Em entrevista para a rádio islandesa Rás 1, Björk celebrou a volta aos palcos após dois anos. Ela também falou sobre o processo criativo de seu novo álbum!
No período de produção de seu próximo disco, a islandesa conta ter desenvolvido beats que ela sente que se comportam como um "vírus", "que estão parados em determinado momento, mas logo se movimentam":
"A maioria das músicas que fiz no passado, tem 80-90 beats por minuto. Existe uma razão óbvia para isso. É que costumo criar e cantar quando estou caminhando, e eu ando nessa velocidade. Porém, nesse novo álbum, é como uma espécie de ambiente "gelado" na primeira metade da canção, indo em seguida em uma direção mais calma e aconchegante. Quando falta cerca de um minuto para a faixa terminar, ela se transforma em um "clube", apenas por um minuto", explica.
Segundo Björk, esse formato funciona como algo ideal para uma festa em tempos de COVID, que deveriam acontecer de um modo menor, enquanto as restrições são mais rígidas: "É como uma canção para as pessoas que transformaram suas casas em um clube (durante o isolamento), para festejar com outros indivíduos em suas bolhas. Festas em que ficamos apenas de pé batendo o cabelo/headbanging por um minuto, e depois nos sentamos e nos servimos outra taça de vinho. E todos estão em casa antes das dez horas, já tendo terminado tudo naquela noite e tal, até a dança".
Ela também falou de como tem sido sua vida durante a pandemia: "Eu não tenho estado tão animada desde que tinha dezesseis anos de idade. Nunca tive um momento como esses últimos meses. Acordar todos os dias na minha cama, sempre tão surpresa e com os pés no chão, mais calma".
Entretanto, ela reconhece que nem todos estão na mesma situação: "Nós, como islandeses, somos muito sortudos porque estamos indo muito bem em comparação com outras nações que tiveram que lidar com essa doença".
Ela começou a se perguntar o que poderia fazer para ajudar. Decidiu apoiar financeiramente o Abrigo para Mulheres Kvennaathvarfið, que está localizado em Reykjavík, com parte dos lucros das apresentações do show Orkestral. O valor arrecadado deve beneficiar, principalmente, as mulheres de origem estrangeira: "Me informei. Conversei com muitas pessoas. Acabei descobrindo que essa instituição cuida de pessoas que estão nas piores situações. Eles fornecem o apoio mais essencial no que é necessário, especialmente para este grupo vulnerável durante a pandemia".
Björk comentou sobre a participação ativa das pessoas no Black Lives Matter, que além de comparecerem às manifestações de forma presencial, também fizeram suas vozes serem ouvidas muitas vezes tendo apenas o celular como ferramenta: "Foi uma grande revolução. Todo mundo estava preso em casa e poderia simplesmente fazer uma revolução com as palavras no ambiente online".
Digital Score Month: "No momento, temos um pequeno projeto em andamento no selo Smekkleysa. Entrei em contato com muitos amigos da música, principalmente mulheres, e estamos tendo o "Mês da Partitura Digital", já que pode ser muito difícil encontrar partituras para várias das canções islandesas. E muitas dessas mulheres agora estão me enviando as suas".
Quanto ao espetáculo Orkestral, ela diz estar orgulhosa dos arranjos que criou ao longo da carreira, que fazem parte da nova turnê.
Subir ao palco após essa pausa, "foi um choque completo", explicou Björk. Ela costuma dizer que seus shows são variados, mas dessa vez está trabalhando com o mesmo sentimento ao longo dessa jornada, embora o repertório e os músicos dos concertos não sejam os mesmos durante a residência no Harpa Concert Hall.
Sobre o show de 24/10, ela define a experiência da seguinte maneira: "É como uma religião profunda com raízes islandesas". Já em 31/10, apresentando faixas de Vespertine, Volta e Utopia, a singularidade deve ser o brilho do espetáculo.
No concerto de encerramento em 15/11, ao som de Homogenic e Vulnicura, a atmosfera será completamente diferente: "Será puro drama. Vamos chorar por uma hora, pessoal. Serão canções tristes seguidas uma da outra. Teremos de ir a uma festa logo depois para esquecer tudo".
Ela até brincou sobre como irá aparecer no show: "Vou fazer uma tatuagem com rímel, com uma maquiagem ao estilo Alice Cooper e vai ser incrível".
A galera do My Name Isobel Page, traduziu um outro trecho importante dessa entrevista, no qual Björk disse que já terminou o novo álbum: "Vai ser lançado no ano que vem, mas ainda não sei quando".
Entre o time de parceiros, um nome confirmado: "Gravei uma canção com o Hamrahlíð Choir para o meu próximo disco". A própria artista já fez parte desse coral no início de sua jornada musical. Anos depois, a atual geração do grupo a acompanhou em algumas datas da turnê Cornucopia e no show Orkestral. Anteriormente, eles participaram do álbum Utopia.
Foto: Vidar Logi.