"Na adolescência, os meus amigos queriam muito se mudar da Islândia, mas eu não. Eu queria ficar. Com os grupos musicais, nos ofereceram viagens. Gostei mais do que pensei que iria. Morei em Londres e em Nova York, mas esses lugares nunca foram a minha casa.
Algumas pessoas são rurais, outras mais urbanas. Às vezes, somos rurais e vivemos na urbanidade, o que é mais complicado de gerir.
Gosto do fato do meu país não ser um lugar violento. São poucos assaltos, poucos crimes. As pessoas são muito tranquilas, calmas e ao mesmo tempo atípicas. Elas têm sua maneira de pensar, sempre fora da caixa. Os islandeses estão no absurdo, na vanguarda, com um espírito bastante aventureiro... Eu amo isso!
E gosto de lugares pequenos, porque exigem improvisação. Todo mundo faz muitas coisas. Um músico em Reykjavík muitas vezes se vê como engenheiro de som, como roadie... Nós mesmos organizamos os shows, enquanto escrevemos poesia. Esta é a vida da aldeia.
Não há hierarquia entre arte erudita e "arte baixa", nem escala de valores entre a música e outras expressões artísticas, você desce até o centro da cidade e se depara com as pessoas por acaso. Você vai ao bar local e conhece um rapper que também é encanador.
À medida que envelheço, entendo que não gosto da Islândia porque acho que é o melhor país do mundo. Não me sinto superior aos outros, isso seria estúpido. O que eu entendo é que Reykjavík é uma capital europeia que recebe shows, festivais, cinemas, ao mesmo tempo em que está cercada pela natureza, por vulcões.
Gosto desse equilíbrio entre o urbano e o rural, mais do que a própria Islândia. Eu certamente ficaria tão feliz no Havaí ou em Guadalupe! Eu amo ilhas".
- Björk em entrevista ao "Les Inrockuptibles", novembro de 2022.