Pular para o conteúdo principal

Björk documenta diferentes fases da vida através da música


"Sinto que meu papel como cantora e compositora é documentar a vida de uma mulher passando por todas as diferentes idades e fases da vida. Eu lia muito os diários de Anaïs Nin quando eu tinha 20 anos. Lia tanto que as pessoas me perguntavam: "Por que você está lendo tanto ela? Tipo, ela é boa, mas não é tão boa".

Fiquei muito fascinada com a forma como ela começou a escrever diários aos 11 anos, e ela fez isso até a morte [aos 73 anos]. E acho que à medida que envelheço, entendo melhor por que fiquei tão impressionada. Não conheço outra artista que tenha documentado sua vida com todos os períodos sendo igualmente importantes.

Decidi subconscientemente: "Uau, é isso que vou fazer. Quero documentar todas as etapas da vida. Eu quero que uma música que eu escreva seja tão importante quando eu tiver 20, 30, 40, 50, 60, 70, 80".

É a sua conversa consigo mesmo, e como você lida com o que está ao seu redor. Todas essas etapas merecem a mesma atenção. Todas tem desafios e benefícios, coisas que são mais fáceis e que são mais difíceis.

Eu estava preparada para apenas três pessoas me ouvirem. Não importava se fossem 100 ou milhares, o que quer que fosse – eu estava nisso para o longo prazo! E era um tipo de feminismo silencioso que eu não entendia na época".

Björk diz com orgulho que não leu todos os livros de Anaïs Nin. Ela quer se relacionar com cada um deles o mais forte possível:

"Até hoje, só leio os diários dela até a faixa etária em que estou. Quando eu tinha 20 anos, li os livros dela sobre quando ela tinha 20 anos. Aos 40, quando ela estava na casa dos 40. Então, na verdade, eu ainda não li os diários em que ela estava mais velha do que eu. Guardei para os meus 60 e 70 anos".

- Entrevistas para Double J e AnOther Magazine, 2022.

Foto: Vera Palsdottir.

Postagens mais visitadas deste blog

Debut, o primeiro álbum da carreira solo de Björk, completa 30 anos

Há 30 anos , era lançado "Debut", o primeiro álbum da carreira solo de Björk : "Esse disco tem memórias e melodias da minha infância e adolescência. No minuto em que decidi seguir sozinha, tive problemas com a autoindulgência disso. Era a história da garota que deixou a Islândia, que queria lançar sua própria música para o resto do mundo. Comecei a escrever como uma estrutura livre na natureza, por conta própria, na introversão". Foi assim que a islandesa refletiu sobre "Debut" em 2022, durante entrevista ao podcast Sonic Symbolism: "Eu só poderia fazer isso com algum tipo de senso de humor, transformando-o em algo como uma história de mitologia. O álbum tem melodias e coisas que eu escrevi durante anos, então trouxe muitas memórias desse período. Eu funcionava muito pelo impulso e instinto". Foto: Jean-Baptiste Mondino. Para Björk, as palavras que descrevem "Debut" são: Tímido, iniciante, o mensageiro, humildade, prata, mohair (ou ango...

Sindri Eldon explica antigo comentário sobre a mãe Björk

Foto: Divulgação/Reprodução.  O músico Sindri Eldon , que é filho de Björk , respondeu as críticas de uma antiga entrevista na qual afirmou ser um compositor melhor do que sua mãe.  Na ocasião, ele disse ao Reykjavík Grapevine : "Minha principal declaração será provar a todos o que secretamente sei há muito tempo: que sou melhor compositor e letrista do que 90% dos músicos islandeses, inclusive minha mãe".  A declaração ressurgiu no Twitter na última semana, e foi questionada por parte do público que considerou o comentário uma falta de respeito com a artista. Na mesma rede social, Sindri explicou:  "Ok. Primeiramente, acho que deve ser dito que isso é de cerca de 15 anos atrás. Eu era um idiota naquela época, bebia muito e estava em um relacionamento tóxico. Tinha um problema enorme e realmente não sabia como lidar com isso. Essa entrevista foi feita por e-mail por um cara chamado Bob Cluness que era meu amigo, então as respostas deveriam ser irônicas e engraçadas...

Hildur Rúna Hauksdóttir, a mãe de Björk

"Como eu estava sempre atrasada para a escola, comecei a enganar a minha família. Minha mãe e meu padrasto tinham o cabelo comprido e eles eram um pouco hippies. Aos dez anos de idade, eu acordava primeiro do que eles, antes do despertador tocar. Eu gostava de ir na cozinha e colocar o relógio 15 minutos mais cedo, e então eu iria acordá-los... E depois acordá-los novamente cinco minutos depois... E de novo. Demorava, algo como, quatro “rodadas”. E então eu acordava meu irmãozinho, todo mundo ia escovar os dentes, e eu gostava de ter certeza de que eu era a última a sair e, em seguida, corrigir o relógio. Fiz isso durante anos. Por muito tempo, eu era a única criança da minha casa, e havia mais sete pessoas vivendo comigo lá. Todos tinham cabelos longos e ouviam constantemente Jimi Hendrix . O ambiente era pintado de roxo com desenhos de borboletas nas paredes, então eu tenho uma certa alergia a essa cor agora (risos). Vivíamos sonhando, e to...

Nos 20 anos de Vespertine, conheça as histórias de todas as canções do álbum lendário de Björk

Vespertine está completando 20 anos ! Para celebrar essa ocasião tão especial, preparamos uma super matéria . Confira detalhes de todas as canções e vídeos de um dos álbuns mais impressionantes da carreira de Björk ! Coloque o disco para tocar em sua plataforma digital favorita, e embarque conosco nessa viagem.  Foto: Inez & Vinoodh.  Premissa:  "Muitas pessoas têm medo de serem abandonadas, têm medo da solidão, entram em depressão, parecem se sentir fortes apenas quando estão inseridas em grupos, mas comigo não funciona assim. A felicidade pode estar em todas as situações, a solidão pode me fazer feliz. Esse álbum é uma maneira de mostrar isso. "Hibernação" foi uma palavra que me ajudou muito durante a criação. Relacionei isso com aquela sensação de algo interno e o som dos cristais no inverno. Eu queria que o álbum soasse dessa maneira. Depois de ficar obcecada com a realidade e a escuridão da vida, de repente parei para pensar que inventar uma espécie de p...

Björk fala sobre ter entendido o que é o patriarcado quando viajou para fora da Islândia

"Na Islândia, há pouca desigualdade de gênero. Somos sortudos. As mulheres ocupam cargos de responsabilidade, também na política. Com o Sugarcubes , por exemplo, fui tratada da mesma forma que os homens. Foi quando viajamos para fora do país que senti a diferença… Em certas situações em que fui objetificada, principalmente durante as sessões fotográficas. Fui tomada por um objeto: os fotógrafos mexeram no meu próprio corpo, me pediram para ficar em silêncio, passiva, para não me mover, para não mostrar minhas emoções. Então eu estava fazendo exatamente o oposto! Estava expressando muito as minhas emoções! Isso muitas vezes desconcertava os fotógrafos, que esperavam que as mulheres fossem passivas. Eu coloquei a música bem alta e transformei os ensaios em espaços de liberdade. Foi ali que acho que entendi o patriarcado. Nos meus clipes, tive a chance de trabalhar com pessoas que pensavam como eu, Michel Gondry , Spike Jonze ... Eles estão acostumados com mulheres fortes, não espera...