Tudo começou quando Birthday, em seu lançamento, foi escolhido o “compacto da semana” pelo Melody Maker. Praticamente da noite para o dia, os Sugarcubes se tornaram a sensação do circuito independente europeu e a febre atravessou o Atlântico, com o grupo islandês abrindo uma turnê norte-americana que reunia New Order e PIL. Antes disso, algumas rádios brasileiras já executavam Deus e este ano, finalmente foi editado aqui Life's Too Good, o primeiro LP. Anamaria G. de Lemos discou de Londres para Reikjavik e conversou com Björk sobre a peculiar trajetória da banda.
Edição publicada originalmente em Dezembro de 1989.
Fotos: Reprodução/Blog Acervo Revista Bizz.
Quem são os Sugarcubes? Quantos anos tem Björk? Por que ela faz aquilo com a voz? Onde fica a Islândia? Como é Deus?
"Deus é uma banheira”, declara Einar Orn, para espanto do jornalista britânico que voou até a Islândia a fim de descobrir o mistério que ronda a banda mais falada do momento. “Mas isso não faz diferença”, assegura Björk Godmundsdouir. "Afinal, Deus não existe".
Em outubro de 87, no centro do redemoinho que cerca à ascensão dos Sugarcubes ao posto de banda mais adorada pela imprensa europeia, jornais e revistas debatiam-se por uma entrevista, as capas se multiplicaram. O universo particular dos Sugar cubes é investigado até a exaustão. Sem resultado: as respostas do grupo seguem uma lógica tão impenetrável quanto suas letras. A Melody Maker, responsável pela descoberta, faz sua segunda entrevista em apenas dois meses, arrancando pérolas como as descritas acima. E tudo isso por causa de um simples compacto.
“Adorável”, “estupendo”, “sinistro”, “surreal”. Esses são apenas alguns dos adjetivos usados pelo jornalista (Chris Roberts, da Melody Maker, para descrever o single Birhday, escolhido como o melhor da semana de 22 de agosto de 1987. À música pop estava salva, por obra e graça de um grupo de duendes vindo das longínquas e desérticas terras nórdicas, chefiados por uma fada esquimó de indescritível beleza, olhar demoníaco e sorriso infantil.
A algumas centenas de quilómetros dali, cinco islandeses atónitos atendem a repetidos pedidos de Shows e/ou entrevistas, e recusam contratos milionários oferecidos pelas maiores gravadoras do planeta. Demorará algum tempo até que eles voltem a assumir o controle da situação. Tudo isso por causa de um simples compacto?
O país é a Islândia, a oeste da Península Escandinava. O ano é 77. Num pequeno estúdio em Reykjavík, uma garotinha de apenas onze anos grava seu primeiro LP, apenas com canções islandesas. Sua carreira, então, já conta dois anos — sempre acompanhando o padrasto, cantor de rock apaixonado por Jimi Hendrix, Janis Joplin e Deep Purple. O passo seguinte é formar uma banda na qual ela possa cantar o que quiser, ao lado de pessoas da sua idade.
Em 81, ela está no grupo Þeyr, que tem como baterista Siggi Baldursson. De passagem pela Islândia,
Jaz Coleman, vocalista da inglesa Killin Joke, descobre no grupo de Björk a companhia perfeita para levar adiante seu projeto: inventar um aparelho que produza sons fora do alcance do ouvido humano, para estabelecer "ligações paranormais" com a plateia.
O projeto não vinga, e Jaz Coleman retorna à Inglaterra, depois de ruidosas brigas com Björk e Siggi. Quem também volta para a Inglaterra é o Fall, levando na bagagem a banda local Purrkur Pillnikk, liderada pelo guitarrista e vocalista Einar Orn. O Purrkur Pillnikk e o Þeyr são apenas duas das bandas que proliferam no país nesse início de década, numa tradução atrasada do movimento punk inglês. Mas o estilo “arty punk” desenvolvido por esses grupos não chega a atrair um público acostumado a ouvir covers de hits americanos.
Kukl é o nome da banda que reúne pela primeira vez Bjork, Einar e Siggi. Lançam dois LPs e chegam à excursionar pela Europa, antes de concluírem que a música está limitando seu campo de ação. Afinal, há muitas coisas a fazer em Reykjavík: abrir uma livraria, uma galeria de arte, uma lanchonete — e, principalmente, fundar um selo.
“O bom gosto é o pior inimigo da criatividade.” Sob a inspiração de Picasso, os três ex-Kukl reúnem-se ao guitarrista Thor Eldon e ao baixista Bragi Olafsson para fundar o selo Bad Taste (Smekklevsa, em islandês), e lançam seu manifesto: “Conquistaremos o mundo ou morreremos”. E se a intenção é conquistar o mundo, nada melhor do que formar uma banda pop e gravar um compacto — o lançamento no exterior é garantido pela amizade com os donos do selo One Little Indian, na Inglaterra. A canção escolhida expressa exatamente a imagem que eles querem para a banda (chamada Sykurmolarnir, ou “cubos de açúcar” em islandês): doce na superfície, mas potencialmente perigosa. A Islândia, como era de se esperar, permanece impassível ao lançamento. Já a Inglaterra...
Birthday, Coldsweat, Deus. Três compactos colocam à Europa aos pés dos desbravadores, que sonhavam conquistar o mundo. Life's Too Good, o LP lançado por lá em abril de 88, alcança novos territórios. A febre chega aos Estados Unidos, e a revista Rolling Stone chega a oferecer uma capa ao grupo — contanto que Björk apareça sozinha. Nada feito: os Sugarcubes reafirmam sua disposição de permanecer longe dos truques da indústria musical, que tenta transformar Björk na figura central, reduzindo o grupo a meros acompanhantes. Indiferentes a tudo, eles fincam pé na Islândia — levando adiante projetos como uma rádio e uma livraria — e no selo inglês One Little Indian, recusando ofertas de grandes gravadoras.
Em agosto de 89, quando Life's Too Good aterrissa no Brasil, os cubinhos preparam-se para lançar seu segundo LP, Here Today, Tomorrow, Next Week, depois de uma consagradora turnê pelos Estados Unidos, ao lado do PIL e do New Order. “A vida é curta demais”, decreta o New Musical Éxpress, parafraseando o título do primeiro disco ("A vida é boa demais"), para sepultar implacavelmente o segundo vinil da banda. "Um enorme talento desperdiçado”, estampa a Melody Maker, aquecendo a polêmica. Enquanto isso, os Sugarcubes parecem se divertir — embora Einar se irrite com as comparações. “Dizem que tínhamos de fazer um disco tão bom quanto o primeiro. Mas Life's Too Good não é tão bom. Ele é brilhante porque é muito ruim!”. Para Bjork, as cobranças já se tornaram insuportáveis. “Todo mundo fica esperando coisas estranhas ou exóticas da nossa parte. Nós somos apenas normais!”.
- Björk, conte um pouco da história do grupo, desde o começo, na Islândia...
Nós todos viemos de atividades diferentes. Alguns haviam tocado em outras bandas, outros tinham escrito livros, outros estudaram no exterior... À única coisa que tínhamos em comum era que todos éramos de Reykjavík, e tínhamos basicamente a mesma idade, claro. E todos haviam tomado parte de toda a movimentação que aconteceu em Reykjavík entre 80 e 82. Você pode associar ao que aconteceu na Inglaterra entre 76 e 78, só que aqui na Islândia a coisa chegou mais tarde. Não foi exatamente como o movimento punk, mas... de repente, todo mundo começou a achar que podia fazer o que quisesse, e nada poderia impedir. Não era mais preciso ser um profissional para ser capaz de fazer o que se queria. Muitas coisas aconteceram na Islândia nessa época. Todo mundo começou a tocar em bandas. Aqui em Reykjavík, uma cidade com noventa mil habitantes, havia shows todas as noites, às vezes até vários shows por noite. Todo mundo enlouqueceu! Havia muitas exposições de pintura, e também muita leitura de poesia... Isso virou uma tradição nessa época: em quase todos os shows, antes da banda tocar. um poeta subia ao palco e lia sua poesia, às vezes com um acompanhamento musical, um cello, por exemplo.
Então, como eu te disse, a única coisa que tínhamos em comum era a participação nessa movimentação toda, mas em campos diferentes. As pessoas que formam a banda só foram se reunir mesmo em 86, quando fundamos o selo Bad Taste. O que aconteceu foi o seguinte: eu, Einar na guitarra, e Siggi na bateria, fazíamos parte de uma banda chamada Kukl. Em 86, decidimos acabar com a banda, depois de muitas brigas e explosões. Nós estávamos meio cheios de tocar em bandas, porque havíamos feito isso durante anos.
Resolvemos então criar o nosso próprio selo, porque o único selo independente islandês havia parado de lançar bandas jovens. Eles haviam ganho muito dinheiro com bandas punk em 78, mas estávamos em 86 e eles continuavam a lançar material das mesmas pessoas. Era tudo muito seguro, não havia mais risco nenhum. Havia muitos poetas, muita gente jovem que não estava recebendo atenção, ninguém queria lançar o trabaIho deles. Essas pessoas publicavam seus próprios livros e vendiam em cafés e bares.
Eu, Einar e o Siggi criamos o selo Bad Taste, ao lado do Thor e do Bragi. O Einar os conhecia porque havia tocado com eles em outra banda. Havia mais algumas pessoas envolvidas no projeto, que nunca haviam tocado numa banda. A primeira coisa que fizemos foi imprimir um cartão-postal da Bad Taste, com uma aquarela horrivelmente engraçadinha e totalmente comercial. Ela mostrava o Reagan e o Gorbachev, por causa do encontro entre eles que aconteceu aqui em Reykjavík. Conseguimos vender uns cinco mil cartões. Foi um verdadeiro best-seller (risos). Ganhamos dinheiro suficiente para lançar um livro de poesias do Thor. Ele era poeta antes de virar guitarrista.
Aí tivemos a ideia de formar uma banda pop bem idiota... Essa era a coisa mais idiota que conseguíamos imaginar, porque todas as nossas bandas anteriores tinham grandes ambições. Elas eram mais “arty”, queriam se expressar da forma mais pura possível, apesar de usarem o rock para isso. Havia uma obsessão pelo "gosto”. O que é bom gosto? O que é mau gosto? Então, ficamos cansados disso tudo. É queríamos também chocar a nós mesmos...
Formamos essa banda chamada Sugarcubes, o nome mais doce que poderíamos imaginar, e também o mais comercial. Ridiculamente comercial. Lançamos uma música chamada Birthday em islandês. E conseguimos apoio financeiro de uma firma de importação de açúcar aqui na Istândia, por causa do nosso nome. Era um compacto com duas musicas, e a capa era o logotipo da firma. Achamos que isso seria do pior gosto possível. Ninguém comprou o disco aqui, só pouquíssimas pessoas. Nós continuamos a fazer outras coisas. Lançamos algumas bandas, e continuamos a gravar.
Depois de um ano, tivemos uma grande surpresa... Nós também tínhamos gravado Birthday em inglês, e lançado o disco na Inglaterra. Havia alguns amigos nossos lá que sabiam o que estávamos fazendo — não apenas como Sugarcubes, mas todas as outras atividades. Aí, por algum acaso, o lris Roberis, do Melody Maker, elegeu Birthday o melhor single da semana. De repente, todo mundo estava atrás da gene! Tudo aconteceu em um dia. Nós nunca esperamos por isso. Nosso objetivo nunca foi ficarmos famosos, pelo menos não nesse sentido. É claro que queríamos ficar famosos e podres de ricos, mas não desse jeito. Nunca tentamos conseguir um contrato com nenhuma gravadora ou algo assim. E de repente, onze das maiores gravadoras do mundo estavam nos oferecendo contratos. Nós respondemos: “Bem, não temos certeza. Temos muita coisa para fazer aqui na Islândia. Mas, se vocês estiverem realmente interessados, podem vir para cá e nós faremos um show para vocês". E todos eles vieram.., e nós fizemos um show num nightclub para duzentas pessoas. Foi ridículo! Toda essa gente das gravadoras brigando entre si. Depois de um ano de discussão com advogados, finalmente decidimos não assinar nenhum contrato, e sim continuar com nosso próprio selo na Islândia, e com o pessoal da One Little Indian, que é do nosso amigo na Inglaterra. E essa é a história...
- O que eu acho intrigante nos Sugarcubes é a ausência de pontos de referência ou influências óbvias...
Acho que existem muitas influências. O que confunde as pessoas é que somos seis pessoas com gostos muito, muito diferentes. Eu, por exemplo, sou influenciada por certas pessoas, enquanto Bragi, o baixista, é influenciado por pessoas completamente diferentes. Eu jamais iria na casa dele ouvir seus discos, porque eu os detesto (risos). Já tentamos várias vezes, mas ainda não achamos um grupo ou uma música da qual todos os seis gostem. A banda, como um todo, não recebeu influência de ninguém. São seis indivíduos. Não estamos interessados no cenário pop, é tão chato. Ouvimos todos os tipos de música, como samba, jazz, clássicos, techno, folk...
Basicamente, porém, o que nos influencia como um todo são livros. Não estou dizendo que somos intelectuais, ou algo assim. Mas nós lemos muito. Se alguém da banda lê um livro e gosta, com certeza vai emprestá-lo para os outros. Com um disco, isso nunca vai acontecer, porque temos gostos completamente diferentes. Recebemos influências fortes de livros. É isso que contunde as pessoas. Provavelmente, trocamos romances o tempo todo.
- O que você tem lido ultimamente, então?
Tantos livros... Nós gostamos do Garcia Márquez. E há um livro brilhante chamado Bad Seeds, de uma escritora chamada Jo Imog.
- Como você classificaria o Sugarcubes? — Apenas uma banda pop?
Sim. Quer dizer, nós poderíamos estar fazendo qualquer coisa. Podíamos estar fazendo sapatos e vendendo-os no mercado da praça. Mas estamos conscientes de que o que estamos fazendo neste momento é musica pop, e tentamos fazer música pop pura. Nós achamos que a música pop que está sendo feita hoje em dia não é pura, porque é muito fria e impessoal. Ela mudou muito nos últimos trinta anos. Antigamente, era uma musica folclórica, pessoal, que tinha muito a ver com o dia-a-dia, esse tipo de coisa. Os Sugarcubes são assim. Acho que muitas bandas pop atuais não são reais. Elas não falam sobre a vida cotidiana, o que está acontecendo. Quando você ouve o que toca no rádio hoje, você nunca imagina que aquelas coisas vão acontecer com você. Essas bandas estão presas a certos clichês.
Mas, por outro lado, nós somos obcecados por clichês... gostamos deles. Mas têm de ser usados de uma
certa maneira. Nós brincamos com eles. Por exemplo, ser uma banda pop é um clichê, assim como dar shows, se enfeitar para subir no palco... Mas tudo isso tem de ser um divertimento de verdade.
- O primeiro LP, Life's Too Good, está indo bem no resto do mundo, e foi lançado recentemente no Brasil. Por que a música dos Sugarcubes pode interessar a públicos tão diversos?
Acho que é porque fazemos música pop pura. E o pop puro agrada a todos. Não é uma tendência, não é uma moda islandesa. É importante que às pessoas saibam sobre o que estamos cantando. É por isso que lançamos nossos discos em inglês. Na Islândia, eles são lançados em islandês. Depois, traduzimos para o inglês, para que a maioria das pessoas possa entender as letras. Queremos realmente ser famosos, e viajar pelo mundo todo. Queremos que todo mundo ouça nossos discos.
- Por que vocês usaram a palavra “Deus” em uma das músicas do primeiro LP?
Nós decidimos usar a palavra em latim porque funcionava bem com o islandês. “God”, em inglês, não funcionava. Então, escolhemos “Deus”, uma palavra que todos entenderiam.
- Os Sugarcubes enfrentaram uma grande turnê americana este ano, abrindo os shows para o PIL e o New Order. Como foi a experiência?
Foi muito fácil e simples, sem nenhuma dor. Foi quase fácil demais, porque sempre éramos os primeiros a tocar. E fazíamos apenas um show de quarenta minutos — não éramos responsáveis pela organização da turnê, Estamos acostumados a cuidar de tudo sempre, porque nós mesmos nos empresariamos. Então, essa turnê foi mais como se estivéssemos em férias, tocando de vez em quando. O público americano é bem diferente. Mas o publico é sempre diferente em qualquer lugar que a gente vá. Não é melhor, ou pior, é apenas a atmosfera que é diferente.
- Vocês acabam de lançar o segundo disco, Here, Today, Tomorrow, Next Week. É muito diferente de Life's Too Good?
Para mim, é difícil dizer... Não é muito diferente do primeiro. (Nesse momento, somos interrompidos por Sindri, o filho de Björk de 3 anos, que insiste em pegar o telefone e falar comigo. Björk ri). Desculpe, mas ele está tentando morder o meu nariz... Bem, há duas coisas que posso dizer sobre o disco novo. No primeiro LP, éramos cinco no grupo. Agora temos uma nova tecladista, Magga. Isso alterou um pouco a música, que é sempre composta pelo grupo todo. Quer dizer, a Magga é uma pessoa a mais para compor, não só para tocar.
Life's Too Good foi gravado durante um longo período de tempo, quinze meses, em estúdios diferentes. O segundo disco foi gravado em apenas dois meses. Todos os dias nós íamos ao estúdio, e gravávamos doze horas sem parar. Além disso. as músicas de Here... foram tocadas várias vezes ao vivo, antes de serem gravadas, o que não tinha acontecido no primeiro. Você sabe que estamos pensando em ir ao Brasil em março? Não vejo a hora. Também vamos ao Japão, em abril ou maio.
- É muito fácil para a imprensa usar a nacionalidade dos Sugarcubes para tentar defini-los. Você acha que há algo particularmente islandês na música de vocês?
Acho que algumas coisas nossas são muito islandesas. Mas não são essas coisas que nos tornam especiais... Não é o que as pessoas pensam. Nós temos lutado pela nossa existência na Islândia. As pessoas daqui nos veem como um grupo de jovens estranhos que não querem crescer. Aqui, as pessoas começam a trabalhar doze horas por dia quando aos 16 anos. Aos 19, já tem seu próprio apartamento e casam. Eu tenho 23 anos, e o resto da banda tem 25, mas só um deles é casado. A Islândia é uma sociedade pequena, e as pessoas nos acham esquisitos. Aí, quando viajamos para outros países, todos nos dizem que somos islandeses! (risos). Somos sempre tratados como estranhos. As outras bandas islandesas são muito diferentes de nós. mas acho que somos os mais islandeses, porque eles estão sempre tentando copiar o que está acontecendo no resto do mundo. Eles querem ficar famosos a qualquer custo, e estão sempre viajando para o exterior para conseguir isso. Essas bandas ficaram furiosas quando todas as gravadoras vieram até aqui para nos ver! (risos). Eles disseram: “O que vocês fizeram?". Nós respondemos que não tínhamos feito nada.
Não sei.. É uma pergunta difícil. Acho que somos realmente islandeses, mas não copiamos ninguém. Não havia nenhuma tradição, não somos filhos de nenhuma tradição da Islândia. Mesmo que fôssemos africanos ou de qualquer outro lugar, estaríamos lidando com coisas semelhantes. Agora, no nosso selo, temos cinco bandas islandesas. Elas são muito diferentes umas das outras, e são muito mais jovens que nós. Mesmo assim, as pessoas insistem em dizer que nós todos temos algo em comum, porque somos islandeses. Eu diria que as influências do país não são musicais, mas sim geográficas e sociais. Não há nenhuma tradição musical na Islândia. Eu sei que você não vai acreditar, mas nós não temos uma música folclórica. Os islandeses começaram a escrever livros antes de qualquer outro povo... As sagas vikings, etc. Já a pintura, a dança e a música têm uma história de cinquenta anos, talvez nem isso.