".

"Ele é o meu amigo do peito!", disse Björk para a Uncut Magazine. "Nós éramos inseparáveis no Brooklyn. Antes de eu sair de Nova York, fomos a todas as festas geeks que nenhum de nossos amigos queria ir e tomamos muito champanhe juntos".

10. Trölla-Gabba: Esse interlúdio de techno, assistido pelo beatmaker indonésio Kasimyn, oferece ao ouvinte "uma pequena pausa, ou um sorvete", disse Björk.

11. Freefall: Björk conta que as cordas sonhadoras de "Freefall", foram gravadas em uma igreja islandesa: "Não é coincidência que a civilização ocidental tenha descoberto a psicologia ao mesmo tempo em que os quartetos de cordas se tornaram enormes. As pessoas que estão juntas em quartetos de cordas há, tipo, 30 anos, dizem que é como um casamento com quatro pessoas. É a comunicação humana na forma mais intensa, tanto positiva quanto negativa".

Essa sensação de proximidade quase desconfortável complementa o desejo de Björk de se reunir com outra pessoa, um desejo de longa data em sua música. "Às vezes, quando as pessoas pensam que estou convencendo alguém a mesclar [em uma música], na verdade estou falando comigo mesma. Estou dizendo para mim: "Seja mais aberta"". Tentando se relacionar, ela disse que esse "realmente é o tema da nossa vida, não é?".

12. Fossora: A faixa-título destila os motivos por trás do álbum - cogumelos, clarinetes, beats fortes - em um festival barulhento. "Enfim ficamos em um lugar por tempo o suficiente", Björk suspira durante a seção de encerramento absolutamente maluca da música, reconhecendo o período de inatividade imposto pela pandemia que inspirou o álbum. "Fossora" tem tudo a ver com "criar raízes e ficar muito aconchegante com seus amigos. É uma celebração de que tudo que a gente precisa está naquele buraco".

13. Her Mother’s House: O som do instrumento "corne inglês" suspira ao longo deste dueto suave entre Björk e sua filha Ísadora. A música – como, de certa forma, as faixas anteriores sobre a mãe de Björk – é uma despedida entre gerações, embora Ísadora não tenha saído da vida de Björk. "O que eu entendo sobre a cultura dos Estados Unidos é que é um rito de passagem: aos 18 anos, a criança vai embora. Na Islândia, é mais parecido com o que se tinha 150 anos atrás, com as gerações permanecendo juntas".

"Acho que Ísadóra é sua própria pessoa, com certeza. Consigo ver nela coisas belas de seu pai e também minhas, mas o importante é a sua individualidade. Ela é muito independente e autossuficiente, muito trabalhadora, e fico feliz que a sua voz seja bonita e diferente da minha. Isso é algo bom, dá mais espaço para que ela seja quem ela é", festeja Björk ao responder pergunta do O Globo.

As letras de Björk sugerem que ser protetora e amorosa é uma forma de garantir a eventual independência de sua filha. Então, em um verso escrito por Ísadora, sua filha descreve "um balão coberto de barro", que ainda é capaz de flutuar: uma imagem que une os temas do álbum – materno, terreno e esperançoso.

No stories, Ísadora postou: "Orgulhosa de nós além das palavras. Parabéns pelo álbum, e muito obrigada por confiar a mim uma parte dele".

Em entrevista para Rebecca Manzoni em uma rádio francesa, Björk disse: "Bom, eu escrevi essa música e tenho um senso de humor muito estranho, digamos que é meu jeito de rir de mim mesma e meu jeito estranho de me despedir dela. Às vezes, sou muito leve no início quando ela sai de casa e, às vezes, sou muito desajeitada, sou muito ruim. Então essa música é como uma piada para rir de mim mesma ao soltar minha pequena enquanto ela sai do ninho! Eu me ofereci para escrever a letra para ela, então ela poderia dizer algo sobre a situação [se quisesse], mas ela é muito educada... (risos). "Você não fez um trabalho ruim, não se preocupe". Veremos! (risos)".

Para Elle, Björk disse: "É uma música engraçada sobre eu ser uma espécie de pêndulo que ou se agarra demais ou solta demais".

Spencer Kornhaber, setembro de 2022.

Nos texto de agradecimento publicado no encarte do álbum, Björk escreveu:

"Acima de tudo, eu quero agradecer aos membros dos meus magníficos "alojamentos da quarentena" pelo entretenimento fértil e companheirismo da mais alta qualidade. Oddný Eir, Gabriela, Maggavil, Viðar Logi, Jón Albert, James, Maggastín, Hrafnhildur, Edda, Halli, Húbert, Tobías, Sjón & Andrea. Neste ninho na Islândia, eu aproveitei a presença da minha família, meus pais, irmãos, seus parceiros e filhos mais do que o habitual!!! Me senti mimada!!!

Milionésimo abraço à equipe de Reykjavík que fez esse álbum comigo: Bergur, Hilma, Soraya, os clarinetistas e músicos que tocaram óboé, Una e a orquestra de cordas, Þorgerður & The Hamrahlið Choir, o septeto de flautistas Viibra e Side Project. Grande abraço aos convidados globais: os magníficos Heba, Emilie, Josiah, Gabber Modus Operandi e Jake Miller.

Meus maravilhosos colaboradores visuais foram James Merry, Viðar Logi, Heimir, M/M, Andy Huang, Nick Knight, Neri Oxman, Hungry, Sunna e Tomihiro Kono. E é claro que eu não poderia fazer nada disso sem a minha equipe: Kata, Catherine, David Levy, Tómas, James Harman & Chiara. Gratidão pelo apoio consistente ao longo dos anos a: Jefferson, Adi, Alejandra, Ko, Anohni, Meredith, Louise Neri, Alex Ross e Joanna.

Eu quero agradecer a Bergur (música) e James (visual) por serem minha espinha dorsal nesse álbum. Minha âncora em bons e maus momentos: Ási e Rosamary. Derek!! Este é o 40º aniversário do nosso dueto de ação ininterrupto!! Eu estou extremamente grata! Jóga, eu simplesmente reverencio a você! Acima e além do apreço aos meus mais próximos: Alex, Asa Quartz & Morgan.

E eu tenho a sorte de viajar para sempre através disso na companhia dos melhores: Dóa & Sindri !!!".

Em entrevista para Apple Music, a artista explicou:

"Acho que esse é o tempo mais longo que já levei para fazer um álbum. Quase cinco anos! E eu realmente amei isso, porque geralmente estou com tanta pressa que fico tipo: "Oh, já tem três anos. Isso aqui vai servir!", e eu só tenho que passar para a próxima coisa. Mas eu me permiti gastar mais tempo dessa vez".

O isolamento na pandemia, que a atingiu depois que ela começou a escrever algumas das músicas que apareceriam em "Fossora", também inspirou a forma como suas canções inebriantes evoluíram, assim como a morte de sua mãe, que serviu de base para duas delas. "Há muitas músicas que são muito calmas, e então elas têm um desenvolvimento lento. Talvez seja um pouco baseado em como [na Islândia] estávamos relaxando na pandemia em nossas casas, transformando-as em restaurantes e espaços relaxantes e todo tipo de coisa. Mas então, geralmente em uma noite de sexta-feira, ainda precisávamos dançar um pouco, então apenas tomávamos uma atitude e transformávamos o chão da nossa sala em uma pista de dança. Eu queria tentar capturar todas essas coisas nesse álbum!".

Ao escrever "Fossora", Björk teve seus pertences enviados de Nova York para a Islândia. A artista conta que pela primeira vez em duas décadas, ela tem todas as suas coisas em um só lugar. "Isso exagerou aquele sentimento de: "Sim. Pelo menos, estou em casa. Eu amo isso!". Eu estava fingindo que era um aldeã de verdade. Algo do tipo: "Vou caminhar até o café, encontrar e ver todos os meus amigos; e tomar um chocolate quente. E então eu vou andar de volta pra casa, ir para a piscina" e levar o tipo de vida normal, mas ainda cercada pela natureza".

Em publicação no Instagram, Bergur Þórisson, engenheiro de gravação, disse: "Nos últimos anos, tive a sorte de trabalhar com Björk por incontáveis horas nesse álbum magnífico. Foi uma honra trabalhar com a pessoa incrível que ela é. Ela trabalha mais do que qualquer outra pessoa e sempre navega em águas desconhecidas em busca de novos desafios, vasculhando em poços infinitamente profundos de sabedoria e experiência. Obrigado, Björk por me levar nessa jornada, por fazer um álbum juntos em uma "bolha de Covid" e carregar todas as pessoas que se juntaram a nós de uma forma ou de outra".

Sobre Bergur, Björk postou: "Foi uma benção estar isolada na pandemia com o incrível Bergur. Ele não é apenas um engenheiro de som excepcional, mas também um ajudante maravilhoso com partituras, gravação de coros, cordas e clarinetes. Também tocou trombone em "Ovule" e tem um talento incrível em montar estúdios de gravação em qualquer galpão, cabana ou quarto de hotel em que a gente esteja. Mas acima de tudo sou grata por sua presença bem-humorada ao longo da criação de "Fossora", seu entusiasmo e a sólida curiosidade sobre a música, que me inspiraram. Obrigada, Bergur! É um prazer trabalhar com você!".

Heba Kadry, engenheira de mixagem e masterização, postou: "Obrigada Björk por sua generosidade, sua confiança em mim, sua brilhante mente de produção e por sua procura em cavar mais fundo e encontrar as estruturas musicais e ideias mais avançadas que me deixam de queixo caído! Agradeço por apenas me deixar fazer parte da tapeçaria de som iridescente que você tece. É como tecer mágica. Foi uma honra inacreditável trabalhar nesse álbum com Björk.

Depois de longas semanas de mixagem, foi muito bom tocar essas músicas no estúdio e dançar sem parar! Obrigada, Bergur por seu incrível trabalho de engenheiro de som, tocando trombone e sendo o melhor companheiro da equipe de engenharia nessa jornada. Em 2021 e 2022, Björk e eu mixamos "Fossora" em Reykjavík na casa dela. Depois, nós chegamos à linha de chegada no estúdio de Bergur perto do porto em Reykjavik. Passamos um mês por lá no início deste ano mixando e masterizando o áudio espacial do álbum. E em seguida, finalmente no meu estúdio em Dumbo, Brooklyn. Toda a masterização foi feita no meu estúdio em Brooklyn, NY".

Sobre Heba, Björk postou: "Querida, você foi tão acima e além da descrição do seu trabalho em "Fossora"!! Tanto mixando quanto masterizando, com milhões de ligações nossas. Eu estou tão agradecida!!! O seu coração e alma também estão batendo nesse álbum. Eu estou tão agradecida!!! Eu sou grata em como você realmente se importou com isso! O "som grave" do cogumelo é nosso!!!".

Björk inaugura novo website dedicado ao álbum "Fossora":

"Quando estava pensando em como eu queria compartilhar os visuais do álbum com você, queria que fosse um link 2D direto. Desta vez, sem realidade virtual e aplicativos, apenas pequenos filmes, mas talvez com algo mais digital em torno disso. Um lugar com letras, informações sobre os músicos, a história por trás da canção, mas tudo reunido no mesmo lugar!

Foi assim talvez por causa do quanto eu me inundei em filmes nos últimos anos. Eles se tornaram minha vitamina, os meus amigos. Só que depois de assisti-los eu queria mais informações, novos ângulos, inspiração. Queria descobrir mais sobre as pessoas envolvidas. 

Sou grata aos programadores da Squarespace por me ajudarem a programar todo um território online em torno da minha nova música. Me disseram que isso ainda não havia sido feito antes dessa maneira, então obrigada por se arriscarem comigo!".

Björk em post nas redes sociais. 

No vídeo de divulgação, ela diz: "A natureza é a minha música. Eu sou a natureza! Isso nos traz mais para o nosso corpo e para fora de nossas cabeças. A maioria dos meus álbuns sempre começa com um sentimento. A sensação no início de "Fossora" era apenas aterrissar, enfiar os pés no solo e ficar no chão. É um álbum de cogumelos. Sim, está enraizado. Sim, é subterrâneo. Mas é feliz e vibrante! Eu sempre me vi como a guardiã da ponte entre a música e o visual. Sonoramente, estou trabalhando com muitos graves, clarones graves, perfurando o solo.

Os designers gráficos com quem trabalho apareceram com vegetais e fungos digitais lindos e de aparência deliciosa. Vamos colocá-los em todas as capas de álbuns, vídeos e sites. Tenho colaborado com o Squarespace para criar uma página para cada vídeo. Ficou muito claro que iríamos buscar uma sensação fluida. Não haverá linhas retas, como acontece com os organismos vegetais subterrâneos. 

Cada vídeo é quase como um universo. As pessoas poderão ter acesso às letras, ou ver alguns dos colaboradores com quem trabalhei, e assim por diante. Para "Fossora", eu realmente quero que o maior número possível de pessoas veja o site! Foi um processo muito agradável para mim".

Confira o resultado clicando AQUI.
Vídeo de divulgação disponível AQUI.

Programação: Squarespace.
Fungos digitais e Tipografia: M/M (Paris).
Animação: Andréa Philippon.

Foto: Vidar Logi.

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