Pular para o conteúdo principal

James Merry comemora uma década de projetos com Björk

Foto: Loll Willems

"Cornucopia chegou a uma escala de espetáculo que nunca fizemos antes. Existem diferentes camadas, telas em movimento, a coreografia e novos visuais acontecendo. É um empreendimento enorme e estou realmente orgulhoso do resultado. Por razões ambientais, estamos viajando principalmente de trem, mas é muito melhor. Eu tenho uma fobia séria para voar de avião, é algo que acaba comigo!", explica James Merry, colaborador de Björk, em nova entrevista para a Dazed.

Apesar de se descrever como uma criança criativa, Merry diz que se tornou um artista de verdade somente depois de conhecer Björk. O trabalho deles juntos já dura uma década! Hoje, James vive na Islândia a poucos metros da casa da cantora. Ele descreve suas primeiras máscaras, inspiradas em borboletas, mais como um papel de administrador. 

“A primeira máscara que fiz para Björk foi em látex; parecia um pouco com uma arraia, e na verdade era um presente de aniversário meu para ela. Fizemos duas capas diferentes para o álbum Vulnicura: uma com Inez e Vinoodh e outra com Andrew Thomas Huang. A capa do Huang veio de uma gravação na Islândia no dia do aniversário da Björk, que se tornou o vídeo Moving Cover de Family. A Björk acabou usando a máscara que fiz. No festival Governors Ball, em Nova York, ela vestiu um vestido em forma de mariposa da Nikoline Liv Anderson. Ela estava procurando por uma máscara para usar também. Na época, nos enviávamos um para o outro muitas fotos de mariposas. Foi a primeira vez que ela se apresentou com uma produção minha no palco. Bordei a peça no meu quarto. 

No início, eu disse a ela que faria uma nova máscara antes de cada show, o que cumpri, mas era demais! Às vezes, encontrar e testar um material que dê certo leva meses e meses. Em algumas ocasiões, eu chegava ao hotel dias antes do espetáculo, montava um pequeno estúdio lá mesmo e ficava umas duas noites sem dormir preparando tudo. O processo varia entre dois extremos, mas vejo a construção de máscaras como se fossem frutas: nosso trabalho diário é ser como uma espécie de árvore, com as raízes e os galhos para criá-las. Às vezes, esses acessórios surgem como pequenos bônus". 

A primeira colaboração de Björk e James Merry juntos foi no que veio a se tornar o Biophilia, ainda em 2009. Desde então, ele tem sido co-diretor criativo dela em diversos projetos visuais, incluindo o novo show: “Foi o meu primeiro projeto significativo com ela. Montamos uma equipe! Até hoje, tudo aquilo ainda me é emocionante e atual; foi a minha primeira vez viajando por toda parte do mundo. Minha formação é acadêmica, então gosto muito da área da pesquisa. Mesmo com coisas criativas, metade da diversão é pesquisar um osso, uma flor, um cogumelo. Lembro que em um determinado momento, Björk queria escrever uma música com um pêndulo magnético, então montei um na garagem da minha casa! Na verdade, eu morava em Porto Rico, tínhamos uma pequena base de pesquisa sobre o Biophilia bem perto da praia, e vários amigos e colaboradores também eram de lá". 

Com a Björk Digital, essa parceria começou a rodar o mundo paralelo aos shows. Até fevereiro de 2020, a mostra fica em cartaz no CCBB Brasília (saiba mais clicando AQUI)! 

“A equipe da Björk é muito pequena. Uma coisa bem punk, do estilo "faça você mesmo", portanto somos todos muito bons em assumir papéis diferentes. Com a exposição, tínhamos vídeos de realidade virtual em desenvolvimento, mas poucas pessoas tem os fones de ouvido necessários para essa experiência. Eu jogo muitos games de computador e tenho conhecimento técnico, mas também não tenho um desses VRs, então a mostra tem sido uma maneira de permitir que as pessoas experimentem tudo isso pela primeira vez. 

Em quase todas as cidades, lançamos algo novo. É incrível, as pessoas choram e conversam com a Björk durante a exibição do material. Como fã, é uma maneira única de ter um show particular. Alguns dos vídeos em 360​​°, deixam a Björk a vinte e cinco centímetros do rosto de quem está assistindo. Não tínhamos calculado que teríamos tantas reações, é muito legal de acompanhar!". 

O bordado: “No Vulnicura, a Björk me disse que o bordado é uma das referências da textura do conteúdo do álbum. Para o Utopia, fiz muitas peças novas, comecei a explorar novos tipos de artesanatos. Uma dessas possibilidades é esculpir, fundir e pintar silicone à mão. Tem também uma forma de cortar e polir metais. Eu estive na sessão de fotos das capas de Biophilia e Vulnicura, mas fiquei muito mais envolvido na desse novo álbum. Éramos só eu, a Björk e o Jesse Kanda. A imagem final é bem incrível e chocante, e eu adoro isso. De antemão, tínhamos feitos algumas sessões de maquiagem com a Hungry. Björk usou uma das minhas máscaras e também uma peruca, com o penteado que ela mesma imaginou para sua personagem do álbum. Ela sempre tem referências visuais muito específicas, e sabe como alimentar todas essas sementes, mas permite que cultivemos nossas próprias plantas. Björk é totalmente sobre nutrir e trazer o melhor de cada um de nós". 

Novos filtros de Instagram: "Para as entrevistas filmadas, eu costumo criar uma nova máscara para a Björk usar. Mas quando ela participou de sessões de perguntas e respostas dos fãs em lives no perfil da Dazed (relembre AQUI e AQUI), pensei que seria legal fazer isso digitalmente. E é algo que os fãs podem ter acesso para também usarem. Nessas nossas viagens de trem, estou trabalhando em um novo filtro que espero lançar antes do Natal. Realmente quero fazer versões digitais de todas as minhas máscaras!". 


Postagens mais visitadas deste blog

A história do vestido de cisne da Björk

20 anos! Em 25 de março de 2001 , Björk esteve no Shrine Auditorium , em Los Angeles, para a 73º edição do Oscar . Na ocasião, ela concorria ao prêmio de "Melhor Canção Original" por I've Seen It All , do filme Dancer in the Dark , lançado no ano anterior.  No tapete vermelho e durante a performance incrível da faixa, a islandesa apareceu com seu famoso "vestido de cisne". Questionada sobre o autor da peça, uma criação do  fashion   designer macedônio  Marjan Pejoski , disse: "Meu amigo fez para mim".    Mais tarde, ela repetiu o look na capa de Vespertine . Variações também foram usadas muitas vezes na turnê do disco, bem como em uma apresentação no Top of the Pops .  "Estou acostumada a ser mal interpretada. Não é importante para mim ser entendida. Acho que é bastante arrogante esperar que as pessoas nos compreendam. Talvez, tenha um lado meu que meus amigos saibam que outros desconhecidos não veem, na verdade sou uma pessoa bastante sensata.  ...

Saiba tudo sobre as visitas de Björk ao Brasil

Relembre todas as passagens de Björk por terras brasileiras! Preparamos uma matéria detalhada e cheia de curiosidades: Foto: Reprodução (1987) Antes de vir nos visitar em turnê, a cantora foi capa de algumas revistas brasileiras sobre música, incluindo a extinta  Bizz,  edição de Dezembro de 1989 . A divulgação do trabalho dela por aqui, começou antes mesmo do grande sucesso e reconhecimento em carreira solo, ainda com o  Sugarcubes . 1996 - Post Tour: Arquivo: João Paulo Corrêa SETLIST:  Army of Me One Day The Modern Things Venus as a Boy You've Been Flirting Again Isobel Possibly Maybe I Go Humble Big Time Sensuality Hyperballad Human Behaviour The Anchor Song I Miss You Crying Violently Happy It's Oh So Quiet.  Em outubro de 1996, Björk finalmente desembarcou no Brasil , com shows marcados em São Paulo (12/10/96) e no Rio de Janeiro (13/10/96) , como parte do Free Jazz Festival . Fotos: ...

Sindri Eldon explica antigo comentário sobre a mãe Björk

Foto: Divulgação/Reprodução.  O músico Sindri Eldon , que é filho de Björk , respondeu as críticas de uma antiga entrevista na qual afirmou ser um compositor melhor do que sua mãe.  Na ocasião, ele disse ao Reykjavík Grapevine : "Minha principal declaração será provar a todos o que secretamente sei há muito tempo: que sou melhor compositor e letrista do que 90% dos músicos islandeses, inclusive minha mãe".  A declaração ressurgiu no Twitter na última semana, e foi questionada por parte do público que considerou o comentário uma falta de respeito com a artista. Na mesma rede social, Sindri explicou:  "Ok. Primeiramente, acho que deve ser dito que isso é de cerca de 15 anos atrás. Eu era um idiota naquela época, bebia muito e estava em um relacionamento tóxico. Tinha um problema enorme e realmente não sabia como lidar com isso. Essa entrevista foi feita por e-mail por um cara chamado Bob Cluness que era meu amigo, então as respostas deveriam ser irônicas e engraçadas...

A admiração de Björk pelo trabalho de Thom Yorke

"Eu tenho muito respeito por Thom Yorke . Ele é bastante tímido e não revela tanto de si mesmo. É por isso que é difícil para mim explicar como ele é. Não consigo lhe fazer justiça. É uma pessoa especial que quando entra em um ambiente, afeta tudo de uma forma positiva. Admiro a grande lealdade que tem pelo Radiohead . Ele se vê como um membro e compositor da banda. Seu trabalho é baseado na comunicação e compreensão. É alguém pé no chão e nem um pouco egocêntrico. Trabalhamos juntos em I’ve Seen It All por uns quatro dias. Sou muito grata por isso. Foi uma experiência maravilhosa".  "Eu já o conhecia há algum tempo. Estávamos apenas esperando a ocasião certa para fazermos algo juntos. O convidei quando percebi que finalmente tinha uma música que merecia sua voz, porque ele é definitivamente o meu cantor favorito no mundo. Sendo o tipo de cara que é, sem qualquer comportamento artificial do show business , insistiu que aparecesse no estúdio para que gravássemos juntos...

Nos 20 anos de Vespertine, conheça as histórias de todas as canções do álbum lendário de Björk

Vespertine está completando 20 anos ! Para celebrar essa ocasião tão especial, preparamos uma super matéria . Confira detalhes de todas as canções e vídeos de um dos álbuns mais impressionantes da carreira de Björk ! Coloque o disco para tocar em sua plataforma digital favorita, e embarque conosco nessa viagem.  Foto: Inez & Vinoodh.  Premissa:  "Muitas pessoas têm medo de serem abandonadas, têm medo da solidão, entram em depressão, parecem se sentir fortes apenas quando estão inseridas em grupos, mas comigo não funciona assim. A felicidade pode estar em todas as situações, a solidão pode me fazer feliz. Esse álbum é uma maneira de mostrar isso. "Hibernação" foi uma palavra que me ajudou muito durante a criação. Relacionei isso com aquela sensação de algo interno e o som dos cristais no inverno. Eu queria que o álbum soasse dessa maneira. Depois de ficar obcecada com a realidade e a escuridão da vida, de repente parei para pensar que inventar uma espécie de p...