Pular para o conteúdo principal

The Dull Flame of Desire é um dos tesouros escondidos na discografia de Björk

The Dull Flame of Desire é um dos tesouros escondidos na discografia de Björk. A canção é um dueto com ANOHNI, e foi lançada como parte do álbum Volta. A letra é a tradução em inglês de um poema do Século XIX, de Fyodor Tyutchev, que também aparece em uma das cenas do filme Stalker (1979).

"Antes, eu não tinha ela em mente para essa faixa. Nós cantávamos juntas (por diversão), já tinha muito tempo. Eu até achava que fazíamos isso timidamente, de um jeito meio sussurrado e doce, talvez com medo de pisarmos nos calcanhares uma da outra. 

Certo dia, mostrei a ela uma melodia que criei no meio da noite, em cima de uma obra desse escritor, uma ideia que guardei no meu diário por uns 8 anos. Eu estava esperando o momento certo. 

Tudo se encaixou perfeitamente, com essa sensação de uma fusão vocal. Até brincamos que aquela era a hora de finalmente interpretamos a música como duas divas. Nós podíamos fazer aquilo, pois eram as palavras de uma terceira pessoa. Não era o meu mundo, nem o dela. 

Reservei um estúdio na Jamaica. Naquele dia, nós simplesmente nadamos no oceano, comemos muitas frutas e improvisamos bastante no canto, por um dia inteiro. Houve momentos em que não sabíamos de quem era a voz ali. ANOHNI é muito generosa. Foi uma bela experiência trabalhar com ela. Passei alguns dias editando o resultado, tendo como foco essa nossa cronologia emocional". 

As duas também dividem os vocais em Atom Dance, Flétta e My Juvenile: "Assim que nos conhecemos, ela imediatamente se tornou uma das minhas melhores amigas. Quando nos encontramos é sempre muito divertido, ficamos horas conversando. Sempre mostro os meus álbuns para os meus amigos, antes que estejam completamente prontos. Ela é uma das pessoas que pergunto o que achou do resultado, e vice-versa. Damos conselhos uma para outra. É um dos seres mais mágicos presentes na minha vida, e sou muito grata por isso!". 

Em 2017, ANOHNI disse para UNCUT Magazine: "Na noite que fomos nadar na Jamaica, que é um lugar incrível, fiquei muito nervosa! Lembro que um amigo dela me disse: "Não se preocupe, ela faz isso o tempo todo!". Eu fiquei maravilhada com sua coragem e seu senso de abandono. 

A primeira vez que estive ao lado dela para cantar, me dei conta do total compromisso de uma cantora em estúdio. Björk é tão corajosa, uma produtora incrível. Extremamente bela, forte e gentil! Sua mente é a de um cientista, bem como a de uma artista. Era como estar ao lado de um vulcão. 

É uma pessoa incrível para se colaborar, pois oferece a seus convidados uma grande liberdade, mas sempre encontrando uma maneira de "desenhar" o material em seu próprio universo. Ela exerce uma liberdade na abordagem de sua vida que eu acho inspirador". 

Björk tentou vários tipos de beats para The Dull Flame of Desire. Eventualmente, ela incluiu a bateria de Brian Chippendale, que improvisou tudo em um único take: "Eu queria começar tudo meio que em silêncio, aumentando o ritmo progressivamente. Queria que fosse como algo que lembrasse a batida do nosso coração, algo que a gente sente". 

Clipe: "Quando fizemos o concurso de fãs para o vídeo de Innocence, recebemos cerca de 400 registros dos fãs. Vários incríveis, feitos por pessoas realmente talentosas, que talvez até nunca tivessem realizado algo assim antes!". 


"Alguns não se encaixavam totalmente no clima daquela canção, então entrei em contato com os que gostei (um do Japão, outro da Espanha e uma pessoa da França), e perguntei se tinham interesse em trabalhar juntos para o videoclipe de Dull Flame of Desire

Nós mesmas gravamos nossa parte em frente a uma tela verde, em Nova York, e enviamos online para os diretores, que colaboraram por e-mail. Como repetimos o mesmo verso várias vezes nessa música, pensei que seria interessante ter cada um deles apresentado por um diretor diferente. Foi muito emocionante, eu nunca tinha feito algo desse tipo antes!". 

- Björk em entrevistas para Harp Magazine, The New York Times, Drowned in Sound, Chicago Tribune, Pitchfork e The Big Isue; 2007, 2008 e 2016. 

Fotos: Reprodução/Divulgação. 

Postagens mais visitadas deste blog

Björk explica antiga declaração sobre bissexualidade

- Anos atrás, falando em sexualidade fluida, você declarou que escolher entre um homem e uma mulher seria como "escolher entre bolo e sorvete". O que você acha disso hoje? "Acho que foram os anos 90, mas é uma frase tirada de contexto. Era um discurso muito maior. Ainda acredito que somos todos bissexuais em certo grau, cerca de 1%, cerca de 50% ou 100%, mas nunca compararia gênero com comida, isso seria desrespeitoso. Havia muitos repórteres homens na época, que queriam me pintar como uma "elfo excêntrica". Eles colocavam palavras na minha boca que eu não disse. Infelizmente, não havia muitas jornalistas mulheres. A boa notícia é que agora as coisas mudaram muito! É um mundo totalmente diferente, não comparável [ao da época]. Felizmente, muito mais mulheres escrevem artigos e há mais musicistas". - Björk em entrevista para Vanity Fair, março de 2023.

Nos 20 anos de Vespertine, conheça as histórias de todas as canções do álbum lendário de Björk

Vespertine está completando 20 anos ! Para celebrar essa ocasião tão especial, preparamos uma super matéria . Confira detalhes de todas as canções e vídeos de um dos álbuns mais impressionantes da carreira de Björk ! Coloque o disco para tocar em sua plataforma digital favorita, e embarque conosco nessa viagem.  Foto: Inez & Vinoodh.  Premissa:  "Muitas pessoas têm medo de serem abandonadas, têm medo da solidão, entram em depressão, parecem se sentir fortes apenas quando estão inseridas em grupos, mas comigo não funciona assim. A felicidade pode estar em todas as situações, a solidão pode me fazer feliz. Esse álbum é uma maneira de mostrar isso. "Hibernação" foi uma palavra que me ajudou muito durante a criação. Relacionei isso com aquela sensação de algo interno e o som dos cristais no inverno. Eu queria que o álbum soasse dessa maneira. Depois de ficar obcecada com a realidade e a escuridão da vida, de repente parei para pensar que inventar uma espécie de paraí

Debut, o primeiro álbum da carreira solo de Björk, completa 30 anos

Há 30 anos , era lançado "Debut", o primeiro álbum da carreira solo de Björk : "Esse disco tem memórias e melodias da minha infância e adolescência. No minuto em que decidi seguir sozinha, tive problemas com a autoindulgência disso. Era a história da garota que deixou a Islândia, que queria lançar sua própria música para o resto do mundo. Comecei a escrever como uma estrutura livre na natureza, por conta própria, na introversão". Foi assim que a islandesa refletiu sobre "Debut" em 2022, durante entrevista ao podcast Sonic Symbolism: "Eu só poderia fazer isso com algum tipo de senso de humor, transformando-o em algo como uma história de mitologia. O álbum tem melodias e coisas que eu escrevi durante anos, então trouxe muitas memórias desse período. Eu funcionava muito pelo impulso e instinto". Foto: Jean-Baptiste Mondino. Para Björk, as palavras que descrevem "Debut" são: Tímido, iniciante, o mensageiro, humildade, prata, mohair (ou ango

20 anos de Homogenic

Em  22 de Setembro de 1997 , Björk lançou mais um álbum icônico para a sua coleção que já era repleta de clássicos.  Pegue seus fones de ouvido e escolha sua plataforma musical preferida  e acompanhe uma  matéria especial  sobre os  20 anos de  " Homogenic ".   Comercial do álbum CURIOSIDADES: - O disco  foi gravado no estúdio "El Cortijo" de Trevor Morais, localizado no sul da  Espanha .  - Para a edição japonesa de "Homogenic",   "Jóga (Howie B Version)", "Immature" (Björk’s Version), "So Broken", "Nature Is Ancient" e "Jóga (Alec Empire Mix)" serviram de bônus track. - "Jóga"  também é o nome de uma das melhores amigas de Björk. -  As letras em braille na capa e no encarte do  CD single/Boxset  de "Alarm Call" não significam absolutamente nada. - Um  livro especial  em comemoração aos 20 anos de "Homogenic" será lançado em Outubro deste ano.  -

35 anos de Sugarcubes, a banda que lançou Björk ao sucesso internacional

Em 8 de junho de 1986 , o Sugarcubes surgia na Islândia, bem no dia do nascimento do 1º filho de Björk . O grupo musical deu projeção internacional para a artista. Eles lançaram três discos e estiveram em atividade até 1992. Em 2006, a banda se reuniu pela última vez para uma apresentação, em Reykjavík . Os integrantes já tinham formado projetos de música punk ao lado de Björk. Inicialmente, eles desenvolveram o selo Smekkleysa ( Bad Taste ), com o lançamento de uma série de projetos musicais e literários. Na intenção de conseguir dinheiro para a criação dessas obras, os membros perceberam que precisavam de uma ferramenta que chamasse a atenção do grande público. A partir disso, tiveram a ideia de formar uma banda: "A gente se divertia! A música era algo secundário, então não tínhamos essa grande ambição musical de ser algo brilhante. Tivemos a chance de viajar o mundo e ver como outras bandas funcionavam, o que me ensinou muito. A fama não estava nos nossos planos, mas ao mesm