Em 13 de novembro, Björk participou da conferência online Artificial Intelligence Expo of Applications (AIXA). Durante o bate-papo, que contou com a presença do cineasta Luca Guadagnino e do diretor artístico/curador Andrea Lissoni, ela falou rapidamente sobre a criação de seu próximo álbum:
"Sim, com certeza passo muito tempo compondo. Em cada um dos meus discos, gosto de me surpreender durante o processo criativo. Percebo minha voz como algo controlado pela natureza, o lado biológico. Então, para mim, escrever uma canção é tipo: "Oh, agora vou fazer algo que nunca fiz antes!".
Com relação ao estilo do ritmo, é como resolver o mistério de um assassinato. Aliás, estou exatamente nesse estágio para o meu próximo álbum. Tenho trabalhado nisso, mas não se pode decidir nem tão cedo nem tão tarde, pois é como matar uma das etapas. Tem que estar no território do subconsciente, sabe?
Com a situação que o mundo está enfrentando no momento, estamos todos tentando nos manter centrados. Acredito que com o tipo de trabalho que faço, se isso não for feito então não há nada a oferecer aos outros.
Quando eu era jovem e participava de bandas punks, não ligava muito para as letras, apenas ficava lá cantando, gritando como um animal. Agora, tantos anos depois, costumo ter, por exemplo, sete versos de letras e cinco para o instrumental em cada canção minha. Ao mesmo tempo, meio que tenho um problema com o meu cérebro, me convencendo que a música em si é mais importante que a poesia, aprendendo a não ter páginas e páginas de letras, resumindo tudo no que é a essência daquela faixa.
Com essa quarentena, todos os prazos que eu tinha em mente para os meus trabalhos já não existem. Tem algo que acho que os músicos precisam entender muito cedo: não podemos planejar todas as coisas. O medo do desconhecido é algo que aprendemos a conviver. Sem fazer tudo aos poucos como há um ano, agora tenho ainda mais tempo para trabalhar nas camadas, deixando de lado por um momento o instrumental, torcendo que as letras vençam a disputa".
Em junho, durante entrevista ao Fréttablaðið, Björk disse que segue criando um novo material, mas devagar. Ela revelou que já tem algumas coisas inéditas, mas que não espera liberá-las ao público imediatamente: "Realmente não importa o que acontece na minha vida, sempre sigo esse ritmo. Consegui fazer algo no mês passado, trabalhei em algumas coisas com o Bergur Þórisson, um musicista aqui da Islândia. Ele ficou de quarentena comigo, vinha pelo menos duas vezes por semana. Nossa colaboração já dura uns seis anos, então foi ótimo poder passar um tempo com ele nesse momento. Não lançarei álbum novo este ano. Não ouso prometer nada, mire em 2021 ou 2022".
Fãs do fórum bjorkfr observaram que tudo indica que Jake Miller, um dos responsáveis pelo áudio do show Cornucopia, também está envolvido no projeto. Em seu site oficial, ele incluiu o nome de Björk em sua lista de parcerias, indicando que é algo ainda a ser lançado. Na bio do Instagram, escreveu: "Eu sou o engenheiro de som de Björk". Aliás, James Merry o segue na rede social.
Anteriormente, Miller trabalhou nos vocais da islandesa para Afterwards, dueto com Arca. No passado, ele colaborou com Guy Sigsworth, Leila Arab e Sindri Eldon Þórsson.
Foto: Mert Alas et Marcus Piggott (2020).