Em nova entrevista ao site Excelsior, a cantora falou sobre a experiência de voltar aos palcos com um novo espetáculo, que conta com a direção de Lucrecia Martel. Aliás, seria ela o único ser humano capaz de traduzir o universo de Utopia aos palcos? Rindo, a artista respondeu:
"Hahahaha, sim! Parecia que algo dentro de mim, o meu instinto, me dizia que tínhamos opiniões em comum sobre o mundo, coisas que ambas queríamos fazer, e talvez o mais importante, o mesmo senso de humor. Toda essa história começou em 2015, quando escrevi Arisen My Senses. Foram várias etapas desde então, tanto para mim quanto para meus colaboradores. Compus as músicas, os arranjos de flauta, produzi as canções, algumas ao lado de Alejandra (Arca). A partir daí, comecei a reunir referências para finalmente pedir o apoio de colaboradores visuais. Foi só em janeiro (de 2019) que pedi a Lucrecia para dirigir o espetáculo em um nível teatral. Então os vídeos e máscaras foram fabricados, e esse "mundo utópico" estabelecido. Foi um desafio para ela se juntar ao projeto tão em cima da hora, mas ela encontrou seu lugar e abraçou todas as ideias. Eu a amo muito. Ela é uma líder que conseguiu unir todos nós (da equipe), construir pontes, protegendo minha visão para o show, mesmo que tenha acrescentado seu toque à produção".
Segundo Björk, a diretora argentina ao lado de Chiara Stephensson mudou a forma das animações tridimensionais do show para um efeito semelhante ao de pinturas a óleo. A intenção era dar um toque mais físico ao universo de Cornucopia.
"Me sinto atraída pela sua recusa em repetir clichês. Ela nos desviou de qualquer coisa sentimental ou banal. Ambientalismo e Feminismo podem ser complicados, muitas vezes correndo o perigo de serem justos e importantes demais para não se congelarem em dogmas. Pelo menos metade dos meus melhores amigos e colaboradores são homens. Todos eles são algumas das pessoas mais abertas que já conheci e apoiam muito as mulheres. Exceto alguém cujo nome não direi. Minha experiência diz que 99,99% dos homens apoiam as mulheres", explicou a islandesa.
Björk acredita que o #MeToo também os revolucionará, e pede que as pessoas não alienem homens e meninos, porque acha que isso impede o crescimento deles como pessoas. A artista dá como exemplo o fato de que eles são ensinados a não mostrarem seus sentimentos e, em seguida, são questionados sobre sua frieza. Ela diz não gostar nada disso.
A islandesa demonstra muito respeito por cada um dos seus colaboradores como indivíduos. Quando Jorge Santamaría, o jornalista responsável pela matéria, mencionou Arca no masculino, ela o corrigiu e pediu que ele se referisse no feminino, já que a produtora, amiga e colaboradora dela se identifica como não-binária e prefere ser chamada desta maneira.
Durante seus shows em Nova York, Björk esteve acompanhada por um coral da Islândia. No entanto, para os cinco que fará a partir de hoje no Parque Bicentenario, México, ela estará ao lado do Coral Staccato: "Eu quero que as laringes mexicanas deem cor à minha música. Já os ouvi e percebi que são incríveis. Além disso, essas pessoas estarão junto das flautistas do Viibra, percussionistas, harpistas, do órgão de oito metros de comprimento, tambores de água, da cabine de reverb, da flauta circular e de muitos outros instrumentos", contou entusiasmada.