Pular para o conteúdo principal

Com shows beneficentes na Islândia, Björk oferecerá apoio aos artistas locais

Foto: Santiago Felipe

Björk
marcou quatro shows do espetáculo Orchestral na Islândia, que serão realizados no Harpa Concert Hall, com transmissão ao vivo online (Saiba mais clicando AQUI). Em nova entrevista ao Fréttablaðið, a artista falou da motivação por trás da série de espetáculos em meio a pandemia, planos para o futuro em sua carreira e pela primeira vez, sobre ser avó! 

Confira a tradução completa

Os próximos concertos acústicos da cantora, são uma espécie de celebração aos 27 anos de colaboração dela com artistas locais, com foco nos arranjos de sua autoria, passeando por canções de toda a discografia. Cada uma das apresentações contará com setlists diferentes. No total, foram escolhidas 44 faixas. Segundo a cantora, a ideia desse projeto surgiu com o livro de partituras que ela lançou em junho de 2017, em parceria com Jónas Sen. A publicação é destinada não só àqueles com experiência profissional, mas também qualquer pessoa que tenha o mínimo de conhecimento musical, com a disponibilização de leituras complexas e também simples. "Minha vontade era realizar esse show desde que lançamos esse livro. Quase fiz isso no ano passado, mas a Cornucopia Tour acabou assumindo o lugar, fazendo com que fosse a minha prioridade. Com o show Orchestral, quero apoiar os músicos islandeses", explicou. 

Em 2022, ela também sairá em turnê com esse espetáculo, como te explicamos AQUI. Ao longo de 2019, Björk tocou em diversas arenas na Europa, e fez uma residência muito bem-sucedida no The Shed, em Nova York: "Foi a maior coisa que já fiz em termos de estrutura e equipe. Demorou muito tempo para que negociássemos com as casas de shows, pois era tudo realmente grandioso". 

Existem planos de que o concerto teatral seja retomado ainda em 2020, mas com a pandemia do Coronavírus, por enquanto, a islandesa não sabe se isso será possível: "Ainda temos esses shows do Cornucopia no Japão, em novembro desse ano. É claro, não sabemos qual será a situação do mundo até lá. Mas se tudo der certo, tentaremos fazer mais alguns em outros países da Ásia, vamos ver como vai ser!". 

Sobre as apresentações beneficentes na Islândia, Björk conta que viu que essa é um boa oportunidade para oferecer empregos para artistas locais, que estão passando por dificuldades financeiras: "Existem muitos músicos desempregados agora. O que geralmente acontece, é que quando uma apresentação assim é desenvolvida, muita gente do setor espera que façam tudo de graça! Mas muitos deles, estão sobrevivendo justamente de tocar ao vivo, pois já não tem qualquer renda com vendas de discos. Talvez pelo meu pai ter sido um líder sindical, estou sempre lutando pela classe artística, quero usar essa ocasião para ajudá-los". 

Oferecer apoio em meio às atuais discussões sobre racismo, é uma das outras prioridades de Björk em sua plataforma. Há alguns dias, ela cedeu suas contas nas redes sociais para jovens ativistas islandesas. Em uma live no Instagram, Chanel Björk Sturludóttir e Diana Rós Breckmann Jónatansdóttir, conversaram sobre o racismo na região e como o Black Lives Matter afeta o país, contando as experiências de mulheres refugiadas na Islândia: "Quero mostrar as cores existentes neste debate, isso é muito importante para mim. Já há muito tempo, venho pensando de que forma podemos resolver esse problema em nosso país. Decidi oferecer meu apoio a uma instituição que cuida de mulheres refugiadas, que acho que está fazendo coisas muito boas, tanto para as de origem estrangeira, tanto para aquelas que agora, durante a pandemia, estão trancadas em suas casas sofrendo ainda mais com a violência doméstica. Isso acontece aqui e em diversas outras partes do mundo!". 

Björk então diz que é um privilégio viver na Islândia, mas, como em outros lugares, nem tudo ali é perfeito, como por exemplo, a forma como alguns recebem os refugiados. Ela lembra o quanto é importante que os islandeses os acolham muito bem: "O coronavírus tem nos ensinado muito, mostrado como precisamos ajudar uns aos outros o quanto pudermos. Já o Black Lives Matter, tem nos levado a repensar nossas atitudes com relação ao racismo, ao respeito e compreensão pelo outro, e a necessidade de maior assistência aos refugiados que tem vindo para cá". 

A Islândia está reabrindo aos poucos após um longo período de quarentena, que obteve sucesso com o apoio da população. Por esse motivo, está autorizada a presença da plateia nos concertos que Björk fará no Harpa Music Hall. As apresentações terão início às 17h (horário local). Aqueles que comparecerem pessoalmente, ainda poderão aproveitar para comprar as comidas que serão comercializadas em um dos espaços da casa de shows. Os lucros obtidos serão destinados a instituições como a que Björk comentou: "Eu sempre quis fazer shows pela parte da tarde. É que existe um foco musical diferente quando fazemos a noite. Durante o dia, me sinto muito mais aberta em relação a energia que o horário nos oferece. Por isso, é uma excelente oportunidade para me apresentar assim. Logo depois, as pessoas poderão se reunir para jantar conosco, aproveitar a paisagem de bom humor e ainda apoiar uma boa causa". 

Foto: Alasdair McLellan

Para a alegria dos fãs de outros países, esses quatro shows de Björk serão transmitidos online no app Dice, com duração de 45min. No entanto, mediante o pagamento de uma taxa, cerca de 15 libras cada (compre AQUI). Acontecerá da seguinte forma: Quem assistir, por exemplo, nos Estados Unidos, pagará uma determinada quantia, que será destinada a uma organização sem fins lucrativos em sua região que também apoie as vítimas de violência doméstica, como a que Björk está ajudando na Islândia (que receberá 20% do valor do stream). Quanto aos músicos locais, o valor do stream também será outra ajuda financeira: "Não seria um problema fazer de graça, mas não vamos ficar com esse dinheiro porque eu quero garantir o futuro deles. Para que possam se apresentar daqui, e ainda receberem por isso. Estou lutando por eles, que agora nem sempre estão conseguindo um emprego". 

Ao contrário do que muitos pensam, Björk sempre morou na Islândia, ainda que tenha se dividido entre outros países ao longo dos anos. Ela está passando mais tempo lá desde que voltou, em fevereiro de 2020: "As pessoas me perguntam com frequência se fui embora daqui, mas sempre fiquei por cerca de 60% do meu tempo, mesmo nos anos 80, isso nunca mudou. Muita gente, acha que estou viajando no exterior, quando na verdade estou me escondendo aqui em casa (risos). Às vezes, vou em Vesturbæjarlaug. Caso contrário, estou em casa". 

Muitos não sabem, mas Björk já é vovó: “O papel de avó é uma das melhores coisas que a vida tem para nos oferecer. Agora entendo o que os meus avós sempre me diziam, é pura alegria e uma simples felicidade. Minha família está maior, ficamos muito juntos nesse período. Foi como abrir um restaurante na minha casa. Geralmente, as pessoas vão à escola e trabalham, mas, de repente, começou a ser necessário preparar três refeições diferentes todos os dias da semana. Sinto que acabei de me transformar em uma super senhora dona de casa. Não tenho do que reclamar!". 

Björk fala sobre o show, nos stories do Instagram (Foto: Reprodução)

Sobre as consequências de se viver em confinamento, ela fala do quão este momento é incomum para todos, que certamente as pessoas estão experimentando a ansiedade em um nível diferente: “Minha filha está se formando em uma escola de Nova York, com oito horas por dia de aulas online. Deu para perceber que lá, a situação era diferente (com relação ao vírus). (Com a pressão), alguns jovens chegavam a chorar no aplicativo Zoom, pois conheciam alguém que havia ficado doente, uma situação obviamente muito ruim. Minha filha tinha vergonha de lhes dizer que passeava na praia durante os intervalos, enquanto seus colegas de classe estavam presos em casa sem poder sair. Temos muita sorte de estarmos aqui na Islândia. Provavelmente, todos nós já experimentamos algo angustiante neste momento, que nos causou certa ansiedade". 

Foto: Alasdair McLellan

Sempre compondo, Björk diz que está sim criando um novo material, mas devagar. Ela revela que já tem algumas coisas inéditas, mas não espera liberá-las ao público imediatamente: "Realmente não importa o que acontece na minha vida, sempre sigo esse ritmo. Consegui fazer algo no mês passado, trabalhei em algumas coisas com o Bergur Þórisson, um musicista aqui da Islândia. Ele ficou de quarentena comigo, vinha pelo menos duas vezes por semana. Nossa colaboração já dura uns seis anos, então foi ótimo poder passar um tempo com ele nesse momento. Não lançarei álbum novo este ano, talvez esteja pronto no próximo. Não ouso prometer nada, mire em 2021 ou 2022". 

Björk sempre afirmou ser uma grande nerd musical, e diz costumar ouvir uma variedade de canções: "Estou constantemente ouvindo música e encontrando coisas novas, crio playlists diferentes para diferentes tipos de humor. No momento, tenho escutado bastante Cyrillus Kreek e Emilie Nicolas. Também ouço muito Aron Can, provavelmente sou sua maior fã aqui na Islândia. Sou muito grata, pois quando crio a minha própria música, não sou muito afetada por aquilo que estou ouvindo no momento. Por exemplo, durante o tempo em que compus na Espanha (para Homogenic), não lancei um álbum de flamenco. O meu namorado na época, era um dos pioneiros dos novos sons de bateria e baixo, mas isso não influenciou o disco; Quando estive produzindo em Porto Rico, Biophilia não se tornou um álbum de reggaeton". Ela explica que sempre se vigiou para não ser influenciada pela região em que está gravando, tentando não pegar elementos da cultura nem ao menos sair para fazer compras. Garante que é uma questão de querer, musicalmente, ser influenciada pelo espírito daquele ambiente no momento, e não por sua cultura musical. 

“Atualmente, estou trabalhando em várias coisas. Em colaboração com vários setores aqui na Islândia, eu gostaria de criar um banco de dados online, no qual as pessoas poderiam comprar 'notas' de qualquer música. Tenho versões de todos os tipos de instrumentos musicais, que precisam ser reunidos em um só lugar, mas esse projeto ainda está em desenvolvimento". 

Durante o verão, Björk investirá seu tempo nos ensaios do show Orchestral. Ela também pretende visitar seu novo amado: "O meu namorado é meio iraniano e meio alemão; e mora nos Alpes. Ele também estava comigo aqui na Islândia (na quarentena). Agora vou focar um pouco no trabalho, para depois ir visitá-lo". 

Postagens mais visitadas deste blog

Björk explica antiga declaração sobre bissexualidade

- Anos atrás, falando em sexualidade fluida, você declarou que escolher entre um homem e uma mulher seria como "escolher entre bolo e sorvete". O que você acha disso hoje? "Acho que foram os anos 90, mas é uma frase tirada de contexto. Era um discurso muito maior. Ainda acredito que somos todos bissexuais em certo grau, cerca de 1%, cerca de 50% ou 100%, mas nunca compararia gênero com comida, isso seria desrespeitoso. Havia muitos repórteres homens na época, que queriam me pintar como uma "elfo excêntrica". Eles colocavam palavras na minha boca que eu não disse. Infelizmente, não havia muitas jornalistas mulheres. A boa notícia é que agora as coisas mudaram muito! É um mundo totalmente diferente, não comparável [ao da época]. Felizmente, muito mais mulheres escrevem artigos e há mais musicistas". - Björk em entrevista para Vanity Fair, março de 2023.

Nos 20 anos de Vespertine, conheça as histórias de todas as canções do álbum lendário de Björk

Vespertine está completando 20 anos ! Para celebrar essa ocasião tão especial, preparamos uma super matéria . Confira detalhes de todas as canções e vídeos de um dos álbuns mais impressionantes da carreira de Björk ! Coloque o disco para tocar em sua plataforma digital favorita, e embarque conosco nessa viagem.  Foto: Inez & Vinoodh.  Premissa:  "Muitas pessoas têm medo de serem abandonadas, têm medo da solidão, entram em depressão, parecem se sentir fortes apenas quando estão inseridas em grupos, mas comigo não funciona assim. A felicidade pode estar em todas as situações, a solidão pode me fazer feliz. Esse álbum é uma maneira de mostrar isso. "Hibernação" foi uma palavra que me ajudou muito durante a criação. Relacionei isso com aquela sensação de algo interno e o som dos cristais no inverno. Eu queria que o álbum soasse dessa maneira. Depois de ficar obcecada com a realidade e a escuridão da vida, de repente parei para pensar que inventar uma espécie de paraí

Debut, o primeiro álbum da carreira solo de Björk, completa 30 anos

Há 30 anos , era lançado "Debut", o primeiro álbum da carreira solo de Björk : "Esse disco tem memórias e melodias da minha infância e adolescência. No minuto em que decidi seguir sozinha, tive problemas com a autoindulgência disso. Era a história da garota que deixou a Islândia, que queria lançar sua própria música para o resto do mundo. Comecei a escrever como uma estrutura livre na natureza, por conta própria, na introversão". Foi assim que a islandesa refletiu sobre "Debut" em 2022, durante entrevista ao podcast Sonic Symbolism: "Eu só poderia fazer isso com algum tipo de senso de humor, transformando-o em algo como uma história de mitologia. O álbum tem melodias e coisas que eu escrevi durante anos, então trouxe muitas memórias desse período. Eu funcionava muito pelo impulso e instinto". Foto: Jean-Baptiste Mondino. Para Björk, as palavras que descrevem "Debut" são: Tímido, iniciante, o mensageiro, humildade, prata, mohair (ou ango

20 anos de Homogenic

Em  22 de Setembro de 1997 , Björk lançou mais um álbum icônico para a sua coleção que já era repleta de clássicos.  Pegue seus fones de ouvido e escolha sua plataforma musical preferida  e acompanhe uma  matéria especial  sobre os  20 anos de  " Homogenic ".   Comercial do álbum CURIOSIDADES: - O disco  foi gravado no estúdio "El Cortijo" de Trevor Morais, localizado no sul da  Espanha .  - Para a edição japonesa de "Homogenic",   "Jóga (Howie B Version)", "Immature" (Björk’s Version), "So Broken", "Nature Is Ancient" e "Jóga (Alec Empire Mix)" serviram de bônus track. - "Jóga"  também é o nome de uma das melhores amigas de Björk. -  As letras em braille na capa e no encarte do  CD single/Boxset  de "Alarm Call" não significam absolutamente nada. - Um  livro especial  em comemoração aos 20 anos de "Homogenic" será lançado em Outubro deste ano.  -

35 anos de Sugarcubes, a banda que lançou Björk ao sucesso internacional

Em 8 de junho de 1986 , o Sugarcubes surgia na Islândia, bem no dia do nascimento do 1º filho de Björk . O grupo musical deu projeção internacional para a artista. Eles lançaram três discos e estiveram em atividade até 1992. Em 2006, a banda se reuniu pela última vez para uma apresentação, em Reykjavík . Os integrantes já tinham formado projetos de música punk ao lado de Björk. Inicialmente, eles desenvolveram o selo Smekkleysa ( Bad Taste ), com o lançamento de uma série de projetos musicais e literários. Na intenção de conseguir dinheiro para a criação dessas obras, os membros perceberam que precisavam de uma ferramenta que chamasse a atenção do grande público. A partir disso, tiveram a ideia de formar uma banda: "A gente se divertia! A música era algo secundário, então não tínhamos essa grande ambição musical de ser algo brilhante. Tivemos a chance de viajar o mundo e ver como outras bandas funcionavam, o que me ensinou muito. A fama não estava nos nossos planos, mas ao mesm