Em nova conversa publicada na Pitchfork, a produtora italiana Marta Salogni falou sobre quando esteve em um estúdio de Reykjavík no verão de 2017. Na ocasião, Björk lhe fez um pedido muito específico para o álbum "Utopia". A artista queria fazer uma música soar como se ela estivesse "sussurrando um segredo em meio a fogos de artifício".
Como engenheira de mixagem, Salogni tentou se colocar nesse cenário fazendo a si mesma uma série de perguntas: "As frequências dos sussurros são altas ou baixas? O som é abafado? Como o cérebro processa a confissão silenciosa em relação ao estrondo acima da cabeça? E, talvez o mais importante, como pode ser a experiência, física e mentalmente?".
Ela então começou a trabalhar na mesa de mixagem, ajustando os níveis e adicionando efeitos, buscando a sensação em meio a tambores staccato, harpas em cascata e vocais laterais. Por fim, ela pôde imaginar Björk compartilhando algo pessoal em meio ao estrondo de "Arisen My Senses", a faixa que abre o disco.
A sonoridade estratificada da canção, onde o alto e o baixo parecem dividir o espaço igualmente, foi repetida inúmeras vezes naquelas sessões de mixagem. Elas duas ouviram por muito tempo, "até que parecesse certo", lembrou Salogni na entrevista, "até que realmente sentíssemos".
Foto: Reprodução/Jesse Kanda.